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Estado de Minas POL�TICA

Petrobras avalia cortar patroc�nios


postado em 07/02/2019 11:00

As mudan�as na pol�tica cultural e de publicidade prometidas pelo presidente Jair Bolsonaro no per�odo eleitoral chegaram � Petrobras. A empresa avalia romper contratos firmados nos governos anteriores, principalmente com grandes grupos de teatro e cinema e com a imprensa profissional. Na nova gest�o, o dinheiro deve ir para as redes sociais e artistas menos conhecidos, segundo apurou o Estad�o/Broadcast.

A decis�o foi mal recebida internamente por executivos da �rea de comunica��o, que interpretaram a medida como interfer�ncia pol�tica e ideol�gica. Um deles chegou a entregar o cargo. A principal reclama��o � uma suposta falta de crit�rio para definir os novos beneficiados. At� ent�o, o foco eram projetos alinhados com a imagem que a empresa pretende transmitir aos seus consumidores - de inova��o, alto potencial e capacidade t�cnica �nica. Com esse prop�sito, a petroleira patrocinou mais de 4 mil projetos culturais desde 2003, quando foi criado o Programa Petrobras Cultural, que passou a ser a maior sele��o p�blica do tipo no Pa�s.

Juntas, as �reas de cultura e imprensa consumiram quase R$ 160 milh�es da estatal no ano passado. Os gastos com publicidade foram de cerca de R$ 120 milh�es e com patroc�nios culturais, de R$ 38 milh�es. A empresa, por meio de sua assessoria de imprensa, respondeu apenas que "est� revisando sua pol�tica de patroc�nios e seu planejamento de publicidade". "Os contratos atualmente em vigor est�o com seus desembolsos em dia", afirma a assessoria.

Na mira dos cortes est�o contratos ainda vigentes, firmados com grupos culturais de grande visibilidade que recebem verba da estatal h� anos. � o caso das companhias de teatro Galp�o, de Minas Gerais, que possui contrato ativo de R$ 4,2 milh�es at� abril de 2020, e Poeira (R$ 1 milh�o at� fevereiro de 2019), do Rio de Janeiro; da Companhia de Dan�a Deborah Colker (R$ 4,9 milh�es at� junho de 2020), do Rio; al�m da Casa do Choro (R$ 950 mil at� mar�o de 2019), no Rio, e o Festival de Cinema do Rio (R$ 750 mil at� mar�o de 2019).

Ao todo, a Petrobras tem contratos de patroc�nio ativos firmados em gest�o e governos anteriores que somam R$ 3,5 bilh�es, segundo dados divulgados em seu site. Alguns deles se estendem at� 2021.

A migra��o da verba de cultura e publicidade para as redes sociais e artistas de menor visibilidade j� estava decidida. Diante das diverg�ncias internas e alertas para os riscos jur�dicos, por�m, o tema voltou a ser discutido pelos advogados da empresa, que se sustentam no argumento de corte de custos para justificar as mudan�as.

A decis�o estava encaminhada a ponto de a �rea t�cnica come�ar a ligar para os respons�veis dos projetos com contratos vigentes para avis�-los da reavalia��o dos patroc�nios. Pelo menos um deles chegou a ser informado de uma poss�vel suspens�o do repasse da verba. Mas, preocupada com questionamentos na Justi�a, a empresa resolveu reavaliar o tema. O martelo ser� batido no pr�ximo dia 12, quando acontecer� nova reuni�o para decidir a dimens�o das mudan�as.

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Entre os patrocinados, o clima � de expectativa. No meio publicit�rio, � de descren�a de que a Petrobras ser� capaz de alterar sua pol�tica de comunica��o t�o radicalmente. Os publicit�rios j� estavam acostumados com a transforma��o do perfil de gastos da petroleira na �ltima d�cada, per�odo em que estatal realocou parte do dinheiro que era gasto com m�dias tradicionais, como TV e jornais, para a internet, e, com isso, incluiu as redes sociais e ve�culos menos tradicionais entre os agraciados com or�amentos.

De 2008 a 2017, a verba destinada a sites saltou de R$ 2,4 milh�es para R$ 33,2 milh�es. No mesmo per�odo, o dinheiro para emissoras de televis�o aberta minguou de R$ 133 milh�es para R$ 59 milh�es. Ainda assim, os ve�culos tradicionais de comunica��o nunca chegaram a sair do radar da empresa.

As sinaliza��es de mudan�a surgiram antes mesmo de Bolsonaro tomar posse. Em dezembro, pelo Twitter, j� eleito, o presidente antecipou que promoveria um r�gido controle das concess�es feitas por meio da Lei Rouanet. Em sua opini�o, "h� um claro desperd�cio" de recursos que poderiam ser aplicados em outras �reas.

Nos primeiros dias do mandato, o governo cancelou um contrato de R$ 30 milh�es com a assessoria de imprensa CDN, que cuidava do Pal�cio do Planalto no exterior. Cortes nas verbas de publicidade da Caixa e do Banco do Brasil tamb�m foram anunciados. Segundo afirmou Bolsonaro nas redes sociais, esses gastos s�o "uma irresponsabilidade em detrimento das reais demandas dos brasileiros e do Estado".

Expectativa

A Companhia de Dan�a Deborah Colker, o grupo teatral Galp�o, a Orquestra Petrobras Sinf�nica e o Grupo Corpo, de dan�a, esperam n�o sofrer mudan�as no patroc�nio da Petrobras. "Isso porque, no ano passado, cada um acertou novos contratos, alguns com vig�ncia at� 2020", afirma Jo�o Elias, diretor executivo de Cia. Deborah Colker. "Mas, se isso acontecer, esperamos que seja apenas uma revis�o dos acordos, com altera��o nas cifras ou no tempo de validade."

Elias considera que, se houver modifica��o no contrato, ter� de ser de interesse m�tuo. "Pode acontecer de, por exemplo, proporem uma redu��o do valor, mas um aumento na dura��o. A�, fa�o as contas e vejo se interessa para a companhia."

Desde 2000 na Cia. de Dan�a, ele acredita que um dos motivos das mudan�as programadas pela Petrobras no sistema de patroc�nio � resqu�cio do per�odo eleitoral. "Ainda n�o se desarmou o esp�rito de briga que polarizou a campanha do ano passado."

O investimento na �rea cultural feito pela Petrobras vem diminuindo com o passar dos anos. O grupo Teatro da Vertigem afirma que desde a gest�o de Michel Temer n�o consegue renovar o contrato que foi encerrado no fim de 2018. "Por conta das elei��es, a Petrobras informou que as renova��es seriam negociadas posteriormente. O que n�o aconteceu", diz a integrante Eliane Monteiro.

Na �rea de literatura, escritores lamentam a possibilidade do fim de investimentos como o pr�mio Petrobras Cultural de Cria��o Liter�ria. "Sem esse apoio eu dificilmente teria escrito os livros Guia de Ruas Sem Sa�da e Noite Dentro da Noite", afirma o escritor Joca Reiners Terron. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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