As suspeitas que cercam o ministro-chefe da Secretaria-Geral, Gustavo Bebianno, t�m deixado aliados preocupados no Congresso. Parlamentares da base e da oposi��o afirmam que o in�cio de uma crise moral pode afetar as articula��es no parlamento. No PSL, legenda do presidente Jair Bolsonaro, j� h� integrantes que defendem a exonera��o do ministro. Eles entendem que o chefe do Executivo precisa resolver logo a situa��o, que tem minado o discurso anticorrup��o adotado nas elei��es. Caso decida manter Bebianno no cargo, e as suspeitas aumentem, o governo pode ver perdurar a crise, avaliam deputados. E se exoner�-lo, o Executivo ter� de lidar com a primeira baixa de um membro pr�ximo ao presidente em um m�s e meio de gest�o.
Nas duas primeiras sess�es deliberativas deste in�cio de legislatura, a sintonia do PSL e do Pal�cio do Planalto se mostrou fr�gil, enfatiza um membro da legenda. Parlamentares da sigla chegaram ao ponto de reivindicar altera��es no projeto que tratava do congelamento imediato de bens de supostos terroristas, defendido pelo ministro da Justi�a, S�rgio Moro.
''Temos seis ministros investigados por corrup��o. O resultado disso tudo � um estelionato eleitoral''
Fernanda Melchionna, deputada do PSol
Segundo um deputado do PSL, que pediu anonimato, a situa��o vivida por Bebianno tem intensificado o clima “beligerante” entre a oposi��o e a situa��o e criado um ambiente pesado no Congresso. O receio � de que o presidente comprometa o discurso anticorrup��o. “Bolsonaro se elege com esse discurso, a� aparece o problema do filho (Fl�vio) que ainda n�o est� explicado. A�, aparecem essas suspeitas de laranjas na gest�o do Bebianno. Ele (Bolsonaro) vai precisar investigar e tomar as medidas corretas, caso contr�rio, pode comprometer o governo”, afirma o parlamentar.
O congressista ressalta, no entanto, que a quest�o da sa�de do presidente, que o manteve no hospital por 17 dias, pode ter contribu�do com essa instabilidade inicial. Agora, com o retorno dele ao Planalto, a condu��o dos problemas pode melhorar. “Ele saiu de uma situa��o dram�tica do hospital. Teve de tudo. � preciso dar um desconto ao Bolsonaro”, ponderou o pesselista.
O l�der da legenda na C�mara, Delegado Waldir (GO), frisa que o trabalho de Bebianno na campanha foi “fundamental” para eleger o presidente. “Se houver demiss�o, ser� uma injusti�a”, defende.
O deputado Heitor Freire (PSL-CE) tamb�m saiu em defesa de Bebianno. Segundo ele, o ministro � um homem “�ntegro, s�rio e de reputa��o ilibada”.
Preju�zos � pauta
Mesmo acreditando que a situa��o vai melhorar, a deputada Celina Le�o (PP-DF), integrante da base governista, conta que a crise tem deixado os parlamentares em uma condi��o “dif�cil”. “A avalia��o de todo mundo � de que a gente n�o consegue avan�ar na pauta”, diz.
A deputada Mara Rocha (PSDB-AC) lamenta o clima de polariza��o no Congresso nas �ltimas duas semanas, intensificado pelas suspeitas. Ela entende que o parlamento tem deixado de tratar de temas importantes devido a esse conflito. “Temos tido dias improdutivos como o de hoje (ontem). Estamos vivendo um Big Brother”, critica.
Na quarta-feira, parlamentares do PSol protocolaram um pedido de convoca��o para que Gustavo Bebianno d� explica��es na C�mara. No entanto, a solicita��o tem de ser avaliada pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia, que pode lev�-la ou n�o a plen�rio. “Temos seis ministros investigados por corrup��o. O resultado disso tudo � um estelionato eleitoral. O tema envolve as lideran�as do PSL e esbarra em duas quest�es dif�ceis: o fundo partid�rio e a participa��o das mulheres. Os recursos enviados � candidata que n�o existe n�o foram encontrados at� agora”, ressalta Fernanda Melchionna (PSol-RS).