
O primeiro depoente ouvido sobre o caso das movimenta��es suspeitas entre funcion�rios do gabinete de Fl�vio Bolsonaro (PSL) na Assembleia Legislativa do Rio, Agostinho Moraes da Silva, admitiu ao Minist�rio P�blico fluminense que depositava, todos os meses, cerca de dois ter�os de seu sal�rio na Casa na conta de Fabr�cio Queiroz, ex-assessor do parlamentar, agora senador.
O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) constatou que Queiroz teve movimenta��es at�picas - e incompat�veis com a renda - de R$ 1,2 milh�o em uma conta de janeiro de 2016 a janeiro de 2017.
Segundo Silva relatou em depoimento prestado em 11 de janeiro, ao qual a reportagem teve acesso, todos os meses, assim que o sal�rio da Assembleia era depositado em sua conta, ele fazia uma transfer�ncia eletr�nica para a conta do ex-assessor, sempre no valor aproximado de R$ 4 mil. O depoente, que, assim como Queiroz, � policial militar, disse que ganhava aproximadamente R$ 6 mil por m�s como assessor de Fl�vio. Al�m disso, ele recebia mais R$ 8.500 l�quidos como subtenente da Pol�cia Militar.
O policial alegou aos promotores do Grupo de Atribui��o Origin�ria Criminal da Procuradoria-Geral de Justi�a que as transfer�ncias eram investimentos em atividade empresarial desempenhada por Queiroz: compra e venda de ve�culos. Silva disse ainda que Queiroz lhe devolvia, sempre, de R$ 4.500 a R$ 4.700, em esp�cie, como retorno do neg�cio, em aproximadamente um m�s.
Silva n�o apresentou documentos que comprovassem suas afirma��es. Elas convergiram com declara��es do pr�prio Queiroz que, em entrevista ao SBT, afirmou que ganhava dinheiro comprando e vendendo carros usados - tamb�m sem mostrar provas dessas negocia��es. O ex-assessor nunca dep�s nas investiga��es. Ele faltou a quatro depoimentos marcados com o Minist�rio P�blico. Alega problemas de sa�de - est� em tratamento de um c�ncer.
Silva n�o explicou por que recebia em dinheiro vivo o retorno do investimento. Tamb�m afirmou que n�o declarou no Imposto de Renda ganhos na atividade de Queiroz. O depoente disse que a pr�tica era vantajosa "na medida em que lhe retornava um valor maior do que seria em caso de investimentos banc�rios tradicionais".
Despesas
Ele afirmou ainda que pagava suas despesas com dinheiro em esp�cie e, al�m disso, como tinha muitos gastos no cart�o de cr�dito, usava os valores que recebia de Queiroz para quitar as faturas e as contas de condom�nio de sua resid�ncia. Silva disse acreditar que Fl�vio n�o sabia das atividades de Queiroz "por ser uma pessoa muito transparente".
O policial militar afirmou ainda n�o ter conhecimento da exist�ncia de "funcion�rios fantasmas" no gabinete de Fl�vio, e que n�o sabia que as filhas de Queiroz, Nathalia e Evelyn, e sua mulher, M�rcia Aguiar, eram assessoras do filho do presidente Jair Bolsonaro. Declarou tamb�m n�o conhecer Raimunda Veras, assessora de Fl�vio que tamb�m fez dep�sitos na conta de Queiroz.
Silva disse que foi indicado para trabalhar no gabinete do ent�o deputado estadual por Queiroz e era lotado l� desde 2007. Admitiu que n�o comparecia � Assembleia regularmente, n�o precisava bater ponto e realizava atividades externas determinadas pelo gabinete.
O depoente afirmou que sempre ficou integralmente com seu vencimento e nunca foi obrigado a repassar parcela de seu sal�rio "a quem quer que seja".
A defesa de Queiroz n�o quis comentar o depoimento. O Minist�rio P�blico do Rio respondeu que o caso corre em sigilo. O procurador-geral de Justi�a, Eduardo Gussem, disse que o �rg�o pode encerrar a investiga��o sem colher os depoimentos de Fl�vio e de Queiroz. O senador faltou ao convite de oitiva.
For�a-tarefa
O Minist�rio P�blico e a Pol�cia Civil do Rio fecharam nesta quinta-feira, 21, uma parceria para atuar em conjunto na investiga��o de nove casos de gabinetes da Assembleia citados no relat�rio do Coaf que ficaram com a 24.ª Promotoria de Justi�a de Investiga��o Penal.
S� estar�o nesses inqu�ritos deputados estaduais n�o reeleitos. Policiais do Departamento Geral de Combate � Corrup��o, ao Crime Organizado e � Lavagem de Dinheiro v�o ajudar na an�lise dos Relat�rios de Intelig�ncia Financeira do Coaf, al�m de ouvir testemunhas e realizar dilig�ncias.
Os deputados estaduais reeleitos continuar�o a ser investigados pelo procurador-geral de Justi�a, em raz�o do foro. O caso do gabinete de Fl�vio, que assumiu mandato no Senado, est� sendo analisado na primeira inst�ncia, pela 25.ª Promotoria de Investiga��o Penal, com aux�lio do Grupo Especializado no Combate � Corrup��o.