Antes de se tornarem correligion�rios no PSL, ainda colegas na C�mara dos Deputados, Jair Bolsonaro e Marcelo �lvaro Ant�nio mostravam afinidade na defesa de projetos como a redu��o da maioridade penal e a volta do voto impresso nas elei��es. No final de 2017 – sem saber em qual legenda se filiaria para disputar a Presid�ncia da Rep�blica – Bolsonaro apontou Marcelo como seu escolhido para organizar seus grupos de apoio em Minas Gerais. Agora no comando do Pal�cio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro est� sendo pressionado a demitir o ministro mineiro do Turismo, investigado pela Pol�cia Federal (PF) e pelo Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG) em esquema de candidaturas laranjas na elei��o de 2018.
Os investigadores v�o apurar a exist�ncia de candidatas de fachada do PSL em Minas, esquema denunciado pelo jornal Folha de S.Paulo no in�cio deste m�s. Como presidente do partido no estado, Marcelo �lvaro Ant�nio era respons�vel por decidir quais candidaturas seriam lan�adas. Um valor de R$ 279 mil da verba p�blica de campanha do PSL foi destinado a quatro candidatas e parte do dinheiro, pelo menos R$ 85 mil, foi parar no cofre de empresas de seus assessores.
Mesmo com o grande volume de verbas repassado para campanha, as quatro candidatas tiveram juntas pouco mais de 2 mil votos. Uma delas, Cleuzenir Barboza, contou em depoimento ao Minist�rio P�blico no final do ano passado que foi coagida por dois assessores do ent�o deputado a devolver R$ 50 mil, dos R$ 60 mil que tinha recebido para fazer campanha eleitoral. Cleuzenir se disse amea�ada pelos assessores e se mudou para Portugal no final do ano passado.
Do Barreiro � Esplanada
Filho do ex-deputado �lvaro Ant�nio Teixeira Dias (Arena/PP/PMDB/ PDT), Marcelo Henrique Teixeira Dias adotou o nome do pai ao ingressar na pol�tica, em 2012. A ideia era aproveitar a popularidade de seu pai na regi�o do Barreiro (uma das maiores regionais da capital mineira, onde moram cerca de 300 mil pessoas) para conquistar votos e garantir uma vaga na C�mara Municipal de Belo Horizonte.
Com 9 mil votos e uma campanha defendendo a renova��o no Legislativo, Marcelo �lvaro Ant�nio estreou na pol�tica pelo Partido Republicano Progressista (PRP) e foi o nono vereador mais votado em 2012. Ele ficou apenas dois anos na C�mara Municipal e se elegeu deputado federal em 2014, com 60 mil votos. Na campanha, n�o faltaram cobran�as ao governo federal por verbas para amplia��o do metr� at� a regi�o do Barreiro e cr�ticas ao Estatuto da Crian�a e do Adolescente e ao C�digo Penal.
Em 2016, o ent�o deputado tentou mudar novamente de cargo e se candidatou � Prefeitura de BH, dessa vez pelo Partido da Rep�blica (PR). Com 32 mil votos (2,71% dos votos v�lidos), ele foi o pen�ltimo colocado no primeiro turno. No segundo turno declarou apoio ao candidato Alexandre Kalil e fez campanha ao lado do ex-presidente do Atl�tico na regi�o de Barreiro.
No ano passado, o parlamentar mineiro ganhou visibilidade ao se transformar no principal nome de apoio do ent�o candidato Jair Bolsonaro em Minas. Marcelo �lvaro se filiou ao PSL logo ap�s Bolsonaro se decidir pela legenda e passou a organizar todos os eventos de campanha do correligion�rio no estado. Coube a ele at� mesmo amenizar algumas declara��es pol�micas do presidenci�vel durante eventos de campanha.
“O compromisso dele com a democracia � muito claro. Jair Bolsonaro � um democrata. Ele simplesmente defendeu o governo militar, que teve erros e acertos, mas que as institui��es funcionaram e que a quest�o da seguran�a p�blica era muito melhor. Teve acertos tamb�m. E ele n�o defendeu a tortura”, afirmou ao ser questionado sobre posicionamentos de Bolsonaro.
O nome do deputado mineiro foi cogitado para disputar a vice-presid�ncia ap�s a advogada Jana�na Paschoal e Luiz Philippe de Orleans e Bragan�a rejeitarem entrar na chapa de Bolsonaro. “Estou pronto para a miss�o”, afirmou. No entanto, Bolsonaro preferiu chamar um nome das For�as Armadas para concorrer como vice-presidente.
Ap�s a elei��o, Marcelo �lvaro Ant�nio – que se reelegeu deputado com a maior vota��o em Minas Gerais, mais de 230 mil votos – foi um dos parlamentares mais festejados pelo presidente e considerou o convite para a Esplanada dos Minist�rios como pessoal de Bolsonaro e n�o uma indica��o do PSL. Apesar de nunca ter apresentado qualquer proposta voltada para a �rea do turismo em seu mandato parlamentar, ele foi nomeado para a pasta. Aos 45 anos, o pol�tico mineiro assumiu um cargo de destaque em Bras�lia.
Disputas no PSL
Passada a festa da elei��o, o parlamentar mineiro foi alvo de ataques dentro do pr�prio partido. A primeira crise partiu do deputado Alexandre Frota (PSL), que o acusou de nomear para a equipe de transi��o um “petista” e “lobista do setor de medicamentos”. O ex-ator fez postagens nas redes sociais atacando o correligion�rio. Marcelo rebateu tamb�m por meio das redes sociais e cobrou que Frota divulgasse sua resposta em suas redes.
”Frota, dizer que uma pessoa � petista por ela aparecer ao lado da ex-presidente Dilma em um evento do Pronatec, sendo essa pessoa dona de uma empresa de tecnologia, em um evento institucional? Senhor Frota, serei o primeiro a colaborar para que o governo Jair Bolsonaro seja �tico e com muita transpar�ncia. Pe�o que o senhor publique minha resposta e aguardo o senhor me enviar todos os elementos de sua den�ncia sobre o lobby (no setor de medicamentos)”, rebateu o mineiro. Foi preciso que o presidente entrasse no meio da disputa e pedisse modera��o aos deputados.
Nessa semana, a deputada Jana�na Pachoal (PSL) defendeu que o ministro do Turismo seja afastado do cargo por causa do suposto esquema de candidaturas laranjas. Em suas redes sociais, a parlamentar avaliou que retir�-lo do cargo n�o significaria reconhecer sua culpa, mas garantiria a ele a chance de dar explica��es sobre as investiga��es. “Diante dos relatos que n�o param de surgir, assombrando a elei��o do ministro, penso que seria prudente afast�-lo, para que ele tenha melhores condi��es de comprovar sua inoc�ncia”, afirmou Jana�na.
Procurado pela reportagem, o ministro n�o atendeu �s liga��es, mas por meio de suas redes sociais negou que houve esquema de candidaturas laranjas em Minas e agradeceu a confian�a do presidente Bolsonaro, que o manteve no cargo apesar da press�o dentro do pr�prio partido. “Obrigado pela confian�a, presidente Jair Bolsonaro! Apesar de tentativas como a da foice de SP de atingir o governo, seguimos fortes no prop�sito de transformar o turismo no pr�ximo vetor de desenvolvimento do Brasil”, disse.