
Uma opera��o conjunta do Minist�rio P�blico e da Corregedoria da Pol�cia Civil prendeu na manh� desta quinta-feira, 28, por extors�o, o policial Fl�vio Pacca Castello Branco. Ele � consultor de seguran�a do governador Wilson Witzel (PSC) e foi homenageado, em 2005, na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), pelo ent�o deputado estadual e hoje senador Fl�vio Bolsonaro (PSL).
O agente foi preso em sua casa, na Gl�ria, na zonal sul da cidade. Ele era um dos alvos da Opera��o Quarto Elemento que tinha mandados de pris�o tamb�m contra os policiais Ricardo Canavarro, que j� estava preso, H�lio Ferreira Machado e Tiago Pereira. Eles s�o acusados de praticar extors�o contra comerciantes envolvidos em atividades criminosas na Baixada Fluminense.
Pacca, de 57 anos, � conhecido por ser instrutor de tiro e ex�mio atirador. Nesta condi��o, se tornou um dos principais consultores do novo governo, especialmente em rela��o � "pol�tica de abate" de criminosos em comunidades. Foi tamb�m por essa condi��o que ele recebeu em 2005, a pedido de Fl�vio Bolsonaro, uma mo��o da Alerj.
A mo��o foi proposta por causa de uma opera��o policial que resultou na morte do traficante Erismar Rodrigues Moreira, conhecido como Bem-Te-Vi, ent�o chefe do tr�fico de drogas na favela da Rocinha, na zona sul.
"No dia 28 de outubro de 2005, este policial civil, juntamente com sua equipe, realizou uma opera��o na Favela da Rocinha para reprimir o tr�fico de drogas. A opera��o foi lograda (sic) de �xito, sem baixas de policiais, e culminando com a morte de um dos traficantes mais procurados do estado, conhecido por Bem-Te-Vi", justifica a mo��o.
O texto celebra a morte do traficante e elogia Pacca: "Este policial foi um dos respons�veis por 'recuperar' esse marginal, visto que a sociedade tem a certeza de que ele nunca mais estar� apto a viciar o filho de ningu�m, nem a levar o terror aos cidad�os fluminenses, prestando um relevante servi�o social � popula��o."
Pacca foi candidato a deputado federal nas �ltimas elei��es e fez campanha lado a lado com Witzel e Fl�vio Bolsonaro, mas n�o foi eleito. Ativo nas redes sociais, ele j� defendeu o senador do PSL no caso da investiga��o do Minist�rio P�blico sobre irregularidades na distribui��o do sal�rio de assessores de gabinete na Alerj. Numa discuss�o no Twitter, Pacca argumenta que o foro privilegiado � um direito.
Na mesma discuss�o, o policial diz que trabalha no governo e defende o "abate de criminosos": "Trabalho pro governo. Atirador de elite � comigo mesmo. A limpeza vai come�ar. Aguarde". Em outros posts, Pacca assume o discurso da �tica e da honestidade e diz, em v�rias ocasi�es, "burro � quem vota em bandido".
Extors�o
De acordo com o MP, entretanto, Pacca e os outros tr�s denunciados "extorquiram, mediante grave amea�a, duas v�timas e dela exigiram o pagamento de R$ 10 mil". As vitimas tinham sido flagradas pelos agentes fazendo uma liga��o clandestina de energia e foram levadas para a 52ª Delegacia de Pol�cia, em Nova Igua�u, na Baixada Fluminense. Em vez de serem autuados, os presos foram amea�ados e for�ados a pagar o montante em duas parcelas.
Por meio de nota oficial, o governador Wilson Witzel afirmou que a pris�o "mostra que o meu governo n�o tolera nenhum ato il�cito, seja de quem for". Na nota, o governador afirmou ainda que Pacca deve ter "seus direitos garantidos, como qualquer cidad�o. Mas, seja quem for que tenha cometido ou cometa algum ato il�cito ou de corrup��o, esta pessoa ser� punida de acordo com a lei".
Tamb�m por meio de nota oficial, Fl�vio Bolsonaro afirmou que "sempre atuou na defesa de agentes de seguran�a p�blica". E continuou: "� natural ter concedido centenas de homenagens por a��es que mereceram reconhecimento. N�o h� como prever fatos posteriores �s homenagens. Por�m, aqueles que cometem erros devem responder por seus atos".
A reportagem n�o conseguiu contato com a defesa de Pacca, nem dos outros acusados. O espa�o est� aberto para as manifesta��es.