
Bras�lia – O presidente Jair Bolsonaro embarca hoje para os Estados Unidos, destino de sua primeira viagem bilateral de car�ter oficial, e ter� um encontro com o presidente norte-americano, Donald Trump. O chefe do Executivo brasileiro chega em um momento tumultuado para o republicano, que sofreu uma derrota pol�tica na semana passada, quando o Senado americano derrubou a declara��o de emerg�ncia nacional da fronteira para construir o muro com o M�xico. O Itamaraty estima que a conversa entre os dois presidentes no Sal�o Oval da Casa Branca, na ter�a-feira, dure cerca de uma hora.
Bolsonaro ficar� na Blair House, casa de h�spedes de honra do governo dos EUA, que integra o complexo da Casa Branca, onde Dilma Rousseff tamb�m ficou, na �ltima visita presidencial do Brasil aos EUA, em 2015. Ele assinar� o Acordo de Salvaguardas Tecnol�gicas, que d� permiss�o aos EUA para utilizar a base de lan�amento de foguetes de Alc�ntara, no Maranh�o, em negocia��o h� cerca de 20 anos. Est� previsto ainda o an�ncio do Brasil como um aliado extra da Organiza��o do Tratado do Atl�ntico Norte (Otan) dos Estados Unidos, status com o qual o governo brasileiro pretende ter acesso � tecnologia militar.
O ex-embaixador do Brasil nos EUA Rubens Barbosa considera esse acordo como o ponto mais importante da agenda de an�ncios previstos pelo governo. “Com essa parceria, o Brasil passa a aceitar uma s�rie de princ�pios que garantem a propriedade intelectual, ou seja, segredos tecnol�gicos, de empresas que v�o utilizar a base de Alc�ntara para lan�ar seus sat�lites, colocando o Brasil em um mercado em expans�o”, avalia. Para Barbosa, a reciprocidade para o fim da necessidade de vistos n�o � fundamental. “Quando eu era embaixador, em 2003, uma fam�lia americana gastava US$ 400 apenas em emiss�o de vistos para o Brasil, o que fazia muitos turistas preferirem a Jamaica.”
O presidente, por�m, deve voltar de m�os vazias com rela��o � expectativa de entrar no seleto clube da Organiza��o para a Coopera��o do Desenvolvimento Econ�mico (OCDE), que aceitou a Col�mbia no ano passado. Trump j� sinalizou prefer�ncia � Argentina, devido � amizade da fam�lia dele com a do presidente Maur�cio Macri, que tamb�m entrou com processo de ades�o. O Brasil solicitou a entrada no grupo em 2017.
SEM EMPRES�RIOS A comitiva de Bolsonaro n�o conta com a tradicional presen�a de empres�rios brasileiros, costume em viagens internacionais. Para o presidente da Associa��o de Com�rcio Exterior do Brasil (AEB), Jos� Augusto de Castro, apesar desse esvaziamento, a visita � importante. “H� perspectivas de amplia��o de mercados para produtos manufaturados nacionais e de negocia��es para que o Brasil n�o seja alvo de novas sobretaxas americanas. Mas o com�rcio externo brasileiro depende mais de mudan�as internas, como as reformas da Previd�ncia e tribut�ria, para ser ampliado”, pondera. O presidente Bolsonaro tamb�m tem a inten��o de anunciar, durante a visita, a retomada do F�rum de CEOs entre os dois pa�ses.
Bolsonaro viaja acompanhado de seis ministros: Economia, Paulo Guedes; Agricultura, Tereza Cristina; Rela��es Exteriores, Ernesto Ara�jo; Gabinete de Seguran�a Institucional (GSI), general Augusto Heleno; Justi�a e Seguran�a P�blica, S�rgio Moro, e do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Na noite deste domingo, ele ser� recebido com um jantar na resid�ncia do embaixador do Brasil em Washington, S�rgio Amaral, com autoridades e personalidades.
Foram convidados o estrategista, ex-assessor de Trump e l�der do movimento conservador mundial Steve Bannon, que se reuniu com Eduardo Bolsonaro durante a campanha eleitoral, em 2018, e o brasileiro Olavo de Carvalho, que indicou o chanceler do governo Bolsonaro. Com o aumento da tens�o entre Estados Unidos e Venezuela e a elei��o de Bolsonaro, o Brasil passou a ser um aliado no interesse de afastar o presidente venezuelano, Nicol�s Maduro. A crise no pa�s vizinho tamb�m est� na pauta do encontro bilateral.
Trump ainda n�o anunciou quem vai indicar para substituir o embaixador no Brasil, Michael McKinley, que voltou a Washington no fim do ano passado para assessorar o secret�rio de Estado, Mike Pompeo. J� Bolsonaro deve indicar o diplomata Nestor Foster para o lugar de S�rgio Amaral. Foi Foster quem apresentou Olavo de Carvalho ao chanceler. Antes de assumir o cargo, por�m, Foster precisar� ser promovido a ministro de primeira classe, um pr�-requisito para entregar as credenciais ao governo americano. Quando voltar de Washington, no dia 20, Bolsonaro deve come�ar a substituir v�rios embaixadores. Est�o previstas 15 substitui��es, pelo menos.
Agenda lotada
Como ser� a passagem do presidente Jair Bolsonaro pelos EUA
» O presidente Donald Trump recebe o presidente Jair Bolsonaro no in�cio da tarde de ter�a-feira e o acompanha at� o Sal�o Roosevelt, onde o brasileiro assina o livro de visitas. Em seguida, os mandat�rios se re�nem no Sal�o Oval, onde ter�o encontro privado.
» Ap�s a reuni�o bilateral, o brasileiro segue para o Cemit�rio Nacional de Arlington, onde est�o enterrados mais de 400 mil militares que participaram das guerras pelos EUA. Tradicionalmente, o presidente visitante participa de uma cerim�nia.
» A visita ser� encerrada no Rose Garden, o jardim da Casa Branca, onde ser� feito um comunicado � imprensa.
» Antes da agenda na Casa Branca, est� prevista uma reuni�o com o secret�rio-geral da Organiza��o dos Estados Americanos (OEA), Lu�s Almagro. Na pauta, um dos temas dever� ser a crise na Venezuela.
» Tamb�m na ter�a, Bolsonaro deve ter um encontro com l�deres religiosos, na Blair House, seguido de outro jantar.
» Bolsonaro e sua comitiva ter�o compromissos na C�mara de Com�rcio dos Estados Unidos. Ministros brasileiros participar�o de debate sobre investimentos setoriais. Parte da comitiva integrar� o painel “Rela��es econ�micas crescentes: foco em oportunidades de investimentos”.
» O presidente deve se encontrar tamb�m com o ex-secret�rio do Tesouro dos EUA Henry Paulson.
» Na noite de ter�a-feira, a comitiva brasileira embarca de volta. A chegada a Bras�lia est� prevista para quarta-feira, e, um dia depois, Bolsonaro embarca para o Chile.
