Nos EUA, Bolsonaro deixa pol�mica de Olavo de Carvalho de lado para focar em economia

Washington, DC – O excelente humor do presidente Jair Bolsonaro com a viagem aos Estados Unidos foi amortecido pelas not�cias que ele leu ainda no Brasil, a respeito das declara��es de Olavo de Carvalho, considerado o guru do bolsonarismo. No voo, ele chegou a comentar com os ministros que as declara��es foram, no m�nimo, inoportunas. O que mais incomodou o presidente foi o fato de o professor e fil�sofo dizer em alto e bom tom que  “se continuar como est� por mais seis meses, acabou”, como se fosse o fim do governo. Isso sem contar as cr�ticas feitas aos militares pr�ximos ao presidente, a quem Carvalho chamou de um grupo “cag�o” e ainda acusou o vice-presidente, Hamilton Mour�o, de “mentalidade golpista”.

Olavo de Carvalho esteve no jantar oferecido pelo embaixador brasileiro, S�rgio Amaral,  ao presidente na resid�ncia oficial da embaixada. A expectativa era de que os dois conversassem a respeito, por�m, dada a presen�a de convidados estrangeiros, como Walter Russel, acad�mico conservador, e outras personalidades, como a colunista do Wall Street Journal, Mary Anastasia O’Grady, que saudou a vit�ria de Bolsonaro em seus artigos, a conversa ficou para depois.

Perguntado numa r�pida entrevista em frente � resid�ncia da embaixada se Bolsonaro conversara com o professor Carvalho, o porta-voz da Presid�ncia, general Ot�vio Santana do R�go Barros, limitou-se a dizer que “sim, porque faz parte da mesa”. E acrescentou: “As opini�es pessoais de quaisquer pessoas devem ser a elas direcionadas quando eventualmente tenhamos d�vidas sobre o que ela quis dizer ou n�o dizer”, afirmou o porta-voz, dando a entender que n�o est� descartada uma conversa entre eles. As declara��es de Carvalho terminar�o por marcar uma certa dist�ncia entre o presidente e o fil�sofo, apostam alguns integrantes da comitiva.
Bolsonaro desembarcou ontem � tarde nos Estados Unidos para uma agenda de praticamente 48 horas, onde o p�ndulo do governo balan�ar� entre a parte econ�mica, capaz de alavancar o pa�s a outro patamar – e com isso, o prest�gio de seu governante – e uma parte mais ideol�gica, que estreita o di�logo com outras for�as pol�ticas, importantes. As frases pol�micas de Olavo de Carvalho, avaliam alguns aliados do presidente, fazem com que o Bolsonaro termine mais dedicado � pauta econ�mica.

Hoje, por exemplo, o ponto alto da agenda ser� o discurso na Chamber of Commerce, a C�mara de Com�rcio, onde a maioria dos ministros tem extensa agenda de neg�cios. As exce��es s�o S�rgio Moro, da Justi�a e Seguran�a P�blica, que conversar� com o chefe do FBI; e Marcos Pontes, da Ci�ncia e Tecnologia, que estar� dedicado aos acordos sobre a base de lan�amento de Alc�ntara. Ontem, ao sair para o jantar, o ministro fez quest�o de frisar que n�o haver� desrespeito � soberania do Brasil. Todos os sete ministros participaram do jantar na embaixada do Brasil, o primeiro compromisso do presidente em Washington, onde ele discursou para a seleta plateia.

Nesse primeiro discurso, mais  protocolar, o presidente mencionou, nas palavras do porta-voz, que “democracia e liberdade s�o o que unem os dois pa�ses neste momento”. R�go Barros mencionou ainda que os objetivos desta viagem s�o “fortalecer o nosso com�rcio, reconhecendo que os Estados Unidos s�o o segundo mercado para os produtos brasileiros, e a democracia neste lado do Ocidente, que � extremamente importante, reconhecendo que aspectos relativos ao antigo comunismo n�o podem mais imperar nesse ambiente que vivenciamos”.

EMBAIXADOR O presidente n�o deve trocar o embaixador em Washington nesta viagem. Segundo R�go Barros, o presidente elogiou o trabalho de S�rgio Amaral, e que ainda far� os estudos necess�rios para a substitui��o do posto, considerado chave na geopol�tica brasileira. Amaral, que j� foi porta-voz, conversou bastante com R�go Barros no coquetel que antecedeu o jantar. “Ele me disse que tomasse cuidado com voc�s”, brincou o porta-voz, que saiu do jantar para conceder uma entrevista na porta da resid�ncia da embaixada, onde os term�metros marcavam 7º graus.

PREVID�NCIA R�go Barros confirmou que a nova previd�ncia dos militares ser� encaminhada ao Congresso quarta-feira, quando o presidente j� estar� de volta ao Brasil. Antes de embarcar para Washington, Bolsonaro informou pelas redes sociais que n�o recebeu ainda a vers�o do projeto de lei que mudar� as regras previdenci�rias dos militares. “Como presidente da Rep�blica, informo a todos das For�as Armadas que ainda n�o me foi apresentada a vers�o do projeto de lei que trata da previd�ncia dos militares”, disse, no Facebook. Na quinta-feira, Bolsonaro embarca para uma visita ao Chile. No final do m�s, o presidente far� sua primeira visita oficial a Israel.

 

Parceria

Ao desembarcar ontem na Base A�rea de Andrews, em Washington, o presidente Jair Bolsonaro afirmou em suas redes sociais que sua visita aos Estados Unidos representa o in�cio de uma “parceria pela liberdade e prosperidade”. Bolsonaro disse que por muito tempo presidentes brasileiros adotaram a “postura antiamericana” nas pol�ticas internacionais.

“Pela primeira vez, em muito tempo, um presidente brasileiro que n�o � antiamericano chega a Washington. � o come�o de uma parceria pela liberdade e prosperidade, como os brasileiros sempre desejaram”, escreveu. Fez um post ainda dizendo que se sente honrado em se hospedar na Blair House, local pr�ximo da Casa Branca destinado a visitas de chefes de Estado.

“� uma honraria concedida a pouqu�ssimos chefes de Estado, al�m de n�o custar um centavo aos cofres p�blicos. Agradecemos ao governo americano todo respeito e carinho que nos est� sendo dado”, disse. Al�m de Bolsonaro, o local j� recebeu os presidentes brasileiros Dilma Rousseff, Luiz In�cio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso. Antes de embarcar para os EUA, Bolsonaro transmitiu o cargo ao vice-presidente General Hamilton Mour�o.