A rela��o do presidente Jair Bolsonaro com o Congresso ainda est� pautada pelo clima eleitoral e pelo palanque. A avalia��o � do ex-senador Romero Juc�, presidente nacional do MDB. "Essa rela��o est� pautada pelo processo eleitoral, pelas redes sociais de ataque, pelo panfletismo da elei��o e pelo palanque. � muito importante para o presidente, para o governo federal e para o Congresso, que isso possa ser colocado de lado", afirmou em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.
Nos �ltimos dias, o presidente e o l�der da C�mara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), voltaram a trocar insultos, ampliando a escalada de atritos iniciada na semana passada. Ap�s afirmar que Bolsonaro est� "brincando de presidir o Brasil", Maia pediu um basta na troca de provoca��es. Para Juc�, � hora de ter humildade para mudar de rumos e corrigir a��es. "Esse governo precisa ter duas coisas: humildade para reconhecer quando erra e rapidez para corrigir o erro. Se tiver essas duas coisas, vai aprumando".
Derrotado na disputa para o Senado em Roraima em 2018 por apenas 426 votos, Juc� diz que foi "um acidente". Ele ficou de fora da Casa ap�s tr�s mandatos consecutivos. Na entrevista, o presidente do MDB fala tamb�m sobre a reformula��o de seu partido, a pris�o do ex-presidente Michel Temer e sobre a necessidade de o general Hamilton Mour�o ser mais bem utilizado pelo governo.
O MDB est� planejando mudan�as depois do resultado nas urnas. Como est� essa agenda?
A elei��o do ano passado foi um sinal de alerta vermelho para os partidos pol�ticos, principalmente os mais tradicionais. N�s soubemos ler e tomamos a li��o de casa. Estamos reestruturando, preparando a mudan�a do estatuto, uma mudan�a do C�digo de �tica e vamos discutir em todos os Estados e munic�pios a quest�o program�tica do partido, as bandeiras, as causas.
Vamos fazer em agosto um congresso para definir essa quest�o program�tica. E em 4 de setembro faremos uma conven��o para aprovar tudo isso e tamb�m eleger a nova dire��o do partido para os pr�ximos quatro anos.
O que deve mudar no C�digo de �tica do partido?
O C�digo ser� mais duro. Temos que levar em conta como o partido vai se comportar em situa��es que come�aram a acontecer a partir de todo tipo de investiga��o, independente de ser justa ou n�o, � importante o partido se preservar e ter um mecanismo que possa colocar para os seus filiados, os seus admiradores, os pr�prios membros do partido, uma regra clara.
Como definiria a rela��o do governo Jair Bolsonaro com o Congresso?
Essa rela��o est� pautada pelo processo eleitoral, pelas redes sociais de ataque, pelo panfletismo da elei��o e pelo palanque. � muito importante para o presidente, para o governo federal e para o Congresso, que isso possa ser colocado de lado. Quem vai definir o futuro do Brasil � a pol�tica. Se pol�tica for bem-feita, o futuro ser� melhor. Se for mal feita, o futuro ser� pior. Tudo tem consequ�ncia.
N�o estou defendendo distribui��o de cargo, de verba. A quest�o � de respeito, de ouvir, de entendimento. Tem que ter compromisso program�tico com partidos, tem que ter agenda de partidos negociado com governo para funcionar determinados temas e determinados projetos. E isso a gente n�o v�. Espero que o governo e Congresso possam corrigir o rumo.
H� uma inabilidade por parte desse governo e do pr�prio presidente?
Acho que h� inabilidade e erro de leitura. Governo tem que ler e corrigir rumos. Esse governo precisa ter duas coisas: humildade para reconhecer quando erra e rapidez para corrigir o erro. Se tiver essas duas coisas, vai aprumando. Porque tem muita gente inexperiente, � normal que o governo erre, n�o pode ser condenado porque t� errando, mas n�o pode persistir no erro ou aprofundar o erro, o que � ainda pior.
Uma das pessoas que tem tentado corrigir os erros tem sido o general Hamilton Mour�o, o vice-presidente. Como v� essa rela��o entre os dois?
Vejo o general Hamilton Mour�o como aliado do governo e do Pa�s. Tem papel de vice-presidente, n�o � demit�vel, pode colocar suas quest�es, tem representatividade. Deveria ter um papel muito mais forte em toda essa condu��o ajudando o presidente, ajudando o governo, se relacionando. Esteve em SP, jantou com empres�rios, ouviu empres�rios. O governo tem que fazer isso. N�o pode ficar herm�tico e n�o pode se fechar. O governo tem que se abrir para a realidade brasileira.
O ataque � velha pol�tica � uma muleta?
Isso foi um gancho de campanha. Deu certo na campanha. O resto n�o vai dar certo. Porque n�o tem velha pol�tica nem nova pol�tica. Existe a pol�tica. Existem pessoas que atuam de um jeito na pol�tica e outros que atuam de outro. Mas n�o � erradicando a pol�tica que vai construir alguma coisa no lugar. � muito importante que haja uma releitura do governo para saber em que bases pol�ticas vai discutir e se entender com os partidos.
Como avalia, com a dist�ncia do tempo, sua derrota para o Senado e de outros quadros do MDB?
Na verdade, essa elei��o foi contra a pol�tica e contra os pol�ticos. Os alvos maiores de ataques foram os mais conhecidos, que era o meu caso. Perdi a elei��o por 426 votos. Um acidente. J� perdi elei��o, ganhei elei��o. Fui governador, tr�s vezes senador. Voc� n�o deixa a pol�tica, voc� muda de trincheira na pol�tica.
Lideran�as importantes do MDB nos �ltimos anos foram alvo de opera��es da Pol�cia Federal. Como avalia isso e que isso deve continuar?
A Lava Jato foi um momento importante para o Brasil. Mudou o paradigma da pol�tica. Defendo a Lava Jato. Agora, acho que as investiga��es t�m que ser feitas cumprindo a lei. � importante que se investigue e que se investigue r�pido. Porque quem � investigado, ou algum delator que � instado a falar sobre algu�m, n�o est� vendo o que o MP est� dizendo. O Rodrigo Janot armou opera��es, dela��es contra determinadas pessoas. � muito importante que qualquer um possa ser investigado, que investiga��o seja r�pida e cristalina.
O ex-presidente Michel Temer foi alvo de opera��o da PF, foi preso. Essa pris�o foi criticada por juristas. Como avaliou essa a��o? O senhor teme ser alvo?
Michel Temer n�o foi alvo de opera��o, foi alvo de uma viol�ncia, foi algo estapaf�rdio o que se fez. Qualquer um pode ser instado a depor. Eu tenho cobrado da PF fazer depoimento nessas investiga��es. Eu sou o maior interessado em que as investiga��es corram rapidamente. Estarei sempre � disposi��o. N�o h� dem�rito em ser investigado, o dem�rito � ser condenado. Tenho tranquilidade, sei que n�o fiz nada de errado, vou continuar exercendo o meu papel e estando � disposi��o para prestar qualquer esclarecimento.
POL�TICA