
O vice-presidente do Brasil, general Hamilton Mour�o, minimizou neste domingo, 7, a queda na popularidade do governo, dizendo que � preciso dar tempo ao Executivo. "Tem gente que quer que a gente acelere as coisas, mas todos t�m que entender uma coisa: o Executivo n�o tem varinha de cond�o. Seria �timo", afirmou Mour�o. Os primeiros tr�s meses do governo Bolsonaro t�m a pior avalia��o entre os presidentes eleitos para um primeiro mandato, segundo pesquisa do Instituto DataFolha.
"Vejo naturalmente essa queda inicial na popularidade", afirmou Mour�o. O vice-presidente disse que h� uma "ansiedade" muito grande por parte da sociedade e que sabe que as pessoas clamam por mudan�as.
Ele defendeu o di�logo com o Congresso para fazer as pautas do governo andarem. A fala vem ap�s o apag�o na articula��o pol�tica gerar problemas ao Planalto, com atritos entre o presidente, Jair Bolsonaro, e o presidente da C�mara, Rodrigo Maia, e um embate do ministro da Economia, Paulo Guedes, no Congresso ao tentar defender a reforma da Previd�ncia.
"O presidente FHC passou oito anos nessa luta, sabe disso, temos que dialogar com o Congresso permanentemente, entender a fisiologia l� dentro, buscar convencer. Essa quest�o do sistema previdenci�rio n�s temos que convencer o Congresso de uma forma e convencer a popula��o de outra forma. Isso leva algum tempo, � normal", afirmou Mour�o ao participar da Brazil Conference, evento organizado pelos alunos brasileiros das universidades de Harvard e do MIT. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso estava na primeira fila da plateia, assistindo ao painel.
O vice-presidente destacou que tem uma vida normal e tem interlocu��o com a sociedade. "Eu sou uma pessoa que anda na rua, n�o estou enclausurado no anexo 2 do Pal�cio do Planalto e nem no Jaburu. Eu vou ao Rio de Janeiro, eu vou � academia de gin�stica que eu frequento, que � uma Smart Fit (rede de academias), vou � praia, jogo voleibol, converso com todo mundo", disse Mour�o, arrancando risadas da plateia. "As pessoas apresentam suas pondera��es", disse.
"Uma coisa que sempre me angustia � quando vejo que a juventude ou quer fazer concurso p�blico ou quer sair do Pa�s, alguma coisa est� errada", afirmou Mour�o.
Mour�o foi aplaudido em p� em Harvard ao responder a uma pergunta sobre o papel dos militares na pol�tica brasileira. Em uma pergunta sobre o hist�rico dos militares no Brasil e uma compara��o feita com o general Ernesto Geisel, Mour�o rebateu: "O general Geisel n�o foi eleito, eu fui".
Nessa hora, enquanto a plateia se levantava para aplaudir o vice-presidente, um manifestante gritou "ditadura nunca mais" e foi retirado pelos seguran�as do evento. Ele minimizou o papel dos militares no governo Bolsonaro e disse que os integrantes das For�as Armadas que fazem parte do governo j� estavam na reserva quando foram convocados para o Executivo.
"O presidente Bolsonaro � mais pol�tico do que um militar, mas carrega dentro de si, obviamente, toda forma��o que n�s tivemos", disse Mour�o. Ele disse que foi convocado por Bolsonaro na "d�cima hora" para a vice-presid�ncia. "Positivo, � assim que funciona a coisa", brincou Mour�o, sobre aceitar o convite. "Os companheiros que conhec�amos das For�as (Armadas) foram convocados, mas s�o todos da reserva, est�o afastados", disse Mour�o.
O vice-presidente afirmou ainda que, se o governo "errar demais", a "conta" vai para as For�as Armadas. "Da� a nossa extrema preocupa��o e as palavras que o presidente falou no dia 28 de outubro quando fomos eleitos. Ele olhou para mim e disse assim: n�s n�o podemos errar", disse Mour�o.
O vice-presidente disse que talvez tivesse escolhido "outras pessoas" para trabalhar com ele, ao ser questionado sobre o que faria diferente de Jair Bolsonaro na presid�ncia da Rep�blica. Primeiro, Mour�o evitou responder diretamente o que faria nos 100 primeiros dias de governo se fosse o presidente e enalteceu a parceria com Bolsonaro. "Minha parceria com presidente Bolsonaro � total. A gente debate as ideias, mas, quando ele toma decis�o, eu estou com a decis�o dele 100%", afirmou Mour�o.
Olhando para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, na plateia, Mour�o afirmou: "Como � aquela m�sica, presidente? Faria tudo outra vez? Faria tudo outra vez", disse Mour�o. Depois, questionado mais uma vez, ele afirmou: "Talvez, pela minha personalidade, eu escolhesse outras pessoas para trabalhar comigo".
Mour�o tem sido criticado por uma ala do governo, que avalia que ele tenta se mostrar como uma figura antag�nica ao presidente. Em uma pergunta sobre a situa��o do Minist�rio da Educa��o, Mour�o refor�ou que deve haver uma troca no comando da pasta, como Bolsonaro indicou na semana passada. "Estamos com um problema no Minist�rio da Educa��o", disse Mour�o, aplaudido pela plateia. "O presidente vai tomar uma decis�o a esse respeito amanh� (segunda-feira, 8), de acordo com o que ele j� definiu", afirmou Mour�o.
Na semana passada, Bolsonaro indicou que vai substituir o ministro da Educa��o, Ricardo V�lez, que foi indicado ao cargo pelo escritor Olavo de Carvalho. Mour�o tem sido frequentemente criticado por Olavo de Carvalho.
Ainda sobre educa��o, Mour�o disse que o governo ter� que "investir pesado na educa��o b�sica". "Investimos muito no ensino superior e pouco na educa��o b�sica", disse o vice-presidente.