O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), deixou claro neste s�bado, 13, que n�o pretende instalar a Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) para investigar o Judici�rio, a chamada CPI da `Lava Toga'. Em entrevista, em Macap�, ele disse que n�o h� previs�o de colocar em pauta a proposta de uma investiga��o que pode acirrar de vez os �nimos entre os poderes. "A maioria dos senadores entende que n�o � bom para o Brasil uma briga institucional", afirma.
H� duas semanas, ele rejeitou em plen�rio o pedido de instalar a CPI, mas recorreu de of�cio encaminhando o caso para an�lise da Comiss�o de Constitui��o e Justi�a. Alcolumbre minimiza a possibilidade de a proposta voltar a ser discutida no plen�rio. "N�o temos previs�o. Isso n�o est� na pauta. Deixa ela ficar do jeito que ela est�, na CCJ", afirma.
Na entrevista, o senador se coloca como um intermediador da crise entre o presidente da Rep�blica, Jair Bolsonaro (PSL), e o Legislativo. "N�o vou ser mais um para criar uma disc�rdia no Brasil", diz. Ele se classifica como um "pacificador". "Quem me conhece desde vereador, conhece um Davi pacificador. Chance zero de eu brigar com algu�m, a n�o ser que a pessoa queira brigar comigo. E (mesmo assim), se ela quiser brigar comigo do mesmo jeito, eu estando certo ou ela estando certo, eu vou pedir desculpar para gente n�o brigar".
� com este argumento que "matou no peito" e enterrou a tentativa de criar uma CPI para investigar o Judici�rio. Ele nega. "N�o matei no peito. Eu segui a regra que consultores e advogados do Senado apresentaram para mim", diz.
Sobre a PEC da reforma da Previd�ncia, Alcolumbre admite que a pauta n�o � simp�tica e nunca ser�. Ele lembra que alguns parlamentares questionam pontos da reforma, como a aposentadoria rural e o Benef�cio de Presta��o Continuada (BPC) e defende que o governo n�o mexa no benef�cio, para proteger os mais humildes.
O Estado acompanhou as agendas de Alcolumbre em Macap� nos �ltimos dois dias. � a segunda vez que o presidente do Senado retorna ao Estado natal ap�s assumir o posto de quarto na linha sucess�ria do Pa�s. "Antes (de ser eleito presidente do Senado), se eu tivesse ficado dez finais de semana em Bras�lia era muito. Agora, o cargo me obriga".
Em menos de 48 horas, ele teve tr�s agendas p�blicas e duas conversas privadas com pol�ticos locais. A mais importante, para ele, foi receber o presidente Bolsonaro na inaugura��o do novo aeroporto da cidade, que levou mais de 15 anos para ser constru�do e foi alvo de investiga��es da Pol�cia Federal. O novo espa�o, com capacidade para mais de 5 milh�es de passageiros por ano - dez vezes a mais do que o utilizado hoje -, leva o nome do seu tio, Alberto Alcolumbre, conhecido como "Bacana".
Veja seguir os principais pontos da entrevista que Alcolumbre deu neste s�bado em Macap�.
Crise entre poderes
`A diverg�ncia, a briga, o conflito n�o leva a gente a lugar nenhum. Chance zero eu criar ou construir um problema como presidente do Senado. Talvez como senador, em outro momento, eu possa me posicionar diferentemente da opini�o do Rodrigo (Maia), da opini�o do (presidente Jair) Bolsonaro ou de algum ministro do governo. Mas, como presidente do Senado, eu represento uma institui��o que tem atribui��es important�ssimas neste momento que o Brasil vive. Quero ser um pacificador. O Senado da Rep�blica est� em paz.'
Maia x Bolsonaro
`Se houve um momento de diverg�ncia entre o presidente da C�mara e o presidente da Rep�blica, o bombeiro Davi entrou em campo. N�o vou ser mais um para criar uma disc�rdia no Brasil. Vou buscar di�logo. Falei com o presidente Rodrigo, falei com o presidente Bolsonaro e disse `olha o Brasil est� precisando das institui��es fortes. Presidente, o senhor � presidente da Rep�blica pelos pr�ximos quatro anos, o Rodrigo Maia � presidente da C�mara pelos pr�ximos dois (anos) e eu tamb�m do Senado pelos pr�ximos dois. Tem 200 milh�es de brasileiros ali na porta esperando a gente trabalhar. N�o vai para lugar nenhum (essa discuss�o)'. Ent�o o presidente Rodrigo Maia j� fez as declara��es que tinha que fazer, o presidente da Rep�blica j� fez as que tinha que fazer e vida que segue.'
Rela��o com Bolsonaro
`Eu n�o sou obrigado a pensar e concordar com tudo que o Bolsonaro pensa. Mas, como presidente do Senado, eu vou tentar construir da melhor maneira poss�vel um caminho para que a gente possa pacificar o Brasil. A elei��o est� a�, a elei��o foi isso, uma divis�o do Brasil monstruosa e ainda continua dividido.'
Mudan�as no Senado
`A Presid�ncia do Senado n�o oxigenou depois de 30 anos? Vamos oxigenar os servidores tamb�m. � bom. Olha, ningu�m � insubstitu�vel. Estamos naturalmente fazendo algumas modifica��es. S� isso.'
Parlamentarismo
`O que h� � a vontade de alguns senadores que est�o conversando sobre uma emenda constitucional sobre o parlamentarismo. Eu estou ouvindo e acompanhando. N�o vou me envolver neste momento, mas a PEC vai tramitar se eles apresentarem. Tenho escutado de deputados tamb�m. Ent�o, deputados e senadores est�o falando disso. N�o sei se vai ter voto, mas � uma ideia boa. (Acho que com o parlamentarismo) N�o teria uma crise t�o grande nas institui��es como aconteceu no impeachment da presidente Dilma. Ela tinha perdido as condi��es de governar porque tinha tido toda aquela crise e a� o Congresso se reunia e mudava o chefe do poder. A gente tem que avaliar. Vindo, coloco em discuss�o.'
CPI do Judici�rio
`Eu fui muito criticado sobre a decis�o que tomei da CPI. Mas eu sou pol�tico eleito, presidente de um poder. Se os advogados, os consultores falaram que aquilo ali n�o tinha embasamento jur�dico e t�cnico para seguir em frente. N�o temos previs�o (para colocar a CPI da Lava Toga para votar no Plen�rio). Isso n�o est� na pauta. Deixe ela ficar do jeito que ela est� na CCJ.'
Impeachment de ministros do Supremo
`Isso que n�o est� na pauta e nem est� passando na cabe�a do presidente do Senado pautar isso. Estamos vivendo um momento delicado para o Brasil. Uma briga institucional n�o vai fazer bem para 200 milh�es de brasileiros'.
POL�TICA