
Bras�lia – O ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, entrou em colis�o com o Centr�o em uma disputa que, dizem parlamentares do bloco pol�tico, n�o tem como vencer e pode custar caro ao governo.
O cavalo de pau dado pelo presidente da Comiss�o de Constitui��o e Justi�a da C�mara, Felipe Francischini (PSL-PR), em n�o aceitar votar o Or�amento impositivo antes da reforma da Previd�ncia na ter�a-feira, tem dedo do articulador pol�tico do Pal�cio do Planalto, que, agora, se engalfinhou de vez em uma queda de bra�o com o Centr�o.
O presidente da C�mara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), conversou com l�deres no s�bado e definiu que a vota��o do Or�amento impositivo fica para hoje, na CCJ, �s 14h, como pauta priorit�ria.
A decis�o contraria a agenda estabelecida por Francischini na sexta-feira, que votaria antes a reforma, em um contragolpe a Lorenzoni. Nos bastidores, o presidente da C�mara trabalha para manter a ordem na Casa e n�o deixar a interlocu��o do Planalto se sobrepor ao Parlamento.
A decis�o � uma resposta direta ao distanciamento de Maia do governo, que, na ter�a-feira, diz ter perdido condi��es de ser articulador da reforma da Previd�ncia e que n�o ficar� no meio da briga levando “pancada” da base de Bolsonaro. “Agora, se o governo vai ganhar, voc� pergunta para o Onyx”, disse.
A atual articula��o do governo por cargos est� esgotada. Vem sendo conduzida pela l�der do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP), com os coordenadores de bancadas estaduais.
O modelo, entretanto, tem desagradado o bloco governista na C�mara, composto por partidos do Centr�o, PP, PSD, MDB, PR, PRB, DEM e PSDB, al�m do PSL, PTB, PSC e PMN. Em alguns estados, as coordena��es s�o comandadas por parlamentares da oposi��o, como na Bahia (Daniel Almeida, PCdoB), no Piau� (�tila Lira, PSB), Rio Grande do Norte (Rafael Mota, PSB), e Goi�s (Rafael Motta, PSB).
Mesmo em estados onde a coordena��o � feita por partidos ligados ao Centr�o, as cr�ticas s�o de que os coordenadores est�o criando obstru��es para o apadrinhamento de olho em interesses pr�prios ou de correligion�rios. Afinal de contas, todos os partidos s�o advers�rios e disputam o poder.
Em Roraima, por exemplo, o deputado Jhonatan de Jesus (PRB), l�der da legenda na C�mara, se afastou desse modelo de articula��o, uma vez que o coordenador da bancada no estado, Hiran Gon�alves (PP), n�o � afeto dele, dizem pessoas pr�ximas.
Disputa
O padr�o de articula��o feito por Hasselmann deu curto circuito. N�o por que falte a ela respeito e confian�a dos l�deres. O caso de Jesus � apenas um exemplo dentro do desgastado molde de interlocu��o, que tirou condi��es dela continuar conversando com os coordenadores de bancada.
A cobran�a no Congresso � que ela, alinhada a Lorenzoni, substitua o processo por um di�logo com as bancadas partid�rias nos estados que apoiam o governo, algo ainda n�o feito pela articula��o pol�tica. Interlocutores do governo no Congresso dizem que a proposta ser� dialogada com o titular da Casa Civil na segunda-feira ou, no mais tardar, na ter�a.
Lideran�as do Centr�o afirmam ao Estado de Minas que a cobran�a pela mudan�a na articula��o n�o se trata de uma sugest�o. “Ou o governo muda a articula��o ou vai sofrer derrotas. O Onyx insiste em uma queda de bra�o que ele n�o tem como vencer”, diz um l�der.
Mesmo parlamentares que, por convic��o ideol�gica entendem que a aprova��o da reforma da Previd�ncia � importante, sinalizam votar contrariamente enquanto a Casa Civil n�o alterar a interlocu��o de coordenadores de bancadas estaduais para as lideran�as partid�rias nas unidades federativas.
O Centr�o vai testar o fortalecimento de Lorenzoni que, nas �ltimas duas semanas, articulou reuni�es entre Jair Bolsonaro e 13 presidentes e l�deres partid�rios.
Das reuni�es, mandat�rios sa�ram dizendo que n�o fazem parte da base governista. E a maioria, de fato, n�o far�, enquanto o chefe da Casa Civil n�o mudar o di�logo com as bancadas no Parlamento e convencer que deseja um relacionamento melhor.
A press�o � que o convencimento n�o seja feito por palavras, mas dando poderes para que Hasselmann tenha o poder de ouvir os l�deres e dar sequ�ncia �s demandas.
A ideia de testar o poder de Lorenzoni passa pela op��o em intensificar di�logos com o ministro da Secretaria de Governo, Santos Cruz. Ou seja, buscar outros canais de comunica��o no Planalto.
Mour�o, por exemplo, j� declarou publicamente que Bolsonaro poderia oferecer cargos nos estados aos partidos. “Ele e Santos Cruz t�m se mostrados muito mais l�cidos no trato ao Parlamento”, pondera um l�der. A pr�pria articula��o do governo no Congresso calcula que � poss�vel, em alguns estados, atender com at� dois cargos para cada parlamentar fiel ao governo.