
Apenas tr�s meses ap�s assumir o Instituto Chico Mendes de Conserva��o da Biodiversidade (ICMBio), o presidente Adalberto Eberhard pediu exonera��o nesta segunda-feira, 15, acentuando o clima tenso e conflagrado no Minist�rio do Meio Ambiente. Ele vinha sendo cobrado pelos servidores do �rg�o a dar uma resposta �s declara��es feitas pelo ministro Ricardo Salles durante uma cerim�nia p�blica no fim de semana.
Assim como a crise interna no Minist�rio da Educa��o derrubou o ex-ministro Ricardo V�lez Rodr�guez e as desaven�as na Ag�ncia Brasileira de Promo��o de Exporta��es e Investimentos (Apex) j� causaram a demiss�o de dois presidentes, o Meio Ambiente tamb�m vive um momento tumultuado.
Al�m do embate no ICMBio, h� outros focos de conflito no minist�rio de Salles. A ent�o presidente do Ibama, Suely Ara�jo, pediu demiss�o depois que o ministro fez insinua��es sobre o valor da contrata��o de carros oficiais no �rg�o. O governo tamb�m j� criou pol�mica no setor ao exonerar um funcion�rio do Ibama que havia multado o ent�o deputado Jair Bolsonaro por pesca ilegal em �rea protegida.
Tamb�m no fim de semana, o piv� foi o pr�prio presidente Jair Bolsonaro. Em v�deo divulgado pelo senador Marcos Rog�rio (DEM-RO), ele desautorizou os fiscais do Ibama que queimaram caminh�es e tratores apreendidos numa opera��o contra o desmatamento ilegal em Rond�nia. Essa a��o dos fiscais, por�m, � prevista em lei.
Adalberto Eberhard enviou carta a Salles alegando "motivos pessoais" para sua demiss�o do ICMBio - �rg�o respons�vel pela gest�o de 335 unidades de conserva��o federais no Pa�s. A decis�o, no entanto, foi tomada depois que o ministro, numa reuni�o conturbada com produtores rurais do Rio Grande do Sul, no s�bado, se irritou com a aus�ncia de servidores do instituto e amea�ou uma puni��o por "desrespeito � figura do ministro, do presidente do ICMBio e do povo ga�cho".
Salles e Eberhard visitavam a regi�o do Parque Nacional Lagoa do Peixe. Ap�s ouvir queixas de pescadores e produtores locais sobre o ICMBio, o ministro pediu para que os funcion�rios do �rg�o se juntassem a ele na mesa. "N�o tem nenhum funcion�rio?", perguntou na sequ�ncia. "Voc�s vejam a diferen�a de atitude: est� aqui o presidente do ICMBio que, embora seja um ambientalista hist�rico, uma pessoa respeitada no setor, veio aqui ouvir a opini�o de todos voc�s. E na presen�a do ministro do Meio Ambiente e do presidente do ICMBio, n�o h� nenhum funcion�rio aqui."
Salles, ent�o, anunciou a abertura de processo administrativo disciplinar contra todos os funcion�rios. A plateia aplaudiu com entusiasmo. Eberhard manteve-se em sil�ncio. A resposta veio nesta segunda, quando ele foi at� seu gabinete em Bras�lia, limpou as gavetas, despediu-se dos funcion�rios e entregou a carta de demiss�o ao ministro.
Funcion�rios relataram ao jornal O Estado de S. Paulo que n�o foram ao evento com o ministro e o presidente do ICMBio simplesmente porque n�o haviam sido convocados para a cerim�nia, que foi acompanhada por pol�ticos ga�chos, al�m de representantes do agroneg�cio. Alguns servidores chegaram a ir ao evento, mas apenas cerca de 20 minutos depois do in�cio e s� ao saberem que o ministro havia amea�ado puni-los pela aus�ncia. O chefe do parque, Fernando Weber, se juntou � mesa, ao lado do ministro, mas n�o teve a chance de responder �s cr�ticas.
Fus�o
A exonera��o pode acelerar a proposta de Salles de fundir o ICMBio ao Ibama, que cuida do licenciamento ambiental e do controle do desmatamento, entre outras a��es. Questionado, o ministro n�o negou a inten��o, mas n�o citou datas. "Por enquanto, ainda n�o faremos isso", disse ao Estado. A mudan�a depende de projeto de lei. � reportagem, Salles afirmou que agradecia ao "grande trabalho que o Adalberto fez � frente do ICMBio num momento muito dif�cil e de reestrutura��o" e admitiu que ainda n�o tem um nome substituto.
Salles, agora, ter� de enfrentar as rea��es � condena��o de Bolsonaro � queima de caminh�es e tratores em crimes ambientais, al�m de cr�ticas recorrentes � sua atua��o - como por ter determinado ao Ibama que liberasse a explora��o de petr�leo na �rea do santu�rio de Abrolhos (BA), contrariando pareceres t�cnicos do pr�prio �rg�o.