Os ex-candidatos � Presid�ncia da Rep�blica Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT) criticaram o PT e defenderam que a unidade da oposi��o n�o deve passar pelo partido que governou por 13 anos o Pa�s. Para eles, mesmo a vota��o expressiva do ex-prefeito de S�o Paulo Fernando Haddad n�o � suficiente para a oposi��o voltar a "orbitar" em volta da legenda.
Os dois participaram de um debate sobre os primeiros 100 dias do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) organizado pelo senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Cid Gomes no audit�rio da Interlegis, no Senado.
"� um partido que n�o reconhece erros. Que diz que n�o houve corrup��o, que n�o houve crimes. Nenhuma autocr�tica aos erros grav�ssimos. O PT foi uma esp�cie de chocadeira desse governo que est� a�", afirmou Marina. "Quanto mais estrelas no c�u, mais claro o caminho."
Ciro tamb�m culpou o PT pelo fortalecimento da direita que, para ele, proporcionou a candidatura e elei��o do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Marina e Ciro avaliaram que as pr�ticas dos governos petistas e da pr�pria legenda levaram o Pa�s ao "extremismo" do "n�s contra eles". O ex-ministro disse que uma aproxima��o com o PT agora est� fora de cogita��o. "Foi o que eu fiz no governo Dilma 1 e no governo Dilma 2. Repetir de novo, nunca mais", garantiu.
O ex-candidato � Presid�ncia defendeu o surgimento de uma unidade para construir uma nova agenda para o Pa�s deixando claro a cr�tica � postura do PT - partido o qual definiu como fechado � discuss�o pol�tica e preso na defesa do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, detido e condenado na Lava Jato. "Ou a gente entende isso (que � necess�ria uma nova linha pol�tica) ou a gente vai continuar assim. Lula est� na cadeia, babaca", disse Ciro, repetindo o bord�o criado por seu irm�o, o senador Cid Gomes (PDT-CE), nas elei��es. Cid Gomes era um dos convidados da mesa, mas saiu no in�cio do debate e sentou-se no espa�o reservado � plateia.
Os dois defenderam a constru��o de uma oposi��o propositiva a partir dos primeiros 100 dias de governo. "Estou propondo um outro caminho de oposi��o sem esse neg�cio de tchutchuca e tigr�o. Optei por uma oposi��o propositiva", afirmou Ciro.
Previd�ncia
No evento, os pol�ticos criticaram o sigilo aos dados da reforma da Previd�ncia decretados pela equipe econ�mica. Tamb�m defenderam uma reforma da Previd�ncia, mas "n�o a apresentada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes".
Ciro defendeu o modelo de capitaliza��o e afirmou que a reparti��o do sistema � invi�vel. J� Marina afirmou que a reforma � necess�ria, mas desde que garanta crit�rios justos de transi��o e a garantia do bem estar social. Os ex-presidenci�veis criticaram ainda as a��es do governo Bolsonaro e a censura � imprensa decreta pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na semana passada.
"A Previd�ncia deve cumprir duas tarefas e n�o apenas uma. O primeiro indeclin�vel de garantir conforto e dignidade social. A segunda de levantar o n�vel da poupan�a do Pa�s para garantir a capacidade de financiamento", afirmou Ciro. Ele ainda criticou a falta de publicidade dos dados da Previd�ncia: "Isso � um bando de picaretas".
No debate da Previd�ncia, a ex-senadora Marina Silva defendeu um "trip�" social. "Tem que ser sustent�vel, justa e inclusiva. O trip� tem que ser combinado.", disse. Candidata � Presid�ncia nas �ltimas tr�s elei��es - 2010, 2014 e 2018 -, Marina defendeu mudan�as no tempo m�nimo de aposentadoria, mas com uma transi��o mais lenta do que atual proposta pela equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes.
Um dos organizadores do debate, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) tamb�m fez cr�ticas ao governo. "A anarquia abre excesso para autoritarismo. Esse governo est� sem autoridade e os demais Poderes se contaminam dessa anarquia. Esse inqu�rito � uma ilegalidade", afirmou.
Os tr�s classificaram o governo Bolsonaro como um "retrocesso" e criticaram os ataques �s institui��es promovidos pelo presidente da Rep�blica e seus assessores. A ex-senadora Marina Silva afirmou com o "autoritarismo" do governo Bolsonaro vem na "sobreposi��o das institui��es".
"O autoritarismo do governo Bolsonaro vem do sobrepor as institui��es, desrespeitando a natureza da democracia direta e democracia representativa achando eu vai governar de maneira direta sem dialogar com os demais Poderes", afirmou Marina.
A ex-senadora disse ainda que v� similaridades entre os primeiros meses de governo Bolsonaro com o da presidente cassada Dilma Rousseff em seu primeiro mandado (2010-2014). "No quesito corrup��o, o atual governo tem uma pr�tica parecida com o da Dilma no seu primeiro mandato. Lembra da hist�ria da faxineira? Quando era pessoas de outros quintais, a faxina era imediata. Quando era do seu quintal, Dilma virou acumuladora. Bolsonaro, em outros quintais como no caso do (Gustavo) Bebbiano (ex-ministro de Governo) foi imediata, j� no caso do ministro do Turismo n�o est� sendo r�pido assim", afirmou a ex-ministra.
Ciro Gomes afirmou que o governo defende uma agenda de "nega��o" que coloca em xeque as institui��es desviando de discuss�es essenciais como as reformas estruturantes. "A for�a pol�tica mais forte do Pa�s � para negar", afirmando que o governo abra�a esse discurso por falta de propostas claras para o Pa�s.
Os debatedores tamb�m discutiram os problemas no Minist�rio da Educa��o, que em quatro meses j� teve um titular demitido e est� ligado a apoiadores do professor Olavo de Carvalho. "Dos n�cleos ex�ticos no governo foi na Educa��o foi se teve mais. E isso � uma trag�dia nacional", afirmou Randolfe Rodrigues.
Marina defendeu a atua��o dos militares no governo e elogiou o vice-presidente, Hamilton Mour�o, que classificou como um moderado no governo. Ciro se op�s � posi��o e Marina. Para a ex-candidata da Rede, � dos militares que parte a maior parte das "desautoriza��es" dentro do governo Bolsonaro. Ela cita o caso da Embaixada de Israel e as cr�ticas a aproxima��o de uma sa�da b�lica para resolver a quest�o da Venezuela.
Crise
Tanto Marina quanto Ciro veem o momento como de oportunidade. Ciro diz que n�o v� ainda sa�da para atual crise, que para ele tende se agravar, mas v� uma oportunidade. "O ideograma chin�s para palavra crise � quase o mesmo para oportunidade com um rabinho de diferen�a. E eu vejo isto. N�o podemos imaginar que est� crise que estamos passando � uma crise trivial. Acho ela � fundadora. Acho que vamos passar por uma alto combust�o. Vejo muita crise ainda. Acho que essa combust�o seja necess�ria para queimar os �dolos e repor a pol�tica como um caminho de ideias", afirmou.
POL�TICA