Articulador de viagens presidenciais, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) virou uma esp�cie de chanceler paralelo. O filho "zero tr�s" do presidente Jair Bolsonaro faz visitas precursoras a pa�ses alinhados e divide informalmente com o ministro de Rela��es Exteriores, Ernesto Ara�jo, a guinada da pol�tica externa para o eixo de na��es governadas pela direita. Nas �ltimas semanas, ele visitou expoentes do conservadorismo europeu, como o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orb�n, e o vice-primeiro ministro da It�lia, Matteo Salvini.
Depois de um primeiro mandato na C�mara marcado pela defesa da libera��o de armas e declara��es consideradas pol�micas sobre o Judici�rio e o Minist�rio P�blico, Eduardo diversificou sua atua��o. Hoje, tem uma rotina intensa de encontros com embaixadores estrangeiros no Brasil, mas garante que o jogo � combinado com Ara�jo, embora cada um defina livremente sua agenda. "� um papel complementar. Quem toma a decis�o � ele", disse o deputado ao jornal O Estado de S. Paulo. "Eu sou pr�ximo do embaixador. Se tem alguma coisa referente ao Executivo, passo para ele", emendou.
Eduardo ainda conta com um aliado que despacha pr�ximo ao presidente Bolsonaro, no Pal�cio do Planalto. O assessor especial para Assuntos Internacionais da Presid�ncia, Filipe Martins, comp�e com o deputado e o chanceler um triunvirato da diplomacia que segue o pensamento do escritor Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo.
A fun��o do deputado, por�m, n�o se limita a de um representante do pai no exterior. Ele preside as comiss�es de Rela��es Exteriores e tamb�m a de Controle das Atividades de Intelig�ncia no Congresso. Esta �ltima fiscaliza as atividades de intelig�ncia e contraintelig�ncia desenvolvidas no Brasil e no exterior. � a �nica comiss�o do Legislativo a ter reuni�es secretas, por abordar quest�es que podem colocar em risco a soberania nacional.
Convites de governos estrangeiros n�o param de chegar ao gabinete da Comiss�o de Rela��es Exteriores. L�, simpatizantes bolsonaristas dividem espa�o com diplomatas em busca de interlocu��o com o Planalto, por meio de Eduardo.
Diante de incertezas sobre os ganhos comerciais com pa�ses como Hungria, cuja balan�a comercial � negativa para o Brasil, Eduardo atende parceiros tradicionais. Nos pr�ximos dias, por exemplo, receber� embaixadores de pa�ses �rabes preocupados com a aproxima��o de Bolsonaro com Israel. Na semana passada, ele se reuniu com os embaixadores da Argentina, do Peru e da China.
Ideologia
No encontro com o chin�s Yang Wamming, o deputado amenizou o discurso ideol�gica que tem dado o tom do governo. "Citei a m�xima do imperador Vespasiano: 'O dinheiro n�o tem cheiro'. Deixamos claro que quest�es ideol�gicas ficam � parte. Falei para eles que, se porventura houver alguma not�cia veiculada dando como entendido que Jair Bolsonaro tem restri��o � China, n�o seria verdadeiro", disse. "O tratamento que vamos dar para a China � o mesmo dado a outros pa�ses."
As palavras destoam do tom expressado por ele ao excursionar na Europa, onde apregoou uma "luta contra o socialismo". O deputado diz ter preocupa��o em mostrar uma boa imagem do Pa�s e do governo do pai. "Fora do Brasil, a gente � brasileiro. Qualquer lugar que voc� vai, mijou, respingou na privada, limpa. � a imagem do Brasil que est� l� fora."
Eduardo admite que ganhou destaque na pol�tica externa, assunto que n�o dominava, por ser filho de Bolsonaro. "Como filho do presidente, o holofote fica em cima. Para o bem e para o mal." O momento pol�tico do deputado contrasta com a situa��o vivida por dois irm�os. O senador Fl�vio Bolsonaro (PSL) submergiu ao virar alvo de investiga��o sobre movimenta��es financeiras at�picas de um ex-assessor na Assembleia Legislativa do Rio. J� o vereador no Rio Carlos Bolsonaro (PSC) trava uma guerra com o n�cleo militar do Planalto.
O "zero tr�s" de Bolsonaro n�o v� problemas em interceder para destravar neg�cios no Executivo, quando solicitado por estrangeiros. "�s vezes, tem um problema bem espec�fico, � uma portaria que est� atrapalhando a importa��o da rebimboca da parafuseta. 'P�, Eduardo, tem como dar um toque em algu�m no Minist�rio da Economia?' Se eu tiver algum contato l� dentro, posso falar com a pessoa, passo a portaria."
O pr�ximo destino deve ser os EUA, onde o pai recebe homenagem em maio. Confirmada, a viagem ser� a segunda de Bolsonaro ao pa�s que virou o foco da pol�tica externa bolsonarista. Donald Trump j� classificou o trabalho de Eduardo como "fant�stico". As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
POL�TICA