
Ao prever um “tsunami” rumo � administra��o p�blica, o presidente Jair Bolsonaro fez refer�ncia � possibilidade de recolocar na Esplanada os 29 minist�rios de Michel Temer, e o Congresso j� se movimenta para indicar nomes de poss�veis ministros.
Durante a campanha, Bolsonaro prometeu cortar a pompa do governo. Voltar atr�s, no meio de um in�cio turbulento de gest�o, cai como uma impopular decis�o perante os brasileiros, dizem t�cnicos palacianos. Para eles, o povo quer ver o enxugamento mais contundente da m�quina p�blica – uma maneira de facilitar, inclusive, o discurso sobre “corte de privil�gios” na reforma da Previd�ncia.
“Estamos governando. Alguns problemas? Sim, talvez tenha um tsunami semana que vem (nesta semana). Mas a gente vence esse obst�culo a� com toda certeza”, disse Bolsonaro na �ltima sexta-feira. Se a reformula��o ocorrer de fato, o novo desafio do Planalto ser� a distribui��o de cargos, que poder� ocorrer, ou n�o, com apoio do Congresso.
Parlamentares esperam ganhar seu quinh�o e o governo ter�, novamente, que descolar essas negocia��es da “velha pol�tica”, mecanismo que o presidente combate sem apresentar uma solu��o para o que seria a “nova pol�tica”.
“Aumentar o n�mero de minist�rios era algo que traria certa dificuldade, mas um rearranjo desse n�vel enfraquece at� o discurso do presidente. Ele disse que at� 15 minist�rios eram suficientes. Terminou optando por colocar 22. Se aumentar, ser� ruim para o governo”, diz o professor de ci�ncia pol�tica da Universidade Estadual de Goi�s Felippo Madeira.
Ao falar sobre a estrutura da Esplanada, o especialista diz que “n�o d� para querer cortar gordura de um lado (na Previd�ncia) e arranjar apoio para essa medida inflando o governo – que precisa de um equil�brio nas contas e � o motivo principal dessa mudan�a”.
Inevitavelmente, as mudan�as atingem os chamados “superministros” da Justi�a, S�rgio Moro; e da Economia, Paulo Guedes – cujo apelido entre os colegas � “o czar”. “Para se fazer esse planejamento com mais sete minist�rios, ser� necess�rio esvaziar alguns dos que j� existem. Se n�o, n�o se justifica. Retirando poder, esse papo de ‘super’ acaba jogado fora, bem ali no canto da sala”, acredita o analista de pol�ticas p�blicas da HC7 Pesquisas, Carlos Alberto Moura.
Na C�mara
As mudan�as ocorrem em um momento especialmente delicado para o ministro da Justi�a, que ter� que reverter o placar da MP 870/2019 no plen�rio da C�mara. O texto fala sobre a reorganiza��o da Esplanada e, na Comiss�o Especial em que foi analisado, retira de Moro o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). O �rg�o foi destinado � Economia, o que � visto como uma barreira ao combate � corrup��o. A grande diferen�a � a seguinte: na Justi�a, o Coaf poderia resultar em investiga��es com calibre de processos judiciais. Na Economia, a maior possibilidade de puni��o ser� a aplica��o de multas.
Nos corredores do Planalto, comenta-se que S�rgio Moro e o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, foram aconselhados pelo primeiro escal�o a “se reunirem com parlamentares at� que o caf� da Esplanada acabe”.
Significa dizer que os dois ter�o que unir esfor�os para tentar conseguir o apoio dos deputados e senadores na briga pelo Coaf. O governo chegou at� a desenvolver estudos, a pedido de Lorenzoni, sobre o impacto de novos minist�rios e das mudan�as estruturais para que seja poss�vel ‘desafogar’ alguns ministros e ‘empoderar’ outros.
Cr�tica ao ‘establishment’
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) usou as redes sociais ontem para fazer cr�ticas ao que chamou de ‘o Brasil de sempre’ e ‘os velhos v�cios’ da pol�tica.
Para o presidente, a pobreza, viol�ncia e desemprego vividos no pa�s seriam causadas pelo ‘establishment’, termo em ingl�s normalmente usado para se refereir a um grupo de pessoas que usa do poder e da influ�ncia que det�m sobre o Estado ou a sociedade para defender os pr�prios interesses. Bolsonaro foi al�m, e disse que: ‘vamos mudar o Brasil porque n�o fazemos parte do establishment!’.
Como sempre, a mensagem do presidente foi bastante compartilhada nas redes sociais. Entre os apoiadores sobraram elogios e pedidos pela continuidade ao combate � corrup��o. Por�m, entre os cr�ticos, muitos coment�rios negativos sobre o tempo em que o atual presidente foi deputado federal e tamb�m a respeito da participa��o da fam�lia Bolsonaro na pol�tica.