Deputados se incomodaram ontem com a fala da l�der do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP), que creditou a um "boato barato" a informa��o de que Bolsonaro mandara o Minist�rio da Educa��o (MEC) cancelar o corte de verbas. A informa��o havia sido dada mais cedo por parlamentares que se encontraram com o presidente � tarde. O recuo, por�m, foi desmentido em seguida pela Casa Civil, pelo Minist�rio da Educa��o e pela equipe econ�mica.
O l�der do PROS, Capit�o Wagner (CE), disse que o "boato barato" � do governo. Um dos presentes � reuni�o com Bolsonaro, Wagner se disse surpreso e afirmou que foi chamado para discutir o contingenciamento no MEC e a MP 870, que reestrutura a Esplanada dos Minist�rios.
"Se boato ocorreu e se o boato � barato, o boato � do governo. N�o vou admitir, sendo aliado do governo, ser chamado l� no Pal�cio do Planalto para tratar uma quest�o s�ria como essa, presenciar o presidente da Rep�blica pegar um celular, ligar para o ministro na presen�a de v�rios l�deres partid�rios e, com todas as letras, o presidente disse 'a partir de agora o corte est� suspenso'. Se o governo n�o sustenta o que o presidente falou na frente de 12 l�deres parlamentares n�o sou eu que vou estar por mentiroso perante a na��o", afirmou Wagner, revoltado, na tribuna da C�mara. "Como estava o l�der do governo na C�mara, o l�der do partido do presidente e vem a l�der do governo no Congresso e diz que � boato? De quem � o boato? Quem criou o boato foi o governo, que voltou atr�s e voltou atr�s de novo. Recuou duas vezes. N�o admito ser chamado de mentiroso. Espero que amanh� os deputados que estavam na reuni�o possam indagar o ministro da Educa��o se ele recebeu liga��o do presidente. Porque ou o ministro est� mentindo, ou o presidente n�o ligou para ele. Ser� que o presidente forjou a liga��o na nossa frente? Tenho certeza que n�o. Ent�o, que o governo possa se pronunciar e ter peito para dizer 'estou cortando mesmo e pronto'."
Wagner disse que deseja ajudar o governo, mas que as confus�es entre apoiadores de Bolsonaro levar�o a uma crise de falta de comando no Pa�s. "O governo est� demonstrando mais uma vez que est� batendo cabe�a. Est�o batendo cabe�a o PSL, a fam�lia do presidente e esse guru l� dos Estados Unidos que fica atrapalhando. Ou o presidente assume a lideran�a dessa na��o ou de fato vamos ter um problema grave de falta de condu��o desse Pa�s."
Al�m de Wagner, l�deres de quatro legendas, entre eles do partido do pr�prio presidente, disseram que Bolsonaro telefonou para o ministro da Educa��o, Abraham Weintraub, e determinou que novos cortes deixem de ser feitos.
A informa��o foi dada pelos l�deres do PSL, Delegado Waldir (GO), do Novo, Marcel Van Hattem (RS), do Podemos, Jos� Nelto (GO), e do Cidadania, Daniel Coelho (PE). "O presidente falou que n�o haver� contingenciamento na pasta da Educa��o", disse Diego Garcia (Podemos-PR), que participou da reuni�o. Estavam presentes ainda parlamentares de PV, PSC e Patriota. A reuni�o ocorreu �s 18h, logo ap�s a C�mara aprovar a convoca��o de Weintraub.
Ap�s deputados narrarem a ordem de recuo no MEC, a Casa Civil desmentiu em nota: "N�o procede a informa��o de que haver� cancelamento do contingenciamento no MEC. O governo est� controlando as contas p�blicas de maneira respons�vel".
O MEC afirmou que a liga��o entre o presidente e o ministro nem sequer existiu. Ap�s a confus�o, Weintraub dirigiu-se ao Planalto para falar com o presidente. Segundo a pasta, Bolsonaro disse ao ministro que o bloqueio ser� mantido. O Minist�rio da Economia afirmou em nota que a Presid�ncia n�o pediu revis�o no contingenciamento.
O jornal O Estado de S.Paulo procurou novamente os l�deres. Van Hattem se disse "surpreso" com o desmentido. Garcia tamb�m reafirmou ter visto o telefonema. O porta-voz da Presid�ncia, Ot�vio do R�go Barros, enviou o seguinte esclarecimento: "O presidente disse que, se dependesse dele, n�o haveria corte em nenhum minist�rio. Contudo, afirmou sermos escravos da lei de responsabilidade fiscal".
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