O presidente Jair Bolsonaro enviou, nesta sexta-feira, para amigos, pelo WhatsApp, um texto de autoria desconhecida segundo o qual "o Brasil � ingovern�vel fora dos conchavos". Ainda de acordo com o texto, o governo Bolsonaro deixou isso claro, por se tratar de "um governo at�pico, 'sem jeito' com o Congresso e de comunica��o amadora".
"Venho colocando todo meu esfor�o para governar o Brasil. Infelizmente os desafios s�o in�meros e a mudan�a na forma de governar n�o agrada �queles grupos que no passado se beneficiavam das rela��es pouco republicanas. Quero contar com a sociedade para juntos revertermos essa situa��o e colocarmos o Pa�s de volta ao trilho do futuro promissor. Que Deus nos ajude!", afirmou o presidente.
Leia a �ntegra do texto compartilhado por Bolsonaro:
“Temos muito para agradecer a Bolsonaro.
Bastaram 5 meses de um governo at�pico, "sem jeito" com o congresso e de comunica��o amadora para nos mostrar que o Brasil nunca foi, e talvez nunca ser�, governado de acordo com o interesse dos eleitores. Sejam eles de esquerda ou de direita.
Desde a tal compra de votos para a reelei��o, os conchavos para a privatiza��o, o mensal�o, o petrol�o e o tal "presidencialismo de coaliz�o", o Brasil � governado exclusivamente para atender aos interesses de corpora��es com acesso privilegiado ao or�amento p�blico.
N�o s� pol�ticos, mas servidores-sindicalistas, sindicalistas de toga e grupos empresariais bem posicionados nas teias de poder. Os verdadeiros donos do or�amento. As lagostas do STF e os espumantes com quatro pr�mios internacionais s�o s� a face gourmet do nosso absolutismo or�ament�rio.
Todos n�s sab�amos disso, mas quer�amos acreditar que era s� um efeito de determinado governo corrupto ou cooptado. Na pr�xima elei��o, tudo poderia mudar. Infelizmente n�o era isso, n�o era pontual. Bolsonaro provou que o Brasil, fora desses conchavos, � ingovern�vel.
Descobrimos que n�o existe nenhum compromisso de campanha que pode ser cumprido sem que as corpora��es deem suas b�n��os. Sempre a contragosto.
Nem uma simples redu��o do n�mero de minist�rios pode ser feita. Corremos o risco de uma MP caducar e o Brasil ser OBRIGADO a ter 29 minist�rios e voltar para a estrutura do Temer.
Isso � do interesse de quem? Qual � o prop�sito de o congresso ter que aprovar a estrutura do executivo, que � exclusivamente do interesse operacional deste �ltimo, al�m de ser promessa de campanha?
Querem, na verdade, � manter nichos de controle sobre o or�amento para indicar os ministros que v�o permitir sangrar estes recursos para objetivos n�o republicanos. Historinha com mais de 500 anos por aqui.
Que poder, de fato, tem o presidente do Brasil? At� o momento, como todas as suas a��es foram ou ser�o questionadas no congresso e na justi�a, apostaria que o presidente n�o serve para NADA, exceto para organizar o governo no interesse das corpora��es. Fora isso, n�o governa.
Se n�o negocia com o congresso, � amador e n�o sabe fazer pol�tica. Se negocia, sucumbiu � velha pol�tica. O que resta, se 100% dos caminhos est�o errados na vis�o dos "ana(lfabe)listas pol�ticos"?
A continuar tudo como est�, as corpora��es v�o comandar o governo Bolsonaro na marra e aprovar o m�nimo para que o Brasil n�o quebre, apenas para continuarem mantendo seus privil�gios.
O moribundo-Brasil ser� mantido vivo por aparelhos para que os privilegiados continuem mamando. � fato ineg�vel. Est� assim h� 519 anos, morto, mas procriando. Foi assim, provavelmente continuar� assim.
Antes de Bolsonaro viv�amos em um cativeiro, sequestrados pelas corpora��es, mas t�nhamos a falsa impress�o de que nossos representantes eleitos tinham efetivo poder de apresentar suas agendas.
Era falso, FHC foi reeleito prometendo segurar o d�lar e soltou-o 2 meses depois, Lula foi eleito criticando a pol�tica de FHC e nomeou um presidente do Bank Boston, fez reforma da previd�ncia e aumentou os juros, Dilma foi eleita criticando o neoliberalismo e indicou Joaquim Levy. Tudo para manter o cad�ver procriando por m�ltiplos de 4 anos.
Agora, como a agenda de Bolsonaro n�o � do interesse de praticamente NENHUMA corpora��o (pelo jeito nem dos militares), o sequestro fica mais evidente e o c�rcere come�a a se mostrar sufocante.
Na hip�tese mais prov�vel, o governo ser� desidratado at� morrer de inani��o, com vit�ria para as corpora��es. Que sempre venceram. Daremos adeus Moro, Mansueto e Guedes. Est�o atrapalhando as corpora��es, n�o ter�o lugar por muito tempo.
Na pior hip�tese ficamos ingovern�veis e os agentes econ�micos, internos e externos, desistem do Brasil. Teremos um or�amento destru�do, aumentando o desemprego, a infla��o e com calotes generalizados. Perfeitamente plaus�vel. Claramente poss�vel.
A hip�tese nuclear � uma ruptura institucional irrevers�vel, com desfecho imprevis�vel. � o Brasil sendo zerado, sem direito para ningu�m e sem dinheiro para nada. N�o se sabe como ser� reconstru�do. N�o � imposs�vel, basta olhar para a Argentina e para a Venezuela. A economia destes pa�ses n�o � funcional. Podemos chegar l�, est� longe de ser imposs�vel.
Agrade�amos a Bolsonaro, pois em menos de 5 meses provou de forma inequ�voca que o Brasil s� � govern�vel se atender o interesse das corpora��es. Nunca ser� govern�vel para atender ao interesse dos eleitores. Quaisquer eleitores. Tenho certeza que esquerdistas n�o votaram em Dilma para Joaquim Levy ser indicado ministro. Foi o que aconteceu, pois precisavam manter o cad�ver Brasil procriando. Sem controle do or�amento, as corpora��es morrem.
O Brasil est� disfuncional. Como nunca antes. Bolsonaro n�o � culpado pela disfuncionalidade, pois n�o destruiu nada, ali�s, at� agora n�o fez nada de fato, n�o aprovou nada, s� tentou e fracassou. Ele � s� um �culos com grau certo, para vermos que o rei sempre esteve nu, e � horroroso.
Infelizmente o diagn�stico racional � claro: "Sell".
Ex-candidato assume autoria
Na noite desta sexta-feira (17), um ex-candidato a vereador pelo partido Novo-RJ disse ser o autor do texto compartilhado pelo presidente. De acordo com o jornal Folha de S., Paulo Portinho, 46 anos, se disse assustado com a repercuss�o. "T� torcendo para que acabe hoje � noite, com o pr�ximo tema".