
O ex-prefeito do Rio e vereador Cesar Maia (DEM) viu no an�ncio do presidente Jair Bolsonaro de que poderia nomear o ministro da Justi�a, S�rgio Moro, para o Supremo Tribunal Federal (STF) como um primeiro movimento da sucess�o presidencial de 2022.
A vaga ser� aberta em um ano e meio com a aposentadoria do decano da Corte, Celso de Mello. "Ele (Bolsonaro) precisa tirar da frente aqueles que s�o advers�rios muito fortes, que � o caso do Moro", diz o ex-prefeito e pai do presidente da C�mara, Rodrigo Maia. A seguir, os principais trechos da entrevista.
S�o s� cinco meses, mas foram meses muito agitados. Esperava-se esse desgaste t�o grande, essa perda de popularidade t�o forte?
Temos de analisar o comportamento dos personagens. O presidente (Jair Bolsonaro), por exemplo. Por que ele lan�a o ministro S�rgio Moro como nomeado ao STF? Por uma raz�o muito simples, porque Moro � advers�rio do Bolsonaro como presidente da Rep�blica. A maneira que ele encontrou de eliminar esse advers�rio foi nome�-lo para o STF.
Ele j� tira uma carta do baralho?
A principal, a �nica carta. Ele elimina o principal advers�rio, n�o tem d�vida nenhuma. Pode fazer a pesquisa que voc� quiser entre Moro e Bolsonaro, voc� vai ver o que vai dar. Mostra que o pr�prio presidente est� preocupado com o desdobramento de tudo isso. Ele precisa tirar da frente aqueles que s�o advers�rios muito fortes, que � o caso do Moro.
O sr. v� o ministro como potencial advers�rio do Bolsonaro em 2022? Quem o sr. enxerga nesse universo?
No campo de pensamento do Bolsonaro, s� tem o Moro. Fora do campo dele, hoje, vai ter que se construir essa lideran�a.
De acordo com v�rias pesquisas, no fim das elei��es Bolsonaro tinha uma aprova��o de 49%. Mas de l� para c�, essa aprova��o vem caindo e, em mar�o, se estabiliza em 32%, 35%. Como avalia essa trajet�ria?
Primeiro, como se explica a performance final do Bolsonaro nas elei��es? O que muitos acreditam, e eu acompanho, � que a facada gerou um efeito vitimiza��o. Saiu de vinte e poucos por cento e subiu para quarenta por cento. Mas a� esse efeito passa, a elei��o termina, v�m as entrevistas, a posse. Passado todo esse processo, as pessoas digerem aquilo, sedimenta-se, aquilo que se imagina vitimiza��o n�o � mais. � o presidente da Rep�blica, cercado de pol�cia, militares, Pol�cia Federal. Com isso, vem uma acomoda��o, que deveria ser o patamar dele, que � de trinta e poucos por cento. Temos de aguardar, dar tempo. A expectativa hoje � a de que a economia no primeiro trimestre tenha um crescimento negativo, como dizem os economistas. Isso tudo passa para o governo, que tem os elementos de impacto, de publicidade, de rede social, o que voc� quiser... O governo Bolsonaro passa a ter s� esses elementos. Priorizar as redes sociais n�o adianta mais, eles foram para a televis�o.
A rede social se esgotou?
A tradu��o que est� sendo dada �s redes n�o corresponde � realidade. As redes empoderam o indiv�duo; o indiv�duo, uma vez com o poder que tem, convencido de alguma coisa, vai propagando isso. Mas n�o � um sistema partid�rio. � por isso que Bolsonaro tem dado muitas entrevistas na televis�o. Naturalmente, ele acha que precisa da televis�o para recuperar o prest�gio. As redes sociais cumpriram um papel e continuar�o cumprindo, � um papel importante, mas menor do que se imaginava, que resolvia tudo. Eles est�o sentindo que n�o � assim. Ent�o, precisam da televis�o para gerar um efeito multiplicador maior. Estranho � que ele use pouco o r�dio.
Como v� a a��o do presidente?
N�o sei se o presidente � in�bil. Ele sempre foi isso que �, tem uma lideran�a dos militares, dos policiais. Na hora que ele acha que pode extrapolar e n�o d� certo, ele tem de corrigir. Ele tem corrigido algumas coisas. Quando ele corre para o neg�cio do armamento, isso � uma derrota anunciada. Quando vai passar essa lei? Fico me perguntando porque ele faz um decreto daquela longitude (o decreto das armas) e publica. S� tem uma explica��o: ele foi feito para ser derrubado. Na hora em que derruba, parcialmente que seja, voc� aumenta a agrega��o de seus pr�prios, da base, transfere para fora os problemas e n�o o absurdo que s�o aquelas medidas, que foram publicadas e n�o v�o ser aprovadas. Essa � a t�tica: faz a proposta, diz que fez o que tinha prometido, soma seu pessoal, n�o � aprovado, a culpa � de quem? Da pol�tica velha.
Quer dizer que a crise � um m�todo do atual governo?
Depende do caso. Nesse caso, �. Voc� tomar teses que defendeu, sabe que elas s�o invi�veis do ponto de vista da opini�o p�blica, do ponto de vista do plen�rio muito mais, e vai com elas para frente para serem derrotadas, mesmo que parcialmente, cria uma situa��o de instabilidade. Diz 'n�o tenho culpa, eu tentei, fiz tudo que eu pude'.
Nesse desenho de governo, como fica o caso Queiroz (ex-assessor de Fl�vio Bolsonaro)? E como isso atrapalha os planos de uma reelei��o l� na frente?
Eu n�o sei, porque o caso Queiroz, se tudo isso que se fala � verdade... Ontem mesmo (segunda-feira, dia 20), o Fl�vio (Bolsonaro) disse que n�o fazia a menor ideia de que eles tinham se metido em tanta encrenca. Eles v�o investigar. N�s estamos falando de uma investiga��o aberta que n�o vai durar um ano, com 88 pessoas.
O sr. ficou preocupado com a hist�ria da dela��o de um empres�rio ligado � Gol contra Rodrigo Maia?
Rid�culo, n�? Estou achando que alguns delatores do segundo time, eles criam (nomes de pol�ticos que estariam envolvidos em irregularidades). O problema a� era o (doleiro) L�cio Funaro, (ex-deputado) Eduardo Cunha, a� vem com o terceiro escal�o. Os caras fazem uma den�ncia, criam um personagem, provavelmente para dar algum tipo de destaque � den�ncia dele. Foi t�o inacredit�vel que n�o deu nem para incomodar. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.