
Pressionado a aprovar uma reforma impopular que exige apoio de pelo menos tr�s quintos do Congresso e sem dinheiro para atender a demandas antigas da popula��o, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) enfrenta outro problema grave desde o primeiro dia que pisou no Pal�cio do Planalto: as brigas internas.
O chamado fogo amigo – com recorrente troca de ataques de pol�ticos, que supostamente deveriam ser aliados – se espalhou pela C�mara dos Deputados, Senado, Esplanada dos Minist�rios e, principalmente, dentro do PSL, no qual parlamentares atacam o governo ou membros dele constantemente. As brigas ganham repercuss�o nas redes sociais e geram desgaste extra para o Planalto.
Ontem, a deputada estadual do PSL em S�o Paulo Janaina Paschoal deixou claro o desgaste no partido ao anunciar que pretende deixar a bancada da legenda na Assembleia Legislativa. Ao sair do grupo de Whatsapp do partido ela questionou a sanidade do presidente e desabafou dizendo que seus colegas de partido “est�o cegos” ou “presos em uma bolha”.
“Estou saindo do grupo, vou ver como fa�o para sair da bancada. Acho que ajudei na elei��o, mas preciso pensar no pa�s”, disse a deputada, que ficou conhecida como uma autoras do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
No fim de semana, a l�der do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL) e a deputada Carla Zambelli (PSL) subiram o tom na troca de acusa��es e partiram para ofensas pessoais pelas redes sociais. “Por que a l�der Joice n�o fala nada em suas redes?”, questionou Zambelli sobre derrotas do governo na C�mara.

A resposta da l�der veio com acidez e agressividade: “Estou preocupada com o pa�s e n�o com curtidas em tu�tes ou lives. Porque eu sou inteligente, j� voc� ...”. Logo em seguida, Joice acusou a correligion�ria de praticar nepotismo em seu gabinete, “apesar do discurso contra a corrup��o”.
A l�der do governo no Congresso j� protagonizou outros embates com aliados do presidente Bolsonaro no Parlamento, com cr�ticas ao l�der do governo na C�mara dos Deputados, Major Vitor Hugo (PSL) e ao l�der do Movimento Brasil Livre (MBL), Kim Kataguri (DEM).
O MBL foi um dos grupos que mais se mobilizou pela elei��o de Bolsonaro na campanha do ano passado. “Kim, voc� est� realmente o que sempre foi: um moleque. S� isso e mais nada. Biruta de aeroporto. Pega a chupeta e vai nanar, nen�m”, atacou Joice.
Ontem, a deputada admitiu que a troca de farpas p�blicas entre aliados de Bolsonaro n�o � ben�fico para a aprova��o de pautas de interesse do Planalto no Legislativo, mas n�o fez men��o de baixar o tom nos ataques com algum tipo de pano quente.
“N�o vamos conseguir aliados atacando aqueles que podem votar na gente, conosco. Ent�o, tem uma ou outra figura no meio do caminho que tem que entender que esse clima beligerante atrapalha, n�o ajuda”, disse Joice Hasselmann.
OFENSAS E DEMISS�O
O “clima beligerante” citado pela l�der do governo est� presente entre aliados do Planalto desde os primeiros dias da gest�o Bolsonaro.
Em janeiro e fevereiro, as agress�es entre o filho do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro, e o ent�o ministro da Secretaria-Geral da Presid�ncia, Gustavo Bebianno (PSL), resultaram na primeira demiss�o da Esplanada. Ap�s Carlos chamou Bebianno de mentiroso, que acabou demitido do cargo.
Logo no primeiro m�s do governo, o escritor Olavo de Carvalho, guru de Jair Bolsonaro, mirou sua metralhadora em parlamentares do PSL que fizeram a viagem � China. O n�vel das intrigas foi ao fundo do po�o nas agress�es de Olavo a integrantes das For�as Armadas que participam do governo.
Abusando dos palavr�es em suas postagens nas redes sociais para tratar dos militares, Olavo atacou o vice-presidente Hamilton Mour�o, o ministro general Santos Cruz e v�rios outros generais de alta patente.
O vice-presidente rebateu: “Olavo deve se limitar � fun��o que desempenha bem, que � de astr�logo”. No in�cio do m�s, o escritor atacou tamb�m o cantor Lob�o, que apoiou Bolsonaro na campanha eleitoral e se assumiu como uma das vozes cr�ticas ao PT.