
Manifestantes se reuniram na manh� deste domingo em atos a favor do governo do presidente Jair Bolsonaro em v�rias cidades do pa�s, como Rio de Janeiro, Bras�lia e Belo Horizonte. A manifesta��o foi convocada por meio das redes sociais.
Belo Horizonte
Apoiadores do governo ocuparam a Pra�a da Liberdade, na manh� deste domingo, em defesa do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Mesmo com cinco meses de governo, o ato reproduziu o clima de campanha eleitoral e focou na exalta��o do “mito” em contraponto aos demais pol�ticos.Apesar da orienta��o oficial passada por aliados do governo, de que a pauta se concentrasse na defesa da reforma da Previd�ncia, quem foi �s ruas em Belo Horizonte focou principalmente o discurso em ataques ao Congresso Nacional e ao Centr�o, especialmente na pessoa do presidente da C�mara Rodrigo Maia (Dem). De acordo com os organizadores, 30 mil pessoas foram ao ato. A Pol�cia Militar n�o fez estimativa de p�blico.
'Deixa ele trabalhar'
A reforma da Previd�ncia acabou servindo de mote para cr�ticas � classe pol�tica. L�deres dos movimentos se revezam aos microfones dos carros de som para pedir que deixem o presidente trabalhar. Em um dos cartazes, o recado foi que a “articula��o” gera corrup��o. “Ah, ah, ah, deixa ele trabalhar”, repetiam os que participavam da manifesta��o. Repetida v�rias vezes ao longo do protesto, a frase lembra o jingle de campanha do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva em sua campanha � reelei��o em 2006, que dizia “Deixa o homem trabalhar”.
Veja mais: centenas de pessoas v�o �s ruas de Montes Claros em apoio a Bolsonaro
Outro recado incisivo foi que, para os apoiadores de Bolsonaro, sem a aprova��o da reforma da Previd�ncia, o Brasil quebra. Entre uma execu��o do Hino Nacional e outra, os discursos incitaram os que participaram do protesto a pressionar o Congresso a ajudar Bolsonaro a aprovar suas propostas. Entre elas, quem veio � pra�a tamb�m destacou o pacote anti-crime do ministro S�rgio Moro.
Tamb�m n�o faltou o discurso religioso em defesa da fam�lia, contra a esquerda e o comunismo. Alvo preferencial, Rodrigo Maia foi lembrado em uma das faixas que dizia que o presidente � Bolsonaro e que “2020 vem a�”. Na mesma linha, houve cartazes contr�rios ao “parlamentarismo”.
Por Olavo e contra mil�cia de toga
Al�m de faixas contra Rodrigo Maia, o Congresso e o Centr�o, os manifestantes pregaram o apoio ao escritor Olavo de Carvalho, que representa a ala mais ideol�gica do governo e tem se posicionado contra os militares. Mais uma vez o Judici�rio e a imprensa foram alvos dos apoiadores de Bolsonaro. “Estamos com voc� presidente. Fora mil�cia de toga”, dizia um cartaz.
A advogada Sarita da Silva Santos, de 52 anos, segurava uma faixa em que chama o Congresso Nacional de Congresso de Sindicato de Ladr�es. "� minha opini�o sobre o Congresso, eles s� olham os pr�prios interesses e n�o o da na��o. Tem que fazer o que o povo manda porque foram eleitos pelo povo", disse.
Para ela, Bolsonaro est� sendo prejudicado pelo interesse pessoal de alguns congressistas. "Est� na hora de verem que a �poca da propina e dos conchavos acabou", disse.
Demitir o Centr�o
No carro de som, o deputado estadual Coronel Sandro (PSL) discursou contra o Centr�o. "A esquerda e o Centr�o querem atrapalhar o governo Bolsonaro mas temos um recado pra eles. Na pr�xima elei��o vamos demitir o Centr�o".
O parlamentar acusou os integrantes do Congresso de fazerem chantagem. "Deputados do Centr�o voc�s est�o envergonhando o Brasil. Esse povo todo veio pra rua pra dizer que voc�s s�o empregados e tem que votar pelo bem do Brasil", disse Coronel Sandro. O deputado tamb�m disse que as pessoas de bem mostraram que a direita tamb�m sabe fazer manifesta��o. "Chupa esquerda", disse.
O discurso religioso tamb�m forte no ato. Um dos grupos estendeu um bandeir�o com os dizeres: "Jesus, Senhor do Brasil". Fi�is da Igreja Evang�lica Guerreiras do Alt�ssimo seguraram cartaz pedindo ora��es por Bolsonaro e pelo Brasil.
O grupo cat�lico do Instituto Pl�nio Correia Oliveira (IPC) tamb�m marcou presen�a. “Defendemos os valores da fam�lia cat�lica e crist�, contra a ideologia de g�nero, o casamento homossexual, o aborto e tudo que queira destruir a civiliza��o”, disse o volunt�rio Jo�o V�tor da Silva, de 22 anos.
Contra os comunistas
Durante o ato, manifestantes tamb�m gritaram contra o PT e o comunismo, repetindo o bord�o "A nossa bandeira jamais ser� vermelha". No carro de som do Patriotas, os organizadores pediram que os manifestantes n�o respondessem pesquisadores que estavam em campo colhendo informa��es. "S�o comunistas que est�o querendo distorcer a nossa manifesta��o", disse um l�der. Eles tamb�m alertaram aos presentes para ficarem atentos a blogueiros "que se dizem que direita mas que ficam fazendo fofoca".
Neste domingo, o caminh�o do Movimento Brasil Livre n�o esteve presente, j� que se posicionou contra a manifesta��o. O ato foi coordenado por grupos como o Direita Minas, Patriotas, Movimento Conservador Mineiro e representantes de igrejas. Tamb�m havia um caminh�o do Clube de Tiros com estampa militar.
Sem o MBL
O l�der do movimento conservador mineiro Caio Belotte ironizou a aus�ncia dos colegas que engrossaram os �ltimos atos na pra�a. "Se o MBL n�o quis vir paci�ncia. N�s mostramos que podemos fazer manifesta��o grande sem o MBL", disse.
As manifesta��es do �ltimo dia 15 de maio, quando milhares foram �s ruas se manifestar contra os cortes de verba para a educa��o tamb�m foram lembradas em cartazes e discursos. Uma faixa dizia que n�o era corte, mas contingenciamento.
J� no caminh�o de som, o recado foi que os atos foram cheios porque "diretores comunistas" e "professores doutrinadores" liberaram alunos para participar. Uma jovem tamb�m usou o microfone para dizer aos estudantes que eles n�o devem entrar na "modinha"de ser "socialista" e precisam defender os valores tradicionais da fam�lia.
Cobertura presidencial
O presidente compartilhou, no Twitter, v�deos que mostram apoiadores no Rio de Janeiro, em Juiz de Fora e em S�o Luis do Maranh�o:- Metr� de Copacabana, Rio de Janeiro, h� pouco. pic.twitter.com/hus90Khguv
%u2014 Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) May 26, 2019
Juiz de Fora, Minas Gerais. pic.twitter.com/NSPpuSVTIt
%u2014 Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) May 26, 2019
S�o Lu�s do Maranh�o. pic.twitter.com/XzUPeKT1kx
%u2014 Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) May 26, 2019
Teste nas ruas
Monitoramento
O Pal�cio do Planalto monitora as redes sociais para verificar a possibilidade de participa��o de "infiltrados" ou ativistas "black bloc". H� o temor de que, se houver confus�o, isso possa ser debitado na conta do governo.N�o foi � toa que Bolsonaro repudiou a defesa do fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal nas manifesta��es. Ap�s dizer que o problema do Brasil � a classe pol�tica e de compartilhar mensagem pelo WhatsApp afirmando que o Pa�s � "ingovern�vel" fora dos conchavos, sem poupar nem mesmo a Justi�a, o presidente afirmou que quem apoiar pautas contra o Legislativo e o Judici�rio "estar� na manifesta��o errada".
Temas
Mapeamento da Diretoria de An�lise de Pol�ticas P�blicas da Funda��o Getulio Vargas (Dapp-FGV) identificou que os ataques ao Congresso, em especial ao presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e a parlamentares do Centr�o, geraram a maior mobiliza��o nas redes nos �ltimos dias. O levantamento leva em conta apenas mensagens publicadas no Twitter entre 17 e 24 de maio.
No per�odo analisado, as men��es ao Congresso foram a maioria: 512 mil mensagens. Os outros termos mais citados pelos perfis pr�-Bolsonaro foram reforma da Previd�ncia - 405 mil -, pacote anticrime, com 335 mil, Medida Provis�ria 870, com 232 mil, e STF, com 177 mil. No total, 2,54 milh�es geraram debate em torno dos atos.
O Dapp detectou ainda queda no n�mero de men��es das manifesta��es ao fim da semana. J� o pico foi na quarta-feira de manh� - 41.529 mensagens -, quando Bolsonaro disse que n�o iria aos atos.
(Com informa��es da Ag�ncia Estado)