O DEM iniciou uma ofensiva para deixar de ser rotulado como Centr�o. A estrat�gia do partido, que far� nesta quinta-feira, 30, uma conven��o nacional, foi montada para reagir ao desgaste cada vez maior da imagem de fisiologismo grudada no Centr�o desde a �poca em que o ent�o deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ), hoje preso, comandava o bloco na C�mara.
Sob o mote "O Brasil n�o pode parar", a conven��o do DEM, em Bras�lia, defender� a agenda econ�mica com foco nas reformas da Previd�ncia e tribut�ria, mas, nos discursos, dirigentes do partido manter�o uma dist�ncia regulamentar do Centr�o. A campanha para "desligar" a sigla do grupo tamb�m ter� destaque nas redes sociais.
Classificado pelo presidente Jair Bolsonaro como "velha pol�tica", o Centr�o foi alvo, no domingo, das manifesta��es de rua em defesa do governo. O bloco informal re�ne partidos como DEM, PP, PL (ex-PR), PRB, MDB e Solidariedade e � formado por cerca de 230 dos 513 deputados.
O presidente da C�mara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), � visto como articulador pol�tico do grupo, que j� imp�s uma s�rie de derrotas ao Pal�cio do Planalto, como a retirada do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) das m�os do ministro da Justi�a, S�rgio Moro, e a aprova��o do Or�amento impositivo.
"O Democratas nunca ser� Centr�o", disse o presidente do DEM, ACM Neto, logo ap�s as mobiliza��es, h� quatro dias, dando a senha para a rea��o do partido. Prefeito de Salvador, ACM Neto saiu em defesa de Maia, que foi criticado nas ruas. No Rio, manifestantes carregaram at� mesmo um boneco pixuleco com o rosto do deputado.
"Fiquei triste com os ataques a Maia. Houve exageros nas cr�ticas", afirmou ACM Neto, que ser� reeleito nesta quinta para um mandato de mais tr�s anos na presid�ncia do DEM.
Elei��es
Com tr�s minist�rios no governo (Casa Civil, Sa�de e Agricultura) e o comando da C�mara e do Senado, o DEM tem pesquisas mostrando que, quando a sigla � vinculada ao Centr�o, perde apoio. O desgaste preocupa a c�pula do DEM em um ano pr�-eleitoral. Em 2020, o partido quer apresentar candidatos �s prefeituras das principais capitais e, dois anos depois, ACM deve concorrer ao governo da Bahia. Atualmente, o DEM administra Goi�s e Mato Grosso.
"Quem quebrou o Centr�o fomos n�s, mas isso n�o � dito. E agora Kassab n�o � Centr�o e eu sou?", perguntou o l�der do DEM na C�mara, Elmar Nascimento (BA), em refer�ncia ao ex-ministro Gilberto Kassab, presidente do PSD, partido que foi formado a partir de uma dissid�ncia do DEM. "N�o d� para aceitar isso porque � injusto", completou Elmar.
Na tentativa de se desvincular do Centr�o, dirigentes do DEM lembram que, em julho de 2016, ap�s Cunha renunciar � presid�ncia da C�mara - alvejado pela Lava Lato -, Maia venceu o ent�o deputado Rog�rio Rosso, do PSD de Kassab, na disputa pelo comando da Casa. � �poca, a vit�ria de Maia foi considerada uma derrota do Centr�o e de Cunha, que apoiavam Rosso.
"Somos o partido moderador, que tem se alinhado com o governo na agenda econ�mica, mas n�o na pauta de costumes", observou o deputado Efraim Filho (DEM-PB). "Ent�o, n�o vamos deixar de apoiar propostas do governo, se tivermos identidade com elas, porque o Centr�o � contra, e vice-versa. N�o temos alinhamento autom�tico."
Apesar de ocupar tr�s minist�rios na equipe de Bolsonaro, o DEM n�o integra a base aliada do Planalto, sob o argumento de que tem "autonomia e independ�ncia". A c�pula do partido alega, ainda, que os ministros Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Luiz Mandetta (Sa�de) e Tereza Cristina (Agricultura), embora filiados, s�o da "cota pessoal" de Bolsonaro.
O inc�modo com o r�tulo "Centr�o" aumenta � medida que o "bombardeio" nas redes � ampliado. Nos bastidores, deputados t�m certeza de que essas cr�ticas s�o puxadas pelo presidente e por seu filho "02", o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ).
O grupo que d� as cartas do poder na C�mara costuma ser associado, desde a era Cunha, a pr�ticas que ficaram conhecidas como "toma l�, d� c�". "N�o existe Centr�o. Isso � uma inven��o sem sentido", afirmou o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), l�der da Maioria.
Veto
A dire��o de jornalismo da C�mara proibiu, nesta quarta-feira, 29, o uso do termo "Centr�o" nos meios oficiais de comunica��o da Casa, como r�dio, TV, ag�ncia e redes sociais, sob a alega��o de que a palavra � usada "pejorativamente para designar alguns partidos que poderiam ou n�o entrar na base do governo".
Um e-mail enviado aos profissionais afirma que o "r�tulo" � uma "abstra��o" porque o grupo n�o existe formalmente como bloco de atua��o na C�mara. A reportagem apurou que Maia n�o foi consultado sobre a proibi��o antes da distribui��o da circular. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
POL�TICA