
Os dois ex-funcion�rios ligados a Fabr�cio Queiroz empregados no gabinete do vereador carioca Carlos Bolsonaro (PSC), filho do presidente Jair Bolsonaro, nunca emitiram crach� funcional ou registraram entrada como visitantes na C�mara Municipal do Rio de Janeiro.
O �rg�o afirma que qualquer servidor da Casa precisa fazer uma das duas coisas para comprovar que tem frequ�ncia, mesmo que exer�a fun��es externas - um deles estava registrado como motorista.
Documentos obtidos por meio da Lei de Acesso � Informa��o mostram que Claudionor Gerbatim de Lima e M�rcio da Silva Gerbatim, investigados pelo Minist�rio P�blico do Rio, passaram o per�odo em que estavam lotados no gabinete de Carlos sem ter a presen�a atestada pelo sistema da C�mara. "Se for servidor da CMRJ, para qualquer fun��o que exercer, dever� utilizar o crach� funcional", diz a nota enviada pela assessoria da Casa � reportagem. "Para nomeado para cargo em comiss�o ou efetivado via concurso p�blico, o crach� funcional ser� emitido para acesso �s depend�ncias do Legislativo, seja qual for a atividade a ser exercida."
Claudionor e M�rcio tiveram sigilos banc�rio e fiscal quebrados na investiga��o que apura suposto esquema de lavagem de dinheiro no gabinete do hoje senador Fl�vio Bolsonaro (PSL-RJ) na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) entre 2007 e 2018, al�m da pr�tica de "rachadinha" - por meio da qual assessores "fantasmas" devolvem parte do pr�prio sal�rio para o parlamentar que os nomeou. Eles j� estiveram lotados em gabinetes dos dois irm�os na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), quando Fl�vio era deputado estadual, e na C�mara municipal, com Carlos.
Claudionor e M�rcio s�o, respectivamente, sobrinho da atual mulher de Fabr�cio Queiroz e ex-marido dela. Queiroz � o piv� da investiga��o sobre repasses suspeitos na Alerj. Ele era, oficialmente, motorista de Fl�vio, quando movimentou em sua conta cerca de R$ 1,2 milh�o entre janeiro de 2016 e o mesmo m�s do ano seguinte. O valor foi considerado "at�pico" pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) - caso revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Rod�zio
Os parentes da ex-mulher de Queiroz fizeram uma esp�cie de rod�zio entre os gabinetes dos dois irm�os. Empregado como motorista pelo vereador entre abril de 2008 e abril de 2010, M�rcio foi nomeado logo depois como assessor-adjunto no gabinete de Fl�vio na Alerj, onde ficou at� maio de 2011. No mesmo dia, Claudionor ganhou a vaga no gabinete de Carlos na C�mara Municipal.
Para o especialista em direito administrativo Carlos Ari Sundfeld, professor da FGV-SP, o fato de n�o haver registro de entrada dos assessores de Carlos � um "ind�cio s�rio" de que eles "n�o exerciam fun��o nenhuma". Isso pode configurar, afirma Sundfeld, improbidade com dano ao er�rio, j� que os servidores recebiam sal�rios por fun��es que supostamente n�o exerciam. "Ainda � um ind�cio, mas um ind�cio s�rio", disse.
Por telefone, o chefe de gabinete de Carlos Bolsonaro, Jorge Lu�s Fernandes, disse que a C�mara do Rio j� havia respondido aos questionamentos da reportagem, e garantiu que Claudionor e M�rcio foram funcion�rios efetivos do vereador. Ele, no entanto, n�o explicou qual era fun��o que Claudionor exercia - M�rcio era motorista. O chefe de gabinete tamb�m afirmou que, se os crach�s n�o foram emitidos, quem tem de responder por isso � a C�mara, que � a respons�vel pelo cadastro, e n�o o gabinete do vereador. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.