Planalto age para caso Moro n�o alcan�ar Bolsonaro

� seguindo conselhos de ministros, militares e assessores que o presidente Jair Bolsonaro tenta se equilibrar entre duas posi��es ap�s a divulga��o de supostas trocas de mensagem entre o ent�o juiz S�rgio Moro e o procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol: n�o atrair a crise para dentro do Planalto, mas, ao mesmo tempo, "n�o jogar homem ao mar", ou seja, nem assumir a linha de frente e mobilizar o governo para a defesa de Moro nem simplesmente abandonar o agora ministro da Justi�a, um dos principais trof�us do governo.

� assim que Bolsonaro tem evitado declara��es p�blicas sobre os fatos em si e as mensagens que foram reveladas pelo site The Intercept Brasil, mas fazendo gestos de apoio � figura de Moro e tirando fotos ao lado dele. Tr�s dias ap�s a divulga��o, Bolsonaro e seu porta-voz, general Ot�vio do R�go Barros, praticamente n�o tinham se referido ao epis�dio, mas presidente e ministro da Justi�a se reuniram na segunda-feira, 10, voltaram a se encontrar nesta quarta-feira, 12, em almo�o com a presen�a do diretor-geral da Pol�cia Federal, delegado Maur�cio Valeixo, e acertaram ir juntos ao jogo entre CSA e Flamengo, na mesma noite, no Est�dio Man� Garrincha, de Bras�lia, com grande visibilidade.

A princ�pio, a informa��o do governo era de que a conversa serviu para tratar de uma medida provis�ria que trata da apreens�o de bens de traficantes. Mais tarde, o porta-voz admitiu que os vazamentos foram tema da conversa.

Na avalia��o do Pal�cio do Planalto e dos principais interlocutores do presidente, as revela��es trazem desgaste, porque mostram contatos e conversas inadequadas de um juiz com procuradores - que t�m o papel de acusa��o em a��es judiciais -, mas o principal, do ponto de vista pol�tico, � que a opini�o p�blica continua, majoritariamente, simp�tica a Moro e � Opera��o Lava Jato.

Em resumo: pode n�o gostar de ver Moro envolvido numa hist�ria no m�nimo mal contada, mas d� prioridade a toda a atua��o e � simbologia de Moro no combate � corrup��o.

D�vidas

H�, por�m, duas d�vidas: quanto ao material ao qual o site teve acesso, gra�as a invas�es ilegais de celulares de ju�zes e procuradores, e quanto aos efeitos pr�ticos das rea��es e press�es do mundo jur�dico, sobretudo envolvendo a condena��o do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva.

O governo n�o sabe, at� agora, se o site divulgou todo o material mais comprometedor, ou se guarda cartas na manga para lan�ar estrategicamente, quando, e se, a press�o contra Moro aumentar. Tamb�m n�o sabe se as revela��es podem causar uma reviravolta na condena��o e nos processos de Lula, o que teria grande impacto popular.

Na vers�o divulgada sobre as mensagens trocadas por meio do aplicativo Telegram, Moro dava orienta��es aos procuradores da for�a-tarefa e chegou a sugerir uma testemunha de acusa��o contra Lula, o que vem sendo recriminado, por exemplo, por advogados, associa��es e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), amea�ando a nomea��o de Moro para a Corte, possivelmente, no pr�ximo ano. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.