A nota enviada anteriormente cont�m uma incorre��o no trecho que fala sobre a quantidade de mulheres na Executiva Nacional do PV. A quantidade correta � de 60 mulheres, e n�o de 70, como havia sido informado. Segue o texto corrigido.
A investida da Justi�a Eleitoral para ampliar a participa��o feminina nas elei��es n�o alterou a ampla predomin�ncia de homens nas dire��es nacionais dos partidos. Levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo mostra que em 19 das 30 siglas que elegeram deputados federais em 2018 as mulheres representam menos de 1/3 da composi��o da executiva nacional.
O levantamento foi feito com base em documentos entregues ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e nos sites dos partidos. As legendas com maior representa��o feminina nas suas dire��es nacionais s�o o PT - que � presidido pela deputada federal Gleisi Hoffmann (PR) -, com 13 mulheres entre 28 integrantes (46%), e o PSOL, com 8 de 19 nomes (42%).
J� a legenda com a c�pula mais "masculina" � o PSD, do ex-ministro Gilberto Kassab: s�o duas mulheres em um total de 34 dirigentes (6%). O DEM, partido que tem tr�s minist�rios no governo e preside o Senado e a C�mara dos Deputados, vem logo depois: s�o tr�s mulheres em um total de 38 integrantes (8%). O MDB, do ex-presidente Michel Temer, tem duas mulheres entre os seus 21 dirigentes nacionais (11%).
No PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, s�o 35 mulheres em um total de 101 dirigentes nacionais (35%), de acordo com o TSE. O PP, que tem a terceira maior bancada na C�mara, tem onze mulheres entre os 100 integrantes de sua dire��o executiva (11%).
Al�m do PT, apenas tr�s partidos com representa��o no Congresso t�m presidentes mulheres: Luciana Santos, do PCdoB, La�s Garcia, que divide o cargo de porta-voz da Rede com um homem, e a deputada federal Renata Abreu (SP), do Podemos.
Apesar dos exemplos, a reportagem identificou que, na maioria das legendas, as mulheres est�o em postos de menor relev�ncia, geralmente em pastas tem�ticas e sem acesso a amplos recursos ou a decis�es do dia a dia. Nos partidos, a explica��o recorrente � de que existe uma baixa ades�o de mulheres � pol�tica.
"O n�mero de mulheres que procura a pol�tica � menor que o de homens. Enfrentamos dificuldades para ter candidatas. Meu marido, por exemplo, n�o gosta de ficar longe da esposa tr�s vezes por semana em Bras�lia", disse Renata Abreu, l�der do Podemos. Ela afirmou que seu partido, uma das maiores for�as do Senado, planeja fazer altera��es em seu estatuto para que todos os diret�rios tenham pelo menos 30% de mulheres em suas executivas.
O presidente nacional do Partido Verde, Jos� Luiz Pena, considera "lament�vel" que o porcentual de mulheres nas c�pulas partid�rias seja t�o baixo. "H� um interesse menor das mulheres, al�m do machismo at�vico da nossa sociedade", afirmou o dirigente. O PV tem 18 mulheres entre os 60 membros da executiva.
Para Fl�via Biroli, presidente da Associa��o Brasileira de Ci�ncia Pol�tica (ABCP) e professora da Universidade de Bras�lia (UnB), a sub-representa��o das mulheres � estrutural. "Quando voc� olha as trajet�rias dos pol�ticos e das pol�ticas, � muito frequente que o homem tenha sido secret�rio no munic�pio, prefeito, deputado estadual, depois deputado federal ou governador. Com as mulheres, voc� olha para as secretarias e esse elo � menor. Por que as mulheres n�o s�o indicadas pelos partidos para as secretarias? A maioria dos partidos nunca assumiu o compromisso", disse a professora.
Segundo ela, outro problema � o fato de a reserva de vagas para candidaturas de no m�nimo 30% ser vista quase como um teto, e n�o um piso. "Para mudar a situa��o, a melhor maneira seria reservar assentos nos espa�os legislativos."
Taxa
O Movimento Transpar�ncia Partid�ria detectou em um levantamento que, de 2008 a 2018, a taxa de sucesso de mulheres em elei��es foi de 6%, ante 18% dos homens. Tamb�m identificou que o n�mero de mulheres filiadas avan�ou de 5,5 milh�es em 2008 para 7,4 milh�es em 2018. Segundo a institui��o, quatro em cada dez filiados s�o mulheres, mas isso n�o basta para dar for�a pol�tica �s candidatas.
"S�o positivas as iniciativas que busquem ampliar a participa��o feminina na pol�tica, mas h� uma discuss�o anterior: a participa��o delas nos cargos de dire��o partid�ria, que � esquecida no debate p�blico", afirmou Marcelo Issa, presidente do Transpar�ncia Partid�ria.
"As mulheres ocupam poucos cargos de lideran�a. Eram apenas 20% dos dirigentes nos �rg�os nacionais e isso aumentou de maneira t�mida nos �ltimos dez anos. H� demanda e interesse crescentes das mulheres pela pol�tica, mas isso n�o se reflete na presen�a delas nas fun��es de dire��o nos partidos."
Ranking mundial
Dados da Uni�o Interparlamentar, organiza��o que compara Parlamentos ao redor do mundo, indicam que o Brasil ocupa o 133� lugar no ranking mundial de presen�a feminina no Legislativo, atr�s de pa�ses como Afeganist�o, Paquist�o e Ar�bia Saudita. Ruanda, Cuba, Bol�via e M�xico lideram o ranking.
Em 2019, o n�mero de mulheres na C�mara dos Deputados passou de 51 para 77 parlamentares - 15% do total de cadeiras. A m�dia mundial � de 24,3%. Os Estados do Amazonas, Maranh�o e Sergipe n�o t�m representante feminina na C�mara.
Por outro lado, o maior Estado, S�o Paulo, elegeu uma recordista de votos. A deputada Joice Hasselmann (PSL), estreante na pol�tica e l�der do governo de Jair Bolsonaro no Congresso, foi a segunda parlamentar mais votada na C�mara dos Deputados. Com mais de um milh�o de votos em 2018, Joice � a mulher mais votada na hist�ria da Casa.
Os primeiros lugares da disputa no legislativo federal tamb�m foram ocupados por mulheres no Acre, com Mara Rocha (PSDB), e no Piau�, com Rejane Dias (PT). J� o Distrito Federal elegeu em primeiro lugar Fl�via Arruda (DEM) e foi a unidade da Federa��o que formou a maior bancada com maior propor��o feminina: dos oito parlamentares, cinco s�o mulheres - o que representa mais de 63%.
No Senado, h� hoje 12 senadoras para um total de 81 cadeiras (14,8%). As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
POL�TICA