Suplente teve 1,4% dos votos de Eduardo Bolsonaro

A foto de capa do Facebook do m�dico Vinicius Rodrigues � uma bandeira do Brasil ao lado de um cartaz com a seguinte frase: 'PT N�o". Em seu perfil, tamb�m h� uma foto dele ao lado de Jair Bolsonaro e uma postagem em que defende a nomea��o do filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, para a embaixada Washington, nos Estados Unidos. "Eduardo � a cara do Novo Brasil: preparado, fam�lia, conservador, jovem e pronto para crescer", escreveu ele.

Rodrigues � o primeiro suplente do PSL de S�o Paulo para C�mara dos Deputados. Ou seja: se Eduardo renunciar ao cargo para assumir o posto no EUA, � Rodrigues quem assumir� o mandato de deputado federal, apesar de ter obtido 71,5 vezes menos votos que o atual titular da cadeira.

Eduardo foi eleito com a maior vota��o da hist�ria para um deputado federal (1.853.735 votos). Rodrigues, estreante da pol�tica, recebeu 25.908 votos - ou 1,4% do titular. Ele n�o se abala com a diferen�a. "Se for chamado, vou trabalhar para contribuir com essa mudan�a que o Brasil est� vivendo", afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo.

Morador de Sorocaba, casado e cat�lico, o m�dico defende a nomea��o de Eduardo e atribuiu �s criticas que indica��o recebeu � uma campanha da esquerda contra o governo Bolsonaro. "O Eduardo � advogado, n�o � formado pelo Instituto Rio Branco, mas ele vai ser embaixador e n�o diplomata. Tentam inferiorizar a experi�ncia dele, por ter dito que fritou hamb�rguer. Isso � um dem�rito? Algu�m, por fritar hamb�rguer, se torna pior do que um embaixador?", disse.

Radiologista, Rodrigues trabalha em tr�s hospitais de Sorocaba, entre eles o Regional, hospital p�blico mantido pelo Estado. S�o 16 horas por dia, segundo ele. "Come�o �s 6 da manh� e quase sempre vou at� 10 da noite." Ele afirma que sempre foi muito politizado, mas s� depois de formado passou a acompanhar a pol�tica. "Na faculdade, fui s� representante de classe. Nunca me envolvi com o movimento estudantil porque era, e ainda �, essencialmente um movimento de esquerda." Em 2013, passou a se reunir com grupos de direita que depois integrariam o Partido Novo. "Ficamos por um breve per�odo, mas logo nos desfiliamos para entrar no PSL."

Nascido em Sorocaba, em 3 de setembro de 1988, ele deixou a cidade aos 18 anos para cursar a Faculdade de Medicina de Mar�lia (Famema), universidade p�blica estadual. Retornou � sua terra em 2016, com a resid�ncia conclu�da. No ano passado, casou-se com Luciana Sattin, com quem mora no condom�nio Vila dos Ingleses, residencial de alto padr�o, na zona oeste da cidade. O casal n�o tem filhos. "Moramos juntos desde 2016", confidenciou.

Ele reconhece que se tornou suplente de deputado beneficiado pela onda do bolsonarismo. Sem participar da vida p�blica da cidade, obteve cerca de 16 mil votos em Sorocaba - mais que muitos pol�ticos locais de renome - e 4 mil em Votorantim, cidade vizinha. Rodrigues afirma que bancou do pr�prio bolso a maior parte dos quase R$ 130 mil gastos na campanha.

Amigos descrevem o m�dico, que prefere ser chamado de Dr. Vin�cius Rodrigues ("� meu nome na Justi�a Eleitoral") como um jovem idealista e viciado em trabalho. "Sou suspeito para falar porque � meu amigo e comungamos dos mesmos ideais, mas ele � um jovem de �tima forma��o, um profissional excelente e dedicado. Acredito que, no parlamento, vai fazer muito por Sorocaba", disse o vereador Luiz Santos (Pros), pastor evang�lico. Um colega que pediu para n�o ser identificado o descreveu com individualista e vaidoso "mas boa pessoa".

Se chegar � C�mara, afirma que pretende engrossar a Frente Parlamentar da Medicina para reduzir os impostos sobre rem�dios, defender o Sistema �nico de Sa�de (SUS) e as causas da regi�o em que nasceu. "A melhor cidade do mundo � Sorocaba", disse.

Enf�tico na defesa da gest�o Bolsonaro, ele afirma que o governo est� no caminho certo. Existe, segundo ele, um processo natural de resist�ncia ao plano de governo de quem venceu as elei��es. "Estamos fazendo uma ruptura cultural no pa�s. H� uma resist�ncia velada que n�o � s� a do petista infiltrado, mas de setores que se acham prejudicados. A direita ganhou as elei��es e vem ocupando os espa�os. Ningu�m gosta de perder. A esquerda quebrou o pa�s, colocando a ideologia acima da qualidade t�cnica e do desenvolvimento nacional. Agora reagem porque estamos acabando com a desorganiza��o. Perderam e v�o perder de novo, por muitos e muitos anos."

No Twitter, chamam a aten��o os ataques aos "esquerdistas" e a defesa do governo. De 15 de junho at� quarta-feira (17), foram 29 postagens, sendo 11 com elogios ao governo e fotos de Bolsonaro, 8 com ataques ao PT e � esquerda, 4 com elogios a Moro e 3 reproduzindo posts de Eduardo e Carlos. Apenas duas postagens n�o eram pol�ticas. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.