postado em 04/08/2019 06:00 / atualizado em 04/08/2019 10:46
(foto: Carl DE SOUZA/AFP)
Diariamente, s�o registrados pelo menos 366 crimes cibern�ticos em todo o pa�s. O levantamento mais recente, feito em 2018 pela associa��o SaferNet Brasil, em parceria com o Minist�rio P�blico Federal (MPF), contabilizou 133.732 queixas de delitos virtuais, como pornografia infantil, conte�dos de apologia e incita��o � viol�ncia e crimes contra a vida e viol�ncia contra mulheres ou misoginia e outros.
Em compara��o ao ano anterior, a quantidade de ocorr�ncias deu um salto de quase 110% – em 2017, a associa��o registrou 63.698 den�ncias. Um fator que contribui para a a��o criminosa, na vis�o de especialistas, � o descuido da popula��o quanto ao uso de ferramentas que protejam os aparelhos celulares das invas�es de hackers. Apesar de ser imposs�vel estar 100% a salvo, o m�nimo de precau��o pode reduzir as amea�as � privacidade de cada um.
“Utilizamos os celulares intensamente. Eles s�o dispositivos que cont�m dados individualizados sobre o que cada um de n�s pensa e como nos comportamos. Portanto, por eles serem um grande guardi�o de informa��es sobre n�s mesmos, s�o necess�rios cuidados com rela��o � seguran�a deles. Vivemos em uma sociedade onde a vigil�ncia est� se incrementando”, diz o professor Jorge Henrique Fernandes, do Departamento de Ci�ncias da Computa��o da Universidade de Bras�lia (UnB).
Segundo ele, al�m do crescimento da quantidade de crimes cibern�ticos no �ltimo ano, os recentes ataques a celulares de autoridades da Rep�blica, como o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Justi�a e Seguran�a P�blica, S�rgio Moro, mostram que o sistema telef�nico � bastante suscet�vel � intercepta��o de mensagens.
“O sistema telef�nico n�o garante o sigilo das comunica��es de forma perfeita. O investimento das empresas tem sido mais para fazer com que o usu�rio n�o perca uma liga��o ou conex�o do que no sentido de impedir que essa conversa seja interceptada. Essa fragilidade � um problema mundial”, afirma. Para Jorge Henrique, atitudes mais convencionais, como a utiliza��o de senhas para controlar o acesso a aplica��es e a c�pia de documentos importantes em outro dispositivo, s�o o primeiro passo para se resguardar da a��o de invasores.
Especialista alerta para comportamento na internet
“Os aparatos tecnol�gicos, de fato, foram feitos para nos espionar, e o principal problema desses equipamentos � n�o deixar claro qual tipo de informa��o ele coleta do usu�rio. Isso � agravado pela falta de educa��o inform�tica das pessoas, que n�o sabem a dimens�o do poder do dispositivo que t�m em m�os. Por isso, � recomend�vel que cada pessoa que usufrui da tecnologia reflita sobre at� que ponto o que elas fazem virtualmente tem import�ncia e como v�o se comportar na internet”, recomenda o professor.
Professor e advogado especializado em direito digital e prote��o de dados, Fabricio Mota sugere que, ao utilizar computadores p�blicos, as pessoas evitem acessar redes sociais e sempre navegar na internet em abas an�nimas. Al�m disso, n�o repetir a mesma senha em v�rios dispositivos. Segundo ele, � recomend�vel um c�digo para cada aplica��o. Quanto mais dif�cil ele for, alternando entre caracteres especiais, n�meros e letras mai�sculas e min�sculas, melhor.
“Senhas biom�tricas, que solicitem a impress�o digital, uma confirma��o por voz ou a leitura da �ris do olho s�o prefer�veis. O usu�rio tem de ser receoso. Sempre atualizar o antiv�rus dos seus aparelhos e usar uma rede privada virtual para filtrar as redes de wi-fi gratuitas. A partir do momento em que temos a percep��o do risco, adotar provid�ncias para diminuir as amea�as ser� algo quase instintivo”, garante o especialista.
Desafio das empresas � barrar ataque sem atrapalhar usu�rios
Ao incorporar esses h�bitos no cotidiano, o usu�rio deixar� de se incomodar com a quantidade de ferramentas de prote��o, frisa o coordenador do curso de seguran�a da informa��o do Instituto de Educa��o Superior de Bras�lia (Iesb), Francisco Marcelo Marques. No entanto, ele reconhece que um dos grandes desafios �s empresas de tecnologia � conseguir gerar consumo com os n�veis de seguran�a necess�rios, sem interferir na comodidade de quem utiliza os aparelhos.
“O objetivo de qualquer aplica��o � facilitar a a��o do usu�rio. Portanto, o ser humano acaba tendo um comportamento mais relaxado. Al�m disso, muitos acham que nunca ser�o hackeados, pois julgam que as suas informa��es pessoais n�o s�o importantes. A� � que est� o perigo. � preciso desconfiar sempre”, alerta.
Marques destaca que a disponibilidade � inversamente proporcional � confidencialidade. Ou seja, quanto maior for a seguran�a, a tend�ncia � que menos algum dado confidencial esteja dispon�vel. “� fundamental ativar todos os mecanismos de prote��o que a aplica��o oferece, pois existem instabilidades que fogem do nosso controle. Maior seguran�a significa menor conforto. A pregui�a � inimiga da precau��o”, finaliza.