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Estado de Minas

Ataque de hackers a autoridades desafia governo e empresas brasileiras

Investidas virtuais contra pessoas p�blicas com a capacidade de expor dados pessoais devem se tornar mais comuns, segundo especialistas


postado em 04/08/2019 06:00 / atualizado em 04/08/2019 10:46

(foto: Cristiano Sant'Anna/Indicefoto )
(foto: Cristiano Sant'Anna/Indicefoto )

As autoridades brasileiras descobriram da pior maneira que uma guerra cibern�tica � travada silenciosamente todos os dias no mundo. Bilh�es de ataques virtuais contra empresas, pessoas, �rg�os p�blicos e na��es ocorrem 24 horas por dia. Com o avan�o da tecnologia, que permite uma comunica��o r�pida e eleva a atividade humana no meio virtual, surgem tamb�m grandes problemas e situa��es que exigem a��es complexas para ser resolvidas.

Uma s�rie de invas�es aos celulares de procuradores da Lava-Jato, do ministro da Justi�a, S�rgio Moro, de jornalistas, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e parlamentares � apenas uma amostra dos estragos que podem ser causados por a��es hostis com o uso da internet.

Especialistas apontam que o Estado brasileiro colhe agora o resultado de d�cadas de atraso no investimento em seguran�a da informa��o e em tecnologias para coibir a a��o de hackers crimes cibern�ticos. 

Assim como o resto do mundo, o Brasil entrou na era em que a privacidade � reduzida � for�a, e exige mudan�a no comportamento de autoridades, executivos, famosos e profissionais que em apenas um minuto podem se tornar o alvo de investidas de grupos mal-intencionados.

As mudan�as apontadas para mitigar danos causados pela exposi��o, sequestro de dados e destrui��o de arquivos v�o desde altera��es nas rotinas pessoais at� a restri��o de assuntos que s�o tratados por meio de aplicativos de mensagens ou correio eletr�nico. Al�m de pessoas, �rg�os p�blicos inteiros, tribunais e servi�os de comunica��o, at� mesmo o sistema energ�tico pode ser alvo de danos em decorr�ncia da a��o de crackers, como s�o chamados os criminosos virtuais.


O livro Guerra cibern�tica: a pr�xima amea�a � seguran�a e o que fazer a respeito aponta um cen�rio ainda distante da atual realidade brasileira, mas deixa o alerta sobre at� onde pode chegar uma investida criminosa pelos sistemas de internet. At� mesmo governos podem ser autores de pr�ticas reprov�veis e at� terroristas para gerar preju�zos para um alvo.

No caso dos procuradores, pelos relatos que foram informados at� agora para a Pol�cia Federal e � imprensa, ocorreu um misto de despreocupa��o excessiva e aus�ncia de instru��o. Uma simples ferramenta, usada no pr�prio aplicativo Telegram, por onde supostamente ocorreram os vazamentos, impediria o acesso ao conte�do privado. A verifica��o em duas etapas pode ser ativada nas configura��es do aplicativo, e impede que o conte�do seja acessado sem que ocorra acesso ao celular do usu�rio.

A tend�ncia � que esses ataques se repitam em todas as esferas do poder, e se tornem cada vez mais sofisticados, criando uma sociedade onde a privacidade � cada vez mais restrita. O consultor de seguran�a digital Leonardo Sant’Anna, especialista em cybercrime, afirma que os desafios de seguran�a digital avan�am em um ritmo bem maior que a rea��o do governo brasileiro.

“Esses tipos de ataques v�o continuar. � preciso que se tenha a percep��o de quem voc� �. Tem que fazer uma an�lise do n�vel de risco a ser submetido. Quanto maior o n�vel hier�rquico e os problemas aos quais se est� ligado, mais necess�ria � a busca por uma seguran�a de comunica��o.”

O especialista alerta que, mesmo diante dos casos recentes de invas�o, o setor p�blico n�o tem se adaptado. Para ele, o Estado tem que adquirir produtos que fa�am o bloqueio de ferramentas que s�o colocadas nos celulares. “Imagino que pelos menos o ministro S�rgio Moro e os procuradores afetados, a partir de agora, n�o v�o utilizar o celular da maneira como usavam antes. N�o acessar uma rede wi-fi que n�o conhecem. N�o temos essa cultura de seguran�a no setor p�blico. Nas empresas privadas j� temos”, completa.

Consci�ncia para mudar postura on-line


Professor e advogado especializado em direito digital e prote��o de dados, Fabricio Mota refor�a que a tecnologia n�o � infal�vel e que ela est� sujeita a todo tipo de invulnerabilidade. “Temos de fazer o nosso dever de casa e adotar comportamentos seguros para evitar falhas. N�o conseguimos controlar a tecnologia e saber de fato se ela � segura. Por isso, � necess�rio mudar a nossa postura com rela��o a ela para que a maior parte da culpa de uma eventual invas�o n�o seja nossa”, analisa.

Estar consciente do risco, lembra Mota, � fundamental para que o usu�rio tenha no��o de seguran�a. O conselho � v�lido especialmente para os brasileiros, visto que no ano passado o Brasil ficou entre os cinco pa�ses  que mais gastam tempo usando celular, atr�s de Indon�sia, Tail�ndia, China e Coreia do Sul, segundo relat�rio da consultoria especializada em dados sobre aplicativos para dispositivos m�veis App Annie.

Vazamentos na Lava-Jato


Assim que os vazamentos dos procuradores da Lava-Jato vieram � tona, alguns ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) se preocuparam com o acesso n�o s� aos seus celulares pessoais, mas tamb�m aos sistemas da corte. O temor � que ocorra o vazamento de processos em segredo de Justi�a, inclusive alguns temas que s�o considerados de seguran�a nacional. Nos �ltimos anos, o tribunal tem investido no ambiente virtual para acelerar o andamento das a��es. De acordo com balan�o divulgado pelo STF, at� agora, 96% das a��es j� tramitam por meio eletr�nico.

At� mesmo julgamentos s�o realizados por meio do chamado plen�rio virtual, em que os integrantes do Supremo tomam decis�es p�blicas ou em segredo de Justi�a. O presidente da corte, Dias Toffoli, destaca que o sistema tem sido refor�ado, mas que uma invas�o n�o pode ser descartada. “Qualquer sistema pode ser alvo de um ataque. N�o estamos livres disso. Mas at� o momento n�o se registrou nenhuma investida contra o tribunal”, disse.


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