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Estado de Minas

Deltan Dallagnol deve ser punido a partir de ter�a por conte�do de conversas vazadas

Celebrado como o l�der da maior opera��o de combate � corrup��o da hist�ria do pa�s, Dallagnol v� seu prest�gio ser rapidamente corro�do a cada divulga��o de mensagens do Telegram


postado em 11/08/2019 04:00 / atualizado em 11/08/2019 07:22

Coordenador da maior operação contra a corrupção, Dallagnol está agora sendo alvo de representações contra ele por causa dos diálogos vazados(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press - 17/8/16)
Coordenador da maior opera��o contra a corrup��o, Dallagnol est� agora sendo alvo de representa��es contra ele por causa dos di�logos vazados (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press - 17/8/16)

Bras�lia – No “olho do furac�o”. O chav�o um dia usado pelo procurador Deltan Dallagnol para se vender como palestrante nunca foi t�o apropriado, como agora, para descrever a situa��o do chefe da for�a-tarefa da Lava-Jato. Com o vazamento dos di�logos entre procuradores de Curitiba e o esc�ndalo das atividades privadas, al�m de ind�cios de direcionamento das investiga��es sobre personagens espec�ficos, o pato-branquense de 39 anos est� acuado. Nas rodas dos tribunais de Bras�lia � dado como certo algum tipo de puni��o a ele a partir da pr�xima ter�a-feira, durante sess�o do Conselho Nacional do Minist�rio P�blico (CNMP).


Celebrado como o l�der da maior opera��o de combate � corrup��o da hist�ria do pa�s, Dallagnol, ap�s cinco anos de Lava-Jato, agora v� seu prest�gio ser rapidamente corro�do a cada divulga��o de mensagens do Telegram. A pr�xima sess�o do colegiado tem uma pauta com um total de 146 itens, incluindo dois procedimentos contra o coordenador da for�a-tarefa da Lava-Jato. Um deles � uma Reclama��o Disciplinar aberta a pedido do senador Renan Calheiros (MDB-AL), que acusa o coordenador da Lava-Jato de fazer contra ele acusa��es falsas desde 2017, ainda no per�odo pr�-eleitoral, “em n�tida tentativa de influenciar o resultado do pleito”, segundo trecho do documento. Em mar�o, ao anunciar a reclama��o disciplinar pelo Twitter, Calheiros chamou Dallagnol de “pistoleiro de reputa��es”.


No CNMP, as reclama��es disciplinares s�o abertas pelo corregedor nacional do Minist�rio P�blico. � a partir da an�lise do voto do corregedor que o plen�rio decide abrir ou n�o processo administrativo-disciplinar. Um procedimento desse tipo contra Dallagnol tamb�m est� na pauta da pr�xima sess�o do colegiado. Ele resulta de uma queixa apresentada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, e est� relacionada a entrevista concedida por Dallagnol � r�dio CBN, em 2018, na qual ele afirmou que a Suprema Corte passa a mensagem de leni�ncia a favor da corrup��o em algumas de suas decis�es.


“Dallagnol cruzou o rubic�o”, disse um subprocurador da Rep�blica com tr�nsito nos conselhos e tribunais do centro do poder. A express�o refere-se � proibi��o romana de se atravessar o Rio Rubic�o, fato desconsiderado por J�lio C�sar na ca�ada a Pompeu, em 49 a.C. Assim como o imperador, Dallagnol assumiu riscos que o tornaram ref�m das pr�prias decis�es. “O principal deles foi ter supostamente tornado a mulher uma laranja. As mulheres s�o a base da fam�lia diante dos olhos de ju�zes e do povo. Enquanto homens s�o sacrificados, elas conseguem o perd�o, veja os casos das esposas de Eduardo Cunha e S�rgio Cabral”, continuou o membro do Minist�rio P�blico.


No caso de Cunha, a mulher dele, Claudia Cruz, foi absolvida pelo ent�o juiz e hoje ministro da Justi�a S�rgio Moro, um dos protagonistas das conversas vazadas da for�a-tarefa. No caso dele, a tend�ncia � de que ocorra, no primeiro momento, algum cuidado dos cr�ticos da Lava-Jato, incluindo os pr�prios integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF). Moro tem popularidade ainda em alta, podendo reverter ataques. “N�o � o caso de Dallagnol. H� pouqu�ssimas chances de ele conseguir escapar de um afastamento, mesmo que m�nimo”, disse um aliado do procurador.


A situa��o de Dallagnol � t�o dram�tica que alguns colegas chegaram a sugerir uma licen�a for�ada por um ou dois anos, at� a poeira baixar – o procurador recusou a sugest�o e disse que enfrentar� at� o fim as representa��es no CNMP. “N�o h� a menor chance de ele se licenciar, estamos fechados e vamos enfrentar o processo”, disse um procurador pr�ximos � for�a-tarefa ao Estado de Minas, que pediu reservas em rela��o ao nome. Os investigadores, por�m, sabem que a situa��o neste momento � dif�cil. “Ser� um julgamento pol�tico, o momento n�o � bom para ele, pois o CNMP � pressionado tanto pelo Supremo quanto pelo Congresso”, disse o procurador com informa��es sobre o conselho. Entre ministros, h� o inc�modo por causa do avan�o de Dallagnol sobre personagens da corte. No caso dos parlamentares, trata-se de uma esp�cie de desforra, a partir do controle que o Senado tem sobre as recondu��es no CNMP.

 

Atividades Filho do procurador de Justi�a Agenor Dallagnol, o coordenador da for�a-tarefa da Lava-Jato se formou em direito pela Universidade Federal do Paran� (UFPR). Protestante fervoroso da Igreja Batista, o procurador, quando nem imaginava que os bastidores da Opera��o Lava-Jato viriam � tona, era um festejado palestrante em concorridos eventos empresariais e corporativos, atividade remunerada que viria a se tornar uma de suas maiores dores de cabe�a. Dallagnol tamb�m emprestava seu talento de palestrante em eventos beneficentes e em igrejas evang�licas.


Os resultados expressivos da Lava-Jato, como a pris�o de pesos-pesados da pol�tica e a recupera��o de altas quantias desviadas pelos esquemas de corrup��o, conferiram grande respeitabilidade aos procuradores do Minist�rio P�blico Federal (MPF) de Curitiba, como tamb�m ao ent�o juiz S�rgio Moro. O �pice do prest�gio veio em dezembro de 2016, quando a Lava-Jato ganhou pr�mios nacionais e internacionais por causa do combate � corrup��o. Nesses casos, o principal nome nas cerim�nias era o pr�prio Dallagnol.


O homem que saiu da pequena Pato Branco, a 450 quil�metros de Curitiba, para conquistar a confian�a e a admira��o de todo o pa�s, entretanto, depois de ganhar o respeito de magistrados se viu como uma persona non grata para parte dos ministros da Suprema Corte. A divulga��o de di�logos que indicam que ele incentivou outros procuradores a investigar o presidente do STF, Dias Toffoli, sua mulher, a advogada Roberta Rangel, e o ministro Gilmar Mendes caiu como uma bomba e aumentou a press�o para que Dallagnol se afaste da coordena��o da Lava-Jato.


O promotor de Justi�a do estado de S�o Paulo Rog�rio Sanches Cunha, professor de direito penal do LFG S�o Paulo, lamentou que a Lava-Jato esteja hoje com sua credibilidade sendo questionada em raz�o da avalanche de mensagens que foram impulsionadas em 9 de junho, quando o site The Intercept Brasil come�ou a s�rie de reportagens sobre o lado desconhecido da opera��o. “Seria muito triste ver provas obtidas por meio il�cito prevalecerem sobre as provas obtidas legalmente”, disse, em refer�ncia �s suspeitas de que as mensagens divulgadas pelo site tenham sido captadas por meio da a��o de hackers. “Mas essas mensagens n�o interferem nos m�ritos das causas em julgamento; se algumas delas indicassem a inoc�ncia de um condenado, a� seria diferente. Mas, pelo pouco que li das mensagens, nenhuma delas ‘beatifica’ culpados”, acrescentou o membro do Minist�rio P�blico paulista. 


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