Um novo n�cleo de ministros de confian�a do presidente Jair Bolsonaro tem trabalhado, a partir do quarto andar do Pal�cio do Planalto, no planejamento de medidas que antecipam as disputas nas elei��es municipais do pr�ximo ano, bem como uma poss�vel campanha � reelei��o em 2022. Sem baixar o discurso de polariza��o, o foco agora passa por a��es mais identificadas com a "velha pol�tica", como viagens cada vez mais frequentes a regi�es do Pa�s hoje administradas pela oposi��o, participa��o em programas populares de TV e libera��o de mais emendas a prefeituras, em um gesto de aproxima��o com congressistas.
Segundo ministros, o presidente s� espera concluir a reforma da Previd�ncia no Senado e assegurar a aprova��o do nome do filho Eduardo como embaixador em Washington para movimentar de vez a engrenagem da m�quina do governo e percorrer o Pa�s.
Como exemplo do roteiro que deve ser seguido nos pr�ximos meses, o presidente participou na semana passada de evento em Sobradinho, na Bahia, na segunda viagem ao Estado em menos de um m�s. Nos discursos em palanque e tamb�m em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Bolsonaro refor�ou a ideia de que os governadores da regi�o agem "para dividir o Pa�s", enquanto ele trabalharia para unir. O repasse de dinheiro por meio de emendas cumpriria a tarefa de atrair aliados especialmente nessas cidades do Nordeste, reduto do PT e onde o PSL tem reduzida influ�ncia pol�tica, e manter a popularidade nos munic�pios do Sudeste e Sul do Pa�s.
Na linha de frente do n�cleo pol�tico pr�ximo de Bolsonaro est�o hoje os ministros Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Augusto Heleno Ribeiro (Gabinete de Seguran�a Institucional); o chefe de Gabinete, Pedro C�sar de Souza; o secret�rio de Comunica��o, F�bio Wajngarten; e ainda o porta-voz, general R�go Barros. O grupo se intitula de "n�cleo pensante". Os ministros da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e da Secretaria-Geral, Jorge Oliveira, tamb�m s�o chamados para quest�es espec�ficas.
Oliveira, que j� cuidava tamb�m da �rea jur�dica do governo, � considerado pessoa de extrema confian�a de Bolsonaro e, desde o in�cio da sua gest�o, tem a prerrogativa de despachar sozinho com o presidente. Ele esta � frente do setor que analisa os projetos dos minist�rios e d� parecer a decis�es do presidente.
J� a entrada do general quatro estrelas Ramos, amigo de Bolsonaro do tempo da caserna, no lugar do tr�s estrelas Carlos Alberto Santos Cruz - demitido em junho ap�s diverg�ncias sobre as estrat�gias da equipe de comunica��o - teve o efeito de esfriar eventuais cr�ticas das For�as Armadas � sa�da de um militar.
Na hierarquia do Pal�cio, Ramos tem o controle da Secretaria de Comunica��o, que est� nas m�os de Wajngarten. O publicit�rio j� colocou o presidente nos est�dios de programas populares de TV, como S�lvio Santos e Ratinho.
As grandes mudan�as na base pol�tica de Bolsonaro ocorrem em paralelo a medidas consideradas cir�rgicas. Na semana passada, o governo afastou M�rcia Amorim da Secretaria Especial de Moderniza��o do Estado - controlada por Oliveira. M�rcia � ligada ao ex-ministro Gustavo Bebianno, exonerado da Secretaria-Geral da Presid�ncia depois de entrar em atrito com Bolsonaro e seu filho, Carlos.
�Guerra�
A nova configura��o do "n�cleo duro" do governo tem chancelado o discurso do presidente com ataques a setores dos direitos humanos, meio ambiente e imprensa. Nos encontros, Bolsonaro e seus auxiliares repetem a todo momento que existiria uma "guerra" em curso, com uma tentativa crescente de atingir a imagem pessoal do presidente e "destruir" seu governo, seus ministros e familiares.
Segundo o relato de um colaborador do presidente, Bolsonaro disse na semana passada que "de guerra" ele entende, tem "treinamento" e sabe "como combater inimigo". Por isso, pretende manter um discurso que investe na polariza��o. Um interlocutor do Planalto disse que uma das "armas" de Bolsonaro contra a imprensa - considerada "inimiga" - foi a medida provis�ria que acaba com a obrigatoriedade de publica��o de balan�os em jornais de grande circula��o.
Emendas. O governo federal j� liberou R$ 450 milh�es em emendas a munic�pios de janeiro a julho deste ano, valor que supera o desembolso registrado nos �ltimos tr�s anos.
O deputado Herculano Passos (MDB-SP),vice-l�der do governo na C�mara e presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Munic�pios, afirmou que a agilidade do governo em liberar emendas se deve ao empenho da articula��o pol�tica do Planalto e � "boa vontade" dos minist�rios em realizar os pagamentos. "O governo est� pagando mais as emendas e mais r�pido", disse. "Isso � bom para todo mundo. Para a popula��o, porque os servi�os s�o prestados, para o prefeito, que passa por dificuldade, e para o parlamentar."
A oposi��o discorda da avalia��o e v� interesse eleitoral no movimento do governo. "Existe a percep��o de que h� uma tentativa do governo de criar condi��es de disputa eleitoral no ano que vem a partir da utiliza��o desses instrumentos", disse o senador Humberto Costa (PE), l�der do PT no Senado. "Da parte dos governadores, especialmente no Nordeste, de oposi��o, n�o existe esse fluxo t�o f�cil de libera��o dos recursos."
Levantamento do Estad�o/Broadcast mostrou que a Caixa Econ�mica Federal reduziu a concess�o de empr�stimos para o Nordeste. Em 2019, at� julho, o banco autorizou financiamentos no valor de R$ 4 bilh�es para governadores e prefeitos de todo o Pa�s. Para o Nordeste, foram fechadas menos de dez opera��es, que totalizaram R$ 89 milh�es, ou cerca de 2,2% do total - volume muito menor do que em anos anteriores.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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