A estimativa � que a floresta, que se estende por seis milh�es de quil�metros quadrados, em oito pa�ses, j� tenha perdido um quinto de sua cobertura vegetal
Nesta sexta-feira (16), dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amaz�nia (Imazon), reveleram que o desmatamento na Amaz�nia aumentou 15% nos �ltimos 12 meses, em rela��o ao mesmo per�odo de 2018. Mas, indo al�m, qual � a situa��o da Amaz�nia?
De dimens�o continental, a floresta se estende por seis milh�es de quil�metros quadrados, em oito pa�ses, sendo 60% de sua �rea no Brasil, ocupando nove estados no Norte, Nordeste e Centro-Oeste do pa�s. A estimativa � que Amaz�nia j� tenha perdido um quinto de sua cobertura vegetal. “Ela perdeu de 18% a 20% da mata nativa. E a floresta tem um limite do ponto de vista da biodiversidade. Esse limite j� est� batendo na conta”, afirma o doutor em meio ambiente Andr� Cutrim, professor da Universidade Federal do Par� (UFPA).
Devasta��o quatro vezes maior que Portugal
De acordo com dados do Inpe, nos �ltimos 20 anos, foram devastados 436 mil quil�metros quadrados de floresta. Isso � quatro vezes o territ�rio de Portugal. Um risco para o bioma que abriga dezenas de milhares de esp�cies – 40 mil esp�cies de plantas, 427 de mam�feros, 1.294 de aves, 378 de r�pteis, 3 mil de peixes.
O recorde ocorreu em 1995, quando o desmatamento chegou a 29 mil quil�metros quadrados, mais do que todo o estado de Alagoas, que tem �rea de 27 mil quil�metros quadrados. Em 2012, essa taxa atingiu o menor �ndice (4,6 mil), mas depois voltou a crescer. De 2013 pra c�, o aumento foi de 27%, passando de 5,9 mil para 7,5 mil quil�metros quadrados.
(foto: Arte: AFP)
Floresta corre risco de virar cerrado
Especialistas apontam que, nesse ritmo, o equil�brio do bioma caminha para ser rompido entre 10 e 20 anos. “Se a gente continuar assim, algumas gera��es pra frente n�o v�o ver Amaz�nia, alta e verdejante. Ela se transformar� em algo perto de uma mata de cerrado”, afirma o gerente do Programa Amaz�nia do WWF-Brasil, organiza��o mundial de defesa do meio ambiente, Ricardo Mello.
Os alertas, emitidos pelo Inpe e que desencadearam a crise entre o instituto e a Presid�ncia da Rep�blica, indicaram em julho o aumento de 278% da �rea desmatada em rela��o ao ano passado. A �rea sem cobertura vegetal passou de 596 quil�metros quadrados, em julho de 2018, para 2.254 quil�metros.
Questionado pelo presidente Bolsonaro, esse sistema de alerta, que funciona desde 2004, d� suporte � fiscaliza��o e controle de desmatamento do Ibama e demais �rg�os ambientais. Por sat�lite, ele consegue identificar e mapear, quase imediatamente, desmatamentos e altera��es na cobertura florestal com �rea m�nima pr�xima a 1 hectare. A confirma��o � feita pelas equipes de fiscaliza��o, que geram novos dados para medir o desmatamento.
O impacto da agropecu�ria na Amaz�nia
Mas o aumento dos alertas este ano acendeu o sinal vermelho em rela��o ao patrim�nio natural da humanidade. “O desmatamento da Amaz�nia continua sendo principalmente causado pela atividade pecu�ria e a especula��o fundi�ria, com a grilagem de terra p�blica e a invas�o de territ�rio ind�gena”, ressalta Mello. Inc�ndios tamb�m est�o destruindo o bioma.
A destrui��o pode ter efeitos sobre o clima e a disponibilidade de �gua do planeta, de acordo com o especialista.
Segundo o pr�prio Minist�rio do Meio Ambiente (MMA), os rios amaz�nicos comportam cerca de 20 % da �gua doce do mundo e a floresta constitui importante estoque de gases respons�veis pelo efeito estufa. “A Amaz�nia � uma bomba de �gua. Sem ela, essa umidade vai reduzir, criando desertos. Ela tamb�m funciona como uma esponja de carbono, absorvendo da atmosfera e estocando na pr�pria planta”, explica Mello.
O professor da UFPA aponta para a import�ncia s�cio-econ�mica da preserva��o da floresta, que pode ajudar o Brasil a crescer. “A press�o sobre a Amaz�nia � cada vez mais violenta. Os modelos de desenvolvimento exclu�ram a floresta desse processo, sendo que a riqueza de sua biodiversidade deveria ser vista como alternativa de desenvolvimento do nosso pa�s”, diz Cutrim.