
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), afirmou que incluir Estados e munic�pios na reforma da Previd�ncia � "essencial" e disse estar confiante no "bom senso" dos senadores. Em entrevista, o governador defendeu a privatiza��o da Companhia Energ�tica de Minas Gerais (Cemig) - "n�o � quest�o ideol�gica, � quest�o de olhar o futuro" -, negou que esteja sendo "tutelado" pelo partido Novo e avaliou que o presidente Jair Bolsonaro deveria evitar "pautas min�sculas" e "focar em coisas maiores, grandiosas". Leia os principais trechos da entrevista:
O sr. est� confiante na aprova��o de uma PEC paralela que inclua Estados e munic�pios na reforma da Previd�ncia? J� disse que a reforma deve incluir as unidades "por bem ou por mal".
A inclus�o dos Estados e munic�pios na reforma da Previd�ncia � essencial. O caso de Minas � um exemplo clar�ssimo. Temos um d�ficit anual com a Previd�ncia do servidor p�blico estadual de R$ 18 bilh�es. Al�m desse problema financeiro grav�ssimo, (se a reforma excluir Estados e munic�pios) estaremos criando outro problema jur�dico-legal. Cada Estado, caso aprove o seu sistema previdenci�rio, vai ter particularidades, e cada munic�pio ter� especificidades. Isso vai gerar uma complexidade gigantesca no futuro. Se um servidor p�blico trabalhou em uma ou duas prefeituras em dois ou tr�s Estados, na hora de se aposentar, o c�lculo disso ser� imposs�vel. Temos de fazer uma regra que inclua todos. Quando digo que a reforma ser� feita por bem ou por mal, � por esse motivo. Se ela n�o for feita agora por bem, ela ter� de ser feita em algum momento. Com o agravante de que, at� l�, a situa��o ter� piorado.
Acha poss�vel uma mudan�a no texto final no Senado?
Estou otimista porque, se a reforma n�o incluir Estados e munic�pios, ela ficar� pela metade. � como abrir um paciente, retirar um tumor, ver que tem um segundo tumor e deixa ele l� porque a previs�o da opera��o inicial era apenas de um tumor. Os senadores t�m consci�ncia disso e penso que haver� bom senso.
Vai encaminhar uma reforma do regime previdenci�rio regional � Assembleia?
Sim. Vamos encaminhar uma s�rie de medidas, dentre elas uma reforma na Previd�ncia do funcionalismo p�blico.
"O governo tem boas inten��es, mas tem pecado na coordena��o. Em alguns momentos a comunica��o deixa a desejar, entra em pautas min�sculas, enquanto dever�amos focar em coisas maiores, grandiosas, imprescind�veis"
Romeu Zema
Esse pacote inclui a PEC que retira a obriga��o de referendo popular para a venda de companhias p�blicas. A privatiza��o da Cemig (Companhia Energ�tica de Minas Gerais) � uma decis�o sem volta?
O que a Cemig fez nos �ltimos anos foi distribuir recursos muito acima do que poderia a t�tulo de dividendos, antecipando impostos estaduais. Ela foi operada como caixa adicional do Estado, n�o como uma empresa que tem gest�o. Hoje, para quem quer investir em Minas, dificilmente a Cemig tem energia dispon�vel. Que Estado nessa situa��o atrai empresas? � uma empresa que foi sucateada. Para ficar em dia, ela teria de investir R$ 21 bilh�es. O dono dela � o Estado e o Estado est� falido. Precisamos ter um dono que injete recursos e n�o que drene recursos, como aconteceu. A privatiza��o n�o � quest�o ideol�gica, � quest�o de olhar o futuro.
O sr. montou a articula��o com pessoas ligadas ao ex-governador e deputado A�cio Neves (PSDB), que chamou o seu governo de "principiante" e defendeu a sa�da do PSDB de sua base. Precisou recorreu a Jo�o Doria?
Num encontro com Doria eu comentei sobre o PSDB em Minas, mas sei que o PSDB de Minas � quem decide. Somos um governo principiante, sim, mas tenho certeza de que somos muito mais eficientes e �ticos que qualquer um que houve em Minas. N�o tenho amarras. Colocamos quem � adequado para o cargo. Temos nomes do PSDB e de v�rios outros partidos. Coincidiu de meu vice, Paulo Brant, ter proximidade com o PSDB e trazer nomes.
O Novo vota de forma coesa projetos do governo Bolsonaro. Qual sua avalia��o sobre a administra��o federal?
O governo tem boas inten��es, mas tem pecado na coordena��o. Em alguns momentos a comunica��o deixa a desejar, entra em pautas min�sculas, enquanto dever�amos focar em coisas maiores, grandiosas, imprescind�veis. Faz parte do estilo dele (Bolsonaro) levantar pol�micas que, do meu ponto de vista, n�o seriam necess�rias.
Como foi a experi�ncia da dire��o do Novo acionar um �rg�o para monitorar as a��es do seu governo? Considera isso tutela?
De forma alguma. N�o sei de onde surgiram not�cias de que meu relacionamento com a dire��o do partido, com o Jo�o Amo�do (presidente do partido), n�o estava bom. Eles (Departamento de Apoio ao Mandat�rio) estiveram em novembro e dezembro ajudando no processo de sele��o do secretariado, coisa que, se eu tivesse de capitanear, seria muito dif�cil. Eles est�o acompanhando o governo, mas temos total liberdade para governar. N�o existe tutela, existe acompanhamento. � igual a um pai que exige que o filho tire nota boa. Se ele quer estudar deitado, no chuveiro ou na beira da piscina, independe, desde que tire nota boa. Eles t�m oxigenado minhas ideias e dos secret�rios. S�o pessoas que t�m familiaridade com as ideias liberais muito mais do que eu.