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Estado de Minas POL�TICA

FHC: 'Se Doria quer candidatura, Bolsonaro � advers�rio'


postado em 24/08/2019 12:20

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso endossou a t�tica do correligion�rio e governador de S�o Paulo, Jo�o Doria, de se distanciar criticamente do presidente Jair Bolsonaro. Para FHC, eventual fus�o entre PSDB e DEM n�o significa, necessariamente, uma guinada � direita da sigla tucana. Sobre a decis�o de rejeitar a expuls�o do deputado A�cio Neves (MG), afirmou que a dire��o seguiu o estatuto do partido. O ex-presidente concedeu ontem entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo em Buenos Aires, onde participou de semin�rio.

O PSDB decidiu rejeitar a expuls�o do deputado A�cio Neves que era cobrada pelos diret�rios paulistas. Como o senhor observou essa decis�o?

Pelo que eu vi, seguiram o estatuto (do partido). O estatuto diz que a pessoa tem de ser condenada para ser expulsa. Ent�o, o diret�rio n�o tinha muita alternativa. Seguiu o estatuto. Eu n�o falei com o governador Doria sobre a mat�ria. Eu acho que, a uma certa altura, o juiz de quem deve se afastar � o pr�prio A�cio Neves. � quest�o de ele ver o quanto isso pode ajudar ou atrapalhar o partido. � claro que ele tem de fazer um balan�o entre os interesses dele e os do partido. Eu acho que o homem p�blico sempre pensa na estrutura, na institui��o. Mas, no caso, eu n�o estava l� e n�o sei qual argumento foi usado, mas tem muita gente do PSDB que est� acusada. Por que v�o tirar um s�?

O senhor acha que tenha sido uma derrota do governador Doria e do prefeito Bruno Covas?

N�o, eu n�o acredito que tenha sido. Eu n�o sei o quanto ele se envolveu, mas n�o acredito que tenha sido.

Ent�o, o senhor avalia que deveria ser uma iniciativa pr�pria do deputado A�cio Neves. Baseada em �tica e moral?

Baseada no sentimento dele: "se est� prejudicando o partido, eu me afasto". Agora, ele tem de balan�ar isso com os interesses jur�dicos porque isso pode enfraquecer a postura dele. Pode ser uma esp�cie de antecipa��o de reconhecimento de culpa.

O senhor acha que isso pesou?

Ah, sem d�vida.

Como v� o atual posicionamento de Doria, que agora � cr�tico do governo Bolsonaro?

Eu acho que esta fase � melhor porque, objetivamente, se o governador Doria quiser ser candidato, o Bolsonaro � advers�rio, n�o � aliado.

O governador pondera isso nessa decis�o?

Sem d�vida.

PSDB e DEM deveriam mesmo caminhar para uma fus�o?

Acho que a estrutura partid�ria brasileira est� t�o esfarelada, t�o fragmentada, que muitas fus�es seriam bem-vindas. Sou presidente de honra do PSDB, mas n�o tenho contato com o dia a dia. Emito minha opini�o como observador. Acho que a fragmenta��o � de tal natureza que vamos precisar de uma reorganiza��o da vida partid�ria. Na verdade, o que n�s constru�mos na Constitui��o de 1988, bem ou mal, est� terminando. � preciso renascer de outra maneira. Acho que, nesta fase de transi��o, na qual a internet joga um papel enorme, ou seja, a rela��o de pessoa a pessoa salta as institui��es, � o momento em que as pessoas se voltam para os l�deres, para as pessoas. Ent�o, n�o sei quais ser�o as pessoas que v�o aparecer no Brasil com for�a suficiente para reorganizar. As pessoas que tinham ou est�o j� fora porque foram derrotadas ou porque est�o velhas ou porque est�o presas.

O PSDB n�o est� ao centro e o DEM � direita?

� verdade. Sempre foi assim.

Combinam?

O miolo do PSDB era um centro que olhava para os pobres, digamos assim. Uma centro-esquerda. Pouco a pouco, foi-se deslocando para o centro. O mundo foi para o centro.

Mas chegou � centro-direita?

N�o chegou.

Com Doria, n�o?

Bom, pode ser que algumas pessoas tenham chegado, mas o partido, no seu conjunto, n�o chegou. Agora, o que acontece no mundo? Voc� hoje tem o liberalismo autorit�rio ou o liberalismo progressista. Acho que o PSDB deveria alinhar-se ao liberalismo progressista.

Mas com o DEM n�o ficaria bem mais � direita?

O DEM mudou muito. L�deres do DEM que est�o conversando com o PSDB j� t�m outra cabe�a. N�o s�o da gera��o dos av�s.

Existe uma alternativa de centro no Brasil?

Acho que sim. No Brasil e no mundo. N�o h� vantagem em ser velho, mas eu vivi muito. Eu vi o Brasil, num certo tempo, polarizado: Vargas ou contra Vargas. Get�lio ou anti-Get�lio. Resultou depois numa fragmenta��o e numa organiza��o de um centro. Eu acho que a posi��o assumida pelo governo atual, no plano dos costumes, n�o corresponde ao sentimento da sociedade brasileira. A cultura brasileira � de muita transig�ncia, muita acomoda��o. Agora na polariza��o, isso desaparece. � preciso voltar o p�ndulo para um lugar mais adequado. Para isso, � preciso ter algu�m que expresse, que fale. Na �rea econ�mica, n�o se pode ter uma ideia estatizante porque o Pa�s saiu dessa fase. Mas, no plano da sociedade e dos costumes, tem de olhar para a pobreza, tem de olhar para a parte mais fraca. Tem de ter pol�ticas p�blicas ativas que n�o sejam de "esquerda". No passado, esquerda era f�cil. Era controle social dos meios de produ��o. Isso desapareceu. Hoje, s�o pol�ticas p�blicas ativas em benef�cio da maioria.

Nesse espa�o de centro, quem deveria ser o representante? Luciano Huck seria esse o nome?

Ele tem a possibilidade. O Luciano Huck � um homem que, certamente, tem popularidade. Qual � a quest�o do Luciano Huck? � transformar-se de celebridade na TV em l�der pol�tico para a popularidade se tornar voto. N�o � a mesma coisa.

O projeto Luciano Huck deve ser sustentado pelo centro pol�tico brasileiro?

Se ele tomar os passos necess�rios, sim. Eu acho que, quando uma pessoa � um l�der, � o l�der quem tem de abrir o caminho.

Tem algum outro nome?

N�o, porque, dos nomes que est�o, certamente o governador de S�o Paulo � forte. Se � governador de S�o Paulo � porque demonstrou capacidade eleitoral. Quando ganhou a Prefeitura e depois o governo, foi ele quem ganhou. N�o foi o partido propriamente.

Mas o senhor diz que candidato paulista, por vir de um Estado rico, n�o ganha elei��es para presidente no Brasil...

Sim, tem muitas dificuldades. Mas o Doria � baiano (risos).

A indica��o de Eduardo Bolsonaro para a embaixada em Washington deveria ser revista?

Se eu fosse presidente, n�o nomearia um filho meu para a embaixada de Washington porque, primeiro, exp�e muito a pessoa. Segundo, no caso dos nossos filhos, eles n�o s�o diplomatas. N�o t�m forma��o necess�ria para fazer frente aos m�ltiplos desafios de uma embaixada. O presidente Bolsonaro abriu um flanco enorme para aqueles que querem atac�-lo. N�o vejo vantagem nenhuma em ter rela��o direta pessoal, atrav�s de um filho, com o setor mais reacion�rio dos EUA. Exp�e o Brasil mais uma vez. O mundo est� num momento dif�cil porque aquele entendimento aparente que havia entre EUA e China est� se esgar�ando. Precisamos, primeiro, olhar para o que vai acontecer. Segundo, tirar proveito. Um embaixador que � filho do presidente n�o tem nunca condi��es de fazer um jogo mais sutil nessas mat�rias porque o filho � a voz do presidente. � mais arriscado.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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