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Estado de Minas POL�TICA

'Bolsonaro nasceu no extremo, sempre foi o que � hoje', diz S�rgio Abranches


postado em 01/09/2019 14:00

Em um cen�rio de crise pol�tica, que n�o acabou com a elei��o, o presidente Jair Bolsonaro n�o tem sido capaz de buscar uma "concilia��o" e dialogar com demais setores da sociedade. A an�lise � do soci�logo e cientista pol�tico S�rgio Abranches, autor de, entre outros livros, Presidencialismo de Coaliz�o - Ra�zes e Evolu��o do Modelo Pol�tico Brasileiro.

"Ele nasceu no extremo. Sempre foi o que �. Est� na direita, bem l� na ponta", disse em entrevista ao Estado. Segundo Abranches, a perda de popularidade de Bolsonaro � "preocupante". "Qualquer fagulha pode pegar fogo."

O soci�logo afirmou ainda que a polariza��o minou a centro-esquerda e empurrou o PT, principal partido de oposi��o, para uma esquerda de "posi��es que j� deveria ter abandonado", enquanto PSDB e DEM foram puxados para a direita.

"Est� vazia uma centro-esquerda e at� um centro mais moderado, com uma vis�o mais social, um posicionamento contempor�neo, reformista, que tenha consci�ncia da crise dos empregos, dessa nova economia, que entenda que a globaliza��o � inevit�vel e que o mundo hoje � mais cosmopolita."

Por que, com apenas oito meses de um novo governo, j� se fala em cen�rios para 2022?

O Brasil est� em uma crise pol�tica desde o in�cio do segundo mandato de Dilma Rousseff. A crise n�o foi superada. O impeachment agravou a crise e agu�ou a polariza��o. Michel Temer tamb�m n�o conseguiu superar a crise, que, depois, virou paralisia de governo no momento em que ele precisou obter o veto para impedir que fosse processado no Supremo. A polariza��o que continuou no governo Temer desaguou nas elei��es de 2018, que foram disruptivas, mas pouco construtivas.

Pesquisa divulgada na segunda-feira, 26, mostrou que a desaprova��o pessoal do presidente Bolsonaro subiu de 28% para 53%. Isso � motivo de preocupa��o?

H� raz�es para ficar preocupado. A crise n�o acabou com o fim da elei��o. Continua sendo um governo no contexto de uma crise pol�tica, que se agravou porque o presidente tem uma atitude de confronta��o. Ele n�o � capaz de um movimento de concilia��o, de uma abertura para setores da sociedade e do mundo. � muito fechado. Em geral, quando o presidente perde rapidamente popularidade, temos um quadro de instabilidade da pr�pria governan�a. Isso pode produzir um tipo de conflito que n�o seria positivo para o momento atual. Temos a continua��o da crise econ�mica, uma situa��o social que n�o � boa, um contexto como o Cerrado na seca. Qualquer fagulha pode pegar fogo. � um quadro preocupante.

H� uma discuss�o em torno da fus�o de partidos, notadamente entre DEM, hoje representado pela figura do presidente da C�mara, Rodrigo Maia, e pelo PSDB, liderado pelo governador Jo�o Doria. Como avalia essa possibilidade?

� muito prov�vel que haja esse processo de fus�o de partidos � medida que vamos nos aproximando de 2020, a n�o ser que o Congresso revogue a proibi��o de coliga��es proporcionais, o que seria muito ruim. O movimento natural � que aqueles com certa afinidade de valores e comportamentos se fundem. O PSDB se moveu para a direita, � natural que se funda com o DEM. S�o partidos de centro-direita. Jo�o Doria, Alexandre Frota (expulso do PSL), as novas rela��es foram movendo o partido mais para a direita, ainda que haja uma fac��o mais � esquerda, claramente minorit�ria, e candidata a buscar outra legenda.

O sr. entende que Bolsonaro foi empurrado para o extremo?

N�o, ele nasceu no extremo. Sempre foi o que �. Ele at� andou tentando maquiar a posi��o dele, dizendo que � de centro-direita, mas ele � de direita mesmo, l� na ponta.

E quem vai ocupar o espa�o do centro na pol�tica nacional?

O espa�o que est� ficando vazio na pol�tica hoje � a centro-esquerda. O PT est� na sua pr�pria crise e n�o consegue formular uma nova posi��o, mais contempor�nea e alinhada com os desafios do s�culo 21. H� uma parte importante da centro-esquerda sem representa��o. Com a polariza��o, o PT foi empurrado para uma esquerda de posi��es que j� deveria ter abandonado, retr�gradas. J� outros partidos foram sendo puxados para a direita. Est� vazia uma centro-esquerda e at� um centro mais moderado, com uma vis�o mais social, um posicionamento contempor�neo, reformista, que tenha consci�ncia da crise do emprego, dessa nova economia, que entenda que a globaliza��o � inevit�vel e que o mundo hoje � mais cosmopolita. H� uma demanda para lideran�as progressistas que pensem sa�das para a frente, e n�o sa�das para tr�s.

O apresentador de TV Luciano Huck e o ex-governador do Esp�rito Santo Paulo Hartung t�m mostrado disposi��o de entrar no jogo pol�tico. Eles poderiam ocupar esse espa�o?

Conhe�o a trajet�ria do Paulo Hartung. � um candidato claro a ser um protagonista na forma��o de um pensamento social-democrata. Come�ou na prefeitura de Vit�ria com uma alian�a PSDB-PT pouco prov�vel. Ele tem uma vis�o que permite isso. O Luciano Huck n�o sei como pensa. Mas, claramente, Paulo Hartung � um pol�tico que tenta gravitar e construir uma alternativa nesse per�metro entre a centro-esquerda e o centro.

Onde v� o ministro S�rgio Moro em um cen�rio eleitoral?

Politicamente, hoje n�o consigo ver. Ele tomou uma decis�o muito custosa, abandonou uma carreira de juiz segura, est�vel, previs�vel, por um cargo muito incerto, sujeito a chuvas e trovoadas. O Minist�rio da Justi�a sempre foi um espa�o de muito conflito. Todo ministro � demiss�vel a qualquer momento. � um cargo muito prec�rio. Foi uma escolha de muito risco e, para tomar esse risco, ele deve ter algum mecanismo de prote��o, um acordo para voltar para a magistratura em um cargo de nomea��o, ou mesmo uma perspectiva de entrar na vida pol�tica. O que vejo � que foi uma troca do certo pelo incerto.

Como as disputas locais de 2020 ajudar�o a definir as disputas nacionais?

As l�gicas s�o muito diferentes, s�o sistemas partid�rios distintos. Partidos importantes no Rio n�o necessariamente t�m for�a em capitais do Nordeste ou do Sul. A qualidade de vida das cidades � muito pr�xima do cidad�o, os temas locais predominam. Mas, ciclicamente, tem havido momentos em que as elei��es municipais coincidem com o debate nacional. O discurso se repete quando o quadro est� muito polarizado, em uma crise como a de agora. Se o discurso n�o mudar, teremos um debate, sobretudo nas capitais, muito mais nacionalizado. Mas entendo que a escolha do eleitor continuar� sendo baseada em quest�es locais. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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