A decis�o do PSB de condenar publicamente viola��es a direitos humanos do governo de Nicol�s Maduro na Venezuela foi uma resposta a cobran�as internas e da sociedade, afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo o presidente da sigla, Carlos Siqueira. Segundo ele, o pa�s vizinho tem caracter�sticas de regime autorit�rio.
J� o desligamento do Foro de S�o Paulo, diz, foi uma mera formaliza��o, j� que o partido n�o participou das �ltimas tr�s edi��es. Nesta entrevista, Siqueira tamb�m critica o presidente Jair Bolsonaro e o compara a Maduro - para ele, o presidente brasileiro tamb�m n�o respeita a democracia. A seguir os principais trechos da entrevista:
O que levou o partido a repudiar as viola��es de direitos humanos na Venezuela?
O PSB tem na sua base a ideia do socialismo democr�tico, ou seja, plural. Diferentemente do stalinismo, a nossa ideia, na funda��o do partido, foi cr�tica ao socialismo autorit�rio. Nunca tivemos rela��o com o governo Hugo Ch�vez ou com Nicol�s Maduro, nunca tivemos uma reuni�o com o partido socialista da Venezuela. Ao mesmo tempo, est�vamos sendo cobrados sobre por que a gente n�o dizia nada sobre isso. Achei que as pessoas tinham raz�o. (O governo Maduro) n�o tem nada a ver com o socialismo.
Acha que a Venezuela vive uma ditadura?
Embora tenha um presidente eleito, a elei��o em si, apesar de indispens�vel, n�o garante que a Venezuela seja um regime democr�tico. O pa�s hoje tem as caracter�sticas pr�prias de um regime autorit�rio: a exist�ncia de presos pol�ticos e a aus�ncia de liberdade de express�o. Esse � um pouco o risco que n�s, brasileiros, corremos, j� que elegemos um presidente que n�o respeita a democracia, elogia torturadores e desrespeita a imprensa.
O que levou � sa�da do Foro de S�o Paulo?
H� tr�s edi��es, o PSB n�o participa. Os partidos socialistas da Am�rica Latina t�m uma vis�o cr�tica do Foro. Quando participamos, n�o t�nhamos uma identidade. Ent�o, decidimos que, j� que estamos fora na pr�tica, seria melhor oficializar.
Quais s�o as cr�ticas que fazem ao Foro?
A sua condu��o sempre foi bastante centralizada, n�o permitia uma discuss�o mais aberta sobre a conjuntura latino-americana. Fomos nos desanimando com isso e abandonando ao longo do tempo. Temos constru�do uma rela��o fora desse �mbito. Entramos na Alian�a Progressista, uma articula��o de partidos socialistas e social-democratas que tem coordena��o no Partido Social-Democrata alem�o. Fomos o primeiro partido do Brasil a aderir. Passamos a participar da Coordena��o Socialista Latino-Americana (CSL), que o PSB coordena h� algum tempo e � composta de partidos socialistas da Am�rica Latina.
Havia cobran�a para se posicionar sobre a Venezuela?
Havia uma cobran�a interna e no plano externo, da sociedade, para que n�s mostr�ssemos que n�o temos v�nculo com esse governo. N�o podemos ficar calados porque os direitos humanos est�o sendo desrespeitados por algu�m que se diz de esquerda. Temos de defender os direitos humanos quando eles forem desrespeitados por quem quer que seja. Da mesma maneira que n�s resolvemos dizer que n�o reconhecemos o Juan Guaid� como presidente autointitulado. E tamb�m n�o podemos concordar que a crise na Venezuela seja resolvida por outros pa�ses, como Brasil - conforme o presidente Jair Bolsonaro sugeriu - ou EUA. A sociedade venezuelana � quem tem de decidir sobre essas coisas.
O PT fez o oposto, e a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, vem reiterando o apoio ao regime Maduro. O que acha isso?
N�s somos um partido de esquerda, mas de outra natureza. N�o vou dar opini�o sobre o PT, isso � com eles.
Bolsonaro j� deu declara��es sobre sua candidatura � reelei��o. O que acha disso?
Acho que � muito cedo para falar de 2022 porque temos uma outra elei��o pela frente. Bolsonaro resolveu fazer essa antecipa��o sem ter resolvido um �nico problema que encontrou como presidente. Acho negativo, pois os partidos deveriam estar dedicados a encontrar uma solu��o para os problemas do Pa�s.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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