A bancada do PSL na C�mara se re�ne, nesta ter�a-feira (10, para lavar a roupa suja num processo que pode definir uma reestrutura��o interna. Em jogo, est� o reposicionamento do partido no Congresso e o futuro da rela��o com as demais legendas para construir composi��es e assegurar apoio �s agendas do governo. A sigla estar� dividida em dois grupos. Um representado pelo l�der, Delegado Waldir (GO), e outro pelo primeiro vice-l�der, Fel�cio Later�a (RJ).
As duas for�as t�m concep��es semelhantes, mas com diferen�as t�nues. Waldir defende a manuten��o da identidade “raiz” do PSL, com a preserva��o de valores e combate � corrup��o, mas prega a manuten��o de um bom relacionamento com os demais partidos para criar maioria nas vota��es em comiss�es e no plen�rio. Later�a, por sua vez, considera que a sigla n�o tem o real apoio de outras legendas, e classifica a lideran�a como “manca”, sem organiza��o nem composi��o. Diz, ainda, haver a necessidade de voltar a olhar as demandas apresentadas pelas ruas.
Da reuni�o desta ter�a, a expectativa entre alguns deputados � de mudan�a, como a perman�ncia ou a sa�da do l�der do posto. O lado favor�vel a Later�a sustenta que seria a primeira elei��o, de fato, para a defini��o da lideran�a, uma vez que a atual forma��o decorre de uma lista de apoiamento. Waldir, entretanto, recha�a o desd�m e destaca ter sido legitimamente conduzido com 37 assinaturas.
A inten��o da ala favor�vel � mudan�a no partido �, primeiro, depor Waldir, para, depois, discutir uma reestrutura��o mais ampla, com mudan�as nas presid�ncias estaduais da legenda. Esse segundo movimento seria uma resposta direta ao presidente nacional do PSL, Luciano Bivar (PE). Alguns deputados questionam o poder dele, e o classificam como centralizador e arbitr�rio, a ponto de ter expulsado o deputado Bibo Nunes (RS) do grupo de WhatsApp da sigla e das comiss�es de Turismo e Agricultura.
O pr�prio presidente Jair Bolsonaro � um dos mais interessados com o que est� por vir. A alguns deputados do PSL, ele se queixa de erros e brigas internas do partido. Aos mais pr�ximos, manifestou o desejo de mudan�as nas presid�ncias estaduais e confidenciou que, sem uma reestrutura��o, sair� da sigla. O Patriota poderia ser o lugar de destino. Ele mant�m contatos com o presidente nacional da legenda, Adilson Barroso, que espera um embarque, no partido, de 30 deputados do PSL. Em uma poss�vel troca de legenda, no entanto, Bolsonaro avisou que chamaria apenas aqueles em quem mais confia.
Ruptura
O PSL, admitem parlamentares de ambos os lados, nunca foi unido. As desaven�as, recordam, existem desde a transi��o. Mas, em prol da agenda governista, tentaram deixar as diferen�as de lado. Foi assim at� a aprova��o da reforma da Previd�ncia. Os sintomas de ruptura come�aram a ficar mais transparentes depois das vota��es, em plen�rio, do pedido de urg�ncia para o projeto de abuso de autoridade, e do Projeto de Lei nº 11.021/18, que d� mais liberdade para os partidos usarem verbas do Fundo Partid�rio e do Fundo Eleitoral.
A vota��o do projeto, que altera regras eleitorais, em que a lideran�a orientou voto contr�rio e, depois, mudou para o “n�o”, foi a gota d’�gua. Na quinta-feira, Bibo iniciou coleta de assinaturas para convocar a elei��o de um novo l�der. No mesmo dia, atingiu 23. No domingo, um deputado alinhado a Later�a disse que eles contam com maioria. “O Waldir tem, no m�ximo, 18 votos. � apoiado mais por conveni�ncia dos cargos que t�m da lideran�a, e menos por afinidade”, crava.
Waldir desdenha da lista que pede uma elei��o e diz que isso ocorreu em pelo menos outras 10 ocasi�es. “Sob minha lideran�a, temos 98% de afinidade com o governo. Na pr�pria ter�a (antes da vota��o do PL nº 11021/18), chamei cerca de 40 deputados, e s� dois fizeram obje��o”, afirma. Later�a, por sua vez, entende que est� na hora de ajustes para aperfei�oar e considera que votar com o governo � apenas um reflexo. “A lideran�a tem de ter maior participa��o como um todo, n�o de forma absolutista”, pondera. Procurado, Bivar n�o se posicionou.