
Diante dos holofotes de todo o mundo, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) abre amanh� a sess�o anual da Assembleia Geral da Organiza��o das Na��es Unidas (ONU) – espa�o normalmente reservado ao presidente do Brasil – com a miss�o de tentar minimizar a imagem negativa de seu governo pelo mundo afora. Na semana passada, em entrevista � TV Record, ele afirmou que far� um discurso “conciliat�rio”, “diferente” e em “defesa da soberania nacional” – uma resposta aos questionamentos de lideran�as, ativistas e personalidades internacionais em raz�o do aumento das queimadas e desmatamento ilegal da Amaz�nia. Para isso, espera-se que ele mostre como vai trabalhar pela preserva��o do meio ambiente.
A pol�tica ambiental do governo Bolsonaro, que envolve uma negativa dos desmatamentos na Amaz�nia, cr�ticas � atua��o de ONGs e a explora��o econ�mica de reservas ind�genas, foram capazes de amea�ar acordos comerciais e investimentos internacionais. Na quarta-feira passada, em comunicado conjunto, 230 fundos de investimentos – que administram juntos US$ 16 trilh�es, ou R$ 65 bilh�es – divulgaram nota em que pedem ao Brasil que adote medidas eficazes para proteger a floresta amaz�nica.
Para ter ideia do que esse valor representa, o volume de recursos sob a gest�o do grupo � maior que o Produto Interno Bruto (PIB) da China, calculado em US$ 13 trilh�es. “Estamos preocupados com o impacto financeiro que o desmatamento pode ter sobre as empresas investidas, aumentando potencialmente os riscos de reputa��o, operacionais e regulat�rios”, diz trecho da nota.O Parlamento da �ustria tamb�m se manifestou. Com a justificativa da crise na Amaz�nia, no �ltimo dia 19, quase todos os partidos do subcomit� da Uni�o Europeia votaram contra o acordo com a zona de livre com�rcio do Mercosul. “A floresta tropical � incendiada na Am�rica do Sul para criar pastagens e exportar carne com desconto para a Europa”, afirmou comunicado de Elisabeth Koestinger, ex-ministra da Agricultura, do Partido Popular. “A UE n�o deve recompensar isso com um acordo comercial.” A decis�o do parlamento ainda pode ser revertida, at� porque o texto do acordo s� dever� ficar pronto no in�cio do ano que vem. O presidente da Fran�a Emmanuel Macron, com quem Bolsonaro andou se estranhando, j� havia amea�ado bloquear o acordo entre UE e Mercosul.
Merkel e Bachelet
A Alemanha tamb�m reagiu �s queimadas na Amaz�nia e o governo anunciou a suspens�o de investimentos do pa�s na regi�o. Em entrevista � imprensa, o presidente brasileiro disse que a Alemanha precisa de mais investimentos no setor que o Brasil. “Eu queria at� mandar recado para a senhora querida Angela Merkel, que suspendeu 80 millh�es de d�lares pra Amaz�nia. Pega essa grana e refloreste a Alemanha, t� ok? L� est� precisando muito mais do que aqui”, disse, em recado � chanceler alem�. Em agosto, o pa�s europeu anunciou o congelamento do equivalente a R$ 155 milh�es no financiamento de medidas de prote��o da floresta, sob o argumento do aumento no desmatamento.
Temas delicados, como a ditadura militar e os direitos humanos, ganharam destaque na m�dia mundial. A �ltima delas envolveu a Alta Comiss�ria dos Direitos Humanos da ONU e ex-presidente do Chile, Michelle Bachelet, – cujo pai, o general Alberto Bachelet, foi morto na pris�o, em 1974, depois de ser torturado pelo regime de Augusto Pinochet. Ao afirmar que houve uma “redu��o do espa�o c�vico e democr�tico” no Brasil, Bachelet ganhou como resposta elogios � ditadura de Pinochet – que durou de 1973 a 1990.
Jair Bolsonaro chega aos Estados Unidos na tarde de hoje. A agenda inclui um jantar com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Algumas reuni�es foram suspensas, em raz�o da cirurgia a que foi submetido no in�cio deste m�s. O presidente passou por uma corre��o de h�rnia, provocada pela s�rie de opera��es, necess�rias em raz�o do ataque a facada que sofreu em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, h� um ano, durante ato da campanha eleitoral. Na sexta-feira, ap�s passar por v�rios exames m�dicos, Bolsonaro foi autorizado a fazer a viagem. O retorno dele est� previsto para esta quarta-feira.
NA VITRINE
Cole��o de pol�micas abertas pelo presidente da Rep�blica, que provocaram duras cr�ticas no exterior
“Esses pa�ses n�o mandam dinheiro por caridade. Mandam com interesse, para atingir a nossa soberania”
Ao comentar que ONGs ambientalistas trabalham para quem “paga mais”
“Lamento que o Presidente Macron (Emmanuel Macron, presidente da Fran�a) procure instrumentalizar uma quest�o interna do Brasil e de outros pa�ses amaz�nicos para ganhos pol�ticos pessoais. O tom sensacionalista com que se refere � Amaz�nia — apelando at� com fotos falsas — n�o contribui em nada para a solu��o do problema”
Em resposta � sugest�o do presidente franc�s pra que os inc�ndios na Amaz�nia fossem debatidos na reuni�o dos pa�ses do G7, grupo das maiores economias no mundo, realizada no m�s passado
“N�o humilha, cara. KKKKKKKKKK”
Ao comentar meme em que um de seus seguidores comparava a apar�ncia f�sica das primeiras-damas francesa, Brigitte Macron, e brasileira, Michele Bolsonaro. “Agora entende porque o Macron ataca o Bolsonaro?", dizia o coment�rio respondido pelo presidente
“Em torno de 40% do Fundo Amaz�nico v�o para as... ONGs, ref�gio de muitos ambientalistas. Veja a matan�a das baleias patrocinada pela Noruega”
Resposta � decis�o do governo noruegu�s de suspender repasses de R$ 133 milh�es para o Fundo da Amaz�nia. As imagens postadas, no entanto, referiam-se � ca�a de mam�feros na Dinamarca
“Michelle Bachelet, seguindo a linha do (presidente franc�s Emmanuel) Macron, em se intrometer nos assuntos internos e na soberania brasileira, investe contra o Brasil na agenda de direitos humanos (de bandidos), atacando nossos valorosos policiais civis e militares”
Escreveu o presidente sobre a ex-presidente do Chile
"Diz ainda que o Brasil perde espa�o democr�tico, mas se esquece de que seu pa�s s� n�o � uma Cuba gra�as aos que tiveram a coragem de dar um basta � esquerda em 1973, entre esses comunistas o seu pai brigadeiro � �poca"
Sobre a Alta Comiss�ria dos Direitos Humanos da ONU e ex-presidente chilena, Michelle Bachelet, que, no in�cio do m�s, criticou a “redu��o do espa�o c�vico e democr�tico no Brasil” ao comentar os inc�ndios florestais