A Justi�a Federal manteve na tarde desta quinta-feira, 26, o decreto de pris�o preventiva do ex-governador do Tocantins Marcelo Miranda, sob suspeita de liga��o com esquema de corrup��o e lavagem de dinheiro que alcan�a a cifra de R$ 300 milh�es. Em audi�ncia de cust�dia, o juiz Jo�o Paulo Abe, da 4.� Vara Federal de Palmas, apontou a exist�ncia de "graves elementos" envolvendo Miranda e decidiu encaminhar o ex-governador para uma sala de Estado Maior no Comando Geral da Pol�cia Militar do Tocantins.
Miranda � alvo maior da Opera��o 12.� Trabalho, deflagrada pela Pol�cia Federal para desarticular organiza��o criminosa suspeita de manter sofisticado esquema de corrup��o, peculato, fraudes em licita��es, desvios de recursos p�blicos, recebimento de vantagens indevidas, falsifica��o de documentos e lavagem de capitais.
Tamb�m tiveram a pris�o decretada o pai do ex-governador, Jos� Edmar Miranda, e um irm�o do ex-governador, Jos� Edmar Miranda J�nior.
Miranda foi preso no apartamento funcional de sua mulher, a deputada Dulce Miranda (MDB-TO), mas ela n�o � investigada.
A investiga��o tem como base diferentes opera��es, entre elas a "Reis do Gado", a "Marcapasso", a "Pontes de Papel", a "Converg�ncia", e a Lava Jato.
Em outubro de 2018, Marcelo, seu pai, Jos� Edmar Miranda, e seu irm�o, Jos� Edmar Miranda J�nior, se tornaram r�us no �mbito da "Reis do Gado", que mirava crimes contra a administra��o p�blica.
Antes, em mar�o daquele ano, Marcelo Miranda foi cassado pela segunda vez. Em agosto, o ex-governador foi condenado a 13 anos e nove meses de pris�o por peculato e fraude � licita��o pela contrata��o il�cita da OSCIP Brasil para gerir os hospitais estaduais nos anos de 2003 e 2004.
A Pol�cia Federal indicou que "um n�cleo familiar de tr�s pessoas influentes no meio pol�tico do Tocantins esteve no centro das investiga��es, com poderes suficientes para aparelhar o Estado, mediante a ocupa��o de cargos comissionados estrat�gicos para a atua��o da organiza��o criminosa".
Segundo a PF, a "12� Trabalho!� visa obter "novas provas e interromper a continuidade do crime de lavagem de dinheiro".
A PF informou que "os investigados continuam utilizando laranjas para dissimular a origem il�cita de bens m�veis e im�veis, frutos de propinas".
A Pol�cia Federal indicou que, para dissimular a natureza, a origem e a localiza��o dos bens, o grupo realizou opera��es simuladas, como o com�rcio de gado de corte, utiliza��o de empresas de fachada, constru��o e venda de im�veis, mesmo ap�s as investiga��es se tornarem p�blicas.
A corpora��o anotou ainda que os crimes praticados pelo grupo est�o agrupados ao redor de sete grandes eixos econ�micos, que envolvem administra��o de fazendas e de atividades agropecu�rias, compra de aeronaves, gest�o de empresas de engenharia e constru��o civil, entre outros.
"As provas reunidas na a��o penal decorrente da Opera��o Reis do Gado apontam que os suspeitos atuaram e ainda agem de maneira org�nica e sistematizada, com divis�o de tarefas, cujos atos s�o detidamente planejados para assegurar o produto dos crimes", afirma a PF.
A corpora��o tamb�m alega que os investigados teriam manipulado provas, com a falsifica��o de documentos e compra de depoimentos.
A Pol�cia Federal indicou que o nome da opera��o faz refer�ncia um dos trabalhos de H�rcules, personagem da mitologia grega. A corpora��o indicou que o 12� Trabalho do semideus, teria sido seu �ltimo e mais complexo desafio, que consistia em capturar C�rbero, um c�o de tr�s cabe�as que segundo a mitologia guardaria a entrada para o mundo dos mortos.
Caroten�ides mira 'testas de ferro' de lavagem
Na manh� desta quarta-feira, 25, a Pol�cia Federal realizou a Opera��o Caroten�ides, outro desdobramento da "Reis do Gado", para desarticular um grupo que lavava dinheiro utilizando "laranjas" para registro de bens m�veis e im�veis.
Agentes da PF cumpriram dois mandados de busca e apreens�o e dois mandados de pris�o tempor�ria, expedidos pela 4� Vara Federal de Palmas. As a��es foram realizadas em Natividade, no Tocantins, e em Imperatriz, no Maranh�o.
A corpora��o indicou que a a��o visava aprofundar investiga��es e tinha como foco o escal�o intermedi�rio da organiza��o criminosa. Segundo a PF, os investigados eram pessoas interpostas, "laranjas", nos registros de ve�culos, assim como procuradores e intermediadores na negocia��o de fazendas.
De acordo com a Pol�cia Federal, o nome da opera��o faz refer�ncia aos apelidos utilizados pelos "laranjas".
Defesa
Na manh� desta quinta-feira, 26, o advogado Jair Pereira, que defende Marcelo Miranda, informou � reportagem que ainda n�o teve acesso aos autos e � decis�o e disse: "Posso afirmar que n�o h� raz�o para um decreto prisional. Os fatos investigados s�o passados, distantes da atualidade que justificasse uma pris�o."
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