Doria inicia no Rio de Janeiro caminhada do 'novo PSDB' de olho em 2022

O primeiro evento fora de S�o Paulo do que vem sendo apresentado como "novo PSDB" ocorreu num lugar simb�lico para o projeto presidencial do governador Jo�o Doria: o Rio de Janeiro, ber�o pol�tico do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e do governador Wilson Witzel (PSC), dois poss�veis advers�rios do tucano em 2022. Estrela do encontro deste s�bado, 28, Doria pregou a uni�o do Pa�s ao dizer que "a boa pol�tica se faz unindo as pessoas, n�o separando."

Todo o discurso do governador foi centrado nesse ponto. Criticou, por exemplo, o que considera os extremos do espectro pol�tico. "Os extremos n�o constroem, os extremos destroem", disse. "N�s erramos, sim, mas tivemos a humildade de corrigir. Os extremados n�o reconhecem os erros."

Doria busca se desvencilhar de uma direita mais radical associada a Bolsonaro e Witzel, mas sem deixar de lado as cr�ticas ao PT que sempre alicer�aram sua recente trajet�ria pol�tica. Questionado pela imprensa, disse que "n�o fulanizou" ao tecer os coment�rios durante o discurso. E usou o termo "centro democr�tico", muito associado a um grupo que orbita em torno do apresentador Luciano Huck, como o caminho para o futuro do Pa�s.

Outra forma de se diferenciar do bolsonarismo foi a cita��o � defesa do Meio Ambiente e � valoriza��o da Cultura, dois pontos cr�ticos do governo Bolsonaro.

O evento foi realizado no Hotel Windsor da Barra da Tijuca, o mesmo que Bolsonaro usou algumas vezes durante a elei��o de 2018. O PSDB do Rio � comandado hoje pelo empres�rio Paulo Marinho, um dos principais articuladores da campanha do presidente, de quem virou dissidente junto com o ex-ministro Gustavo Bebianno, da Secretaria-Geral da Presid�ncia.

Bebianno tamb�m esteve no hotel nesta manh� e, assim como Doria, buscou se posicionar como algu�m que n�o concorda com os rumos seguidos pelo bolsonarismo. "O p�ndulo estava todo � esquerda, agora est� todo � direita. Acho que ele precisa parar no centro, olhar para o Brasil", apontou o ex-ministro, que disse ser um "�rf�o" do PSDB.

O encontro marca o in�cio da constru��o de palanques para Doria de olho em 2022. Foi o primeiro fora de S�o Paulo - e num lugar em que os tucanos n�o t�m for�a pol�tica expressiva. Em 2018, o partido n�o elegeu nenhum deputado federal pelo Rio.

Tamb�m nos clich�s, o PSDB busca ser mais carioca e conquistar uma cidade que nunca lhe pertenceu. O com�cio da manh� deste s�bado tinha � disposi��o dos militantes pacotes de biscoito Globo, tradicional iguaria das praias da cidade. A agita��o foi comandada pela bateria da escola de samba S�o Clemente. Quando Doria chegou, pouco depois das 11h, o puxador do grupo cantou um samba cuja letra dizia que "o bandeirante veio para colonizar".

Sob Marinho, o PSDB do Rio tenta ainda moldar o discurso a fim de atrair mais mulheres e jovens, por exemplo. "Esse � o nosso mantra: mais mulheres e jovens", afirmou Doria.

A pr�-candidata do partido � Prefeitura do Rio, Mariana Ribas, foi apresentada como a futura prefeita do Rio por Marinho e, segundo Doria, representa tudo o que o novo PSDB precisa buscar. Contudo, � muito prov�vel que a sigla caminhe junto com o ex-prefeito Eduardo Paes, que ser� candidato pelo DEM.

Atra��o surpresa

Paes apareceu de surpresa no evento e falou que "as boas for�as" precisam estar juntas. "N�s vamos estar juntos para fazer com que o Rio volte a estufar o peito e tenha orgulho da cidade", disse o ex-prefeito. Outro nome ventilado para a elei��o municipal do ano que vem, o deputado federal Marcelo Calero (Cidadania), tamb�m falou na conven��o e chamou Paes de "o melhor prefeito que essa cidade j� teve."

Ex-emedebista, Paes � uma pe�a-chave na elei��o municipal do Rio. Seu an�ncio oficial de entrada na disputa, que s� deve acontecer no in�cio do ano que vem, provoca impacto nas diversas candidaturas.

Apesar de, em tese, ser um evento de �mbito local, o encontro do novo PSDB fluminense teve uma s�rie de lideran�as nacionais do partido. Discursaram no palanque o prefeito de S�o Paulo, Bruno Covas, o presidente nacional da sigla, Bruno Ara�jo, e a ex-governadora do Rio Grande do Sul Yeda Crusius.