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Estado de Minas POL�TICA

'Sigla da Lava Jato', Podemos vira alvo dos bolsonaristas


postado em 29/09/2019 14:00

Identificado como "partido da Lava Jato", o Podemos atraiu a ira do bolsonarismo, que v� em movimentos recentes da sigla uma tentativa de se apropriar do esp�lio da opera��o e da imagem popular do ex-juiz S�rgio Moro, atual ministro da Justi�a, e de enfraquecer a base de apoio do governo no Congresso. Na semana passada, uma postagem do vereador licenciado Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, escancarou o inc�modo com o crescimento da sigla.

"� impress�o minha ou esse tal de Podemos j� faz bastante tempo quer tomar o lugar de um partido vermelho? A metamorfose n�o para um segundo!", escreveu Carlos no Twitter. No mesmo dia, parlamentares do Podemos participaram de um protesto em Bras�lia contra o Supremo Tribunal Federal, ao lado de grupos que, no passado, lideraram manifesta��es contra o PT - como o Nas Ruas, o MBL e o Vem Pra Rua.

O Podemos tem atra�do nos �ltimos meses parlamentares da centro-direita descontentes com o governo. S� no Senado, foram seis novas filia��es desde o in�cio do ano, o que fez o partido pular para uma bancada com 11 nomes - s� atr�s do MDB, com 13 integrantes. Entre esses novos filiados, est� a senadora Ju�za Selma (MT), que deixou o PSL h� duas semanas insatisfeita com posi��es recentes da sigla do presidente Jair Bolsonaro e depois de entrar em atrito com o senador Fl�vio Bolsonaro (PSL-RJ).

Selma afirma que foi pressionada pelo filho "01" do presidente a tirar seu apoio � CPI da Lava Toga, que tem o objetivo de apurar "ativismo" no Judici�rio. As cr�ticas partem tamb�m do l�der do PSL no Senado, Major Ol�mpio (SP), que rompeu com Fl�vio e quase seguiu o caminho de Selma. "O Fl�vio que fique no canto dele. Ele falou que a CPI era uma sacanagem, que ia travar o Pa�s. Quem n�o est� em sintonia com a sociedade e com os princ�pios do partido � ele, n�o eu", disse.

Dos 21 integrantes do grupo "Muda, Senado", principal base de defesa da CPI e que defende at� o impeachment de ministros do STF, sete s�o do Podemos. Pelos menos seis senadores de outras siglas que integram o grupo - PSD, PSL, Rede, Cidadania, PP, PSB e PSDB - mantiveram negocia��es recentes para migrar para o Podemos.

Racha

A CPI provocou um racha na rede bolsonarista. Militantes, congressistas e influenciadores digitais mais identificados com Moro, os chamados "moristas" ou "lavajatistas", levantam a suspei��o da Corte e denunciam riscos de retrocesso � opera��o, como o julgamento que j� tem maioria para levar � revis�o de a��es penais baseadas em colabora��es premiadas. Os aliados mais ideol�gicos, por sua vez, dizem que a CPI criaria instabilidade institucional e atrapalharia a agenda do governo no Congresso.

Em entrevista ao Estado, o senador do Podemos Alvaro Dias (PR) afirmou que a filia��o de Moro � um "sonho de consumo" da dire��o da legenda. Por enquanto, por�m, � vista como improv�vel. "Minha percep��o � que o objetivo dele � retornar � Justi�a na Corte maior." Ainda assim, o discurso de defesa de Moro e da Lava Jato foram repetidos pelo senador, que pretende usar o crescimento do Podemos para viabilizar uma nova candidatura � Presid�ncia em 2022.

Apesar do nome importado da esquerda espanhola, o Podemos nada tem de "vermelho". Oriundo do antigo Partido Trabalhista Nacional (PTN), agora unido ao Partido Humanista da Solidariedade (PHS), duas siglas de hist�rico fisiologista, o partido � comandado h� anos pela fam�lia da deputada Renata Abreu (SP), que preside o Podemos e � vista como h�bil negociadora no mercado de trocas partid�rias.

Foi prometendo o controle da legenda nos Estados - e de verbas p�blicas atreladas a cargos - que o Podemos se expandiu. Sobre o tu�te de Carlos Bolsonaro, Renata disse que o crescimento da sigla "n�o deveria causar temor ao governo". "Somos independentes, mas votamos com eles em tudo o que achamos importante para o Pa�s."

Vota��es

O Bas�metro, ferramenta do Estado que monitora o grau de "governismo" dos partidos e deputados, mostra que o Podemos empresta a Bolsonaro a mesma fidelidade que tinha em rela��o a Dilma Rousseff (PT) e a Michel Temer (MDB). A bancada na C�mara, com 10 integrantes, seguiu a orienta��o do governo Bolsonaro em 82% das vota��es no plen�rio, mesmo porcentual do governo Temer e apenas 1% abaixo da gest�o Dilma.

Al�m disso, o Podemos tem uma ala de parlamentares pr�xima do Pal�cio do Planalto, que possui apadrinhados em cargos federais. Tr�s deles s�o vice-l�deres do governo: o deputado paulista Marco Feliciano no Congresso, o senador piauiense Elmano F�rrer no Senado e o deputado mato-grossense Jos� Medeiros na C�mara.

O comportamento de alguns deles, como Feliciano - que tem porta aberta no gabinete de Jair Bolsonaro no Planalto - incomoda os senadores. Alvaro Dias j� cobrou a sa�da dele do partido. "Se algu�m desejar se posicionar como candidato a vice-presidente com Bolsonaro (nas elei��es de 2022), deve deixar o Podemos", afirmou o senador ao Estado.

Oriovisto, o estrategista

A ficha do antigo Servi�o Nacional de Informa��es (SNI), �rg�o do regime militar, � incisiva: "Foi ativista que, em maio de 1968, com atua��o marcante e agressiva, liderou as agita��es estudantis na Escola de Engenharia da Universidade Federal do Paran�". Passados 51 anos, o senador pelo Paran� Oriovisto Guimar�es, do Podemos, � um dos estrategistas do "Muda, Senado; Muda, Brasil", grupo que est� por tr�s do que o governo de Jair Bolsonaro considera outro tipo de "dist�rbio" na ordem institucional: a ofensiva pela CPI da Lava Toga e pelo impeachment dos ministros Dias Toffoli e Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal.

Apoiador da Opera��o Lava Jato, Oriovisto considera o ministro da Justi�a, S�rgio Moro, o nome ideal para presidir o Pa�s. Ele diz nunca ter compartilhado da intimidade do ex-juiz federal de Curitiba, mas n�o esconde a esperan�a de v�-lo como candidato ao Planalto em 2022. "Moro seria muito bem aceito em qualquer partido, menos no PT", observa. "Magalh�es Pinto (ex-senador, ex- chanceler e ex-governador de Minas Gerais) j� dizia que pol�tica � igual nuvem, voc� olha para o c�u e cada dia elas t�m uma forma��o diferente." Uma das principais lideran�as do grupo, Oriovisto atua nos bastidores na defini��o de estrat�gias de atua��o, apresenta��o de projetos que miram uma reforma do Judici�rio e para barrar rea��es da classe pol�tica � Lava Jato, bandeira do Podemos.

O senador diz que "o maldito foro privilegiado" cria uma depend�ncia entre senadores e ministros do STF e sintetiza os atuais descontentamentos da centro-direita. Diz-se frustrado com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que teve seu voto na elei��o interna da Casa contra o "velho" Renan Calheiros (MDB-AL), de quem "n�o � amigo, nem sequer conhecido".

Tamb�m revela decep��o com o presidente Jair Bolsonaro, sua escolha no segundo turno em 2018, por a��es que teriam sido tomadas para beneficiar filhos: a cria��o da Unidade de Intelig�ncia Financeira do Banco Central para substituir o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), cujas apura��es atingiram o senador Fl�vio Bolsonaro (PSL-RJ), e o an�ncio da indica��o do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para a embaixada nos Estados Unidos. "S�o coisas que me decepcionaram profundamente. Tem que tratar os filhos como qualquer cidad�o."

Preso no 30.� Congresso da Uni�o Nacional dos Estudantes (UNE) em Ibi�na (SP), em 1968, e fichado pelo Departamento de Ordem Pol�tica e Social (Dops) como "membro da ala extremista do Partido Comunista", Oriovisto abandonou a milit�ncia de esquerda ainda na juventude. Aos 74 anos, considera o marxismo tese "d�mod�". "� uma hist�ria sem import�ncia, conversa saudosista, coisa de estudante." Professor de Matem�tica e empreendedor, Oriovisto comandou por 40 anos o Grupo Positivo. Fez de um cursinho pr�-vestibular paranaense inaugurado nos anos 1970 um imp�rio educacional. Construiu patrim�nio de R$ 240 milh�es, o maior entre os senadores. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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