
A crise no PSL, partido do presidente da Rep�blica chegou � bancada de Minas Gerais na C�mara dos Deputados, que est� dividida no que diz respeito � briga envolvendo Jair Bolsonaro e o presidente nacional da legenda, Luciano Bivar (PE). No ranking mineiro, o Pal�cio do Planalto leva a pior: est�o com Bolsonaro, Al� Silva e Junio Amaral – a primeira, respons�vel pelas den�ncias envolvendo candidaturas laranja no estado. Do outro lado est�o Charles Evangelista, Delegado Marcelo Freitas, En�ias Reis e L�o Motta.
Ontem, ela afirmou que j� estuda mecanismo jur�dico para deixar a legenda sem necessariamente perder o mandato – o Supremo Tribunal Federal (STF) j� determinou que a vaga no Legislativo pertence ao partido, e n�o ao candidato. Assim que uma brecha for encontrada, a parlamentar calcula que, incluindo ela, 35 dos 53 colegas de plen�rio podem trocar de filia��o.
“A vontade da grande maioria do grupo bolsonarista � criar um outro partido, mas n�o se sabe como seria. Estou aguardando se vou ser expulsa ou n�o, cada hora falam uma coisa”, afirmou Al� Silva. Se expulsa, ela teria a garantia do mandato. Caso contr�rio, a hip�tese � entrar com um processo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com pedido de desfilia��o com a justificativa de persegui��o pol�tica, moral e �tica. De acordo com ela, mesmo os aliados de Luciano Bivar est�o revendo sua posi��o.
Pelo Twitter, a deputada tamb�m fez cr�ticas � dire��o do PSL. “E eu querendo empreender todo o meu t�o sagrado tempo apenas para cumprir o papel para o qual fui eleita. Mas os caciques do @PSL_NACIONAL n�o querem deixar. Ser� que os interesses dos cidad�os brasileiros n�o est�o acima destas picuinhas partid�rias?”, escreveu. Al� Silva nega qualquer constrangimento com os colegas mineiros em raz�o de sua posi��o. “J� h� muito tempo tenho me mantido afastada do grupo, com exce��o do J�nio. Essa rela��o j� n�o existia”, disse.
O colega Charles Evangelista ressalta a import�ncia do presidente Bolsonaro e diz que continuar� na base de apoio do Planalto. Mas criticou as articula��es para tirar Delegado Waldir (GO), que � ligado a Luciano Bivar, da lideran�a do governo. Na quarta-feira, o deputado Major Vitor Hugo (GO), ligado a Bolsonaro, anunciou uma lista para tir�-lo do posto e substitu�-lo por Eduardo Bolsonaro (SP). Em seguida, delegado Waldir apresentou outra lista – com assinatura de quatro mineiros – para se manter no posto.
Bolsonaro teria atuado pessoalmente para tentar derrubar Waldir. Em �udio vazado � imprensa, ele pediu a parlamentares da sigla que assinassem a lista para destituir o deputado e apoiassem o nome do seu filho, Eduardo Bolsonaro (SP), para o posto. O pedido foi gravado por um deputado n�o identificado.

“O delegado Waldir foi eleito l�der e n�o � justo destitu�-lo. N�o poder�amos aceitar uma interfer�ncia t�o grande do PP no partido. Ele foi eleito para governar o pa�s, e n�o para tomar conta do partido”, disse. “Essa briga foi causada por falta de humildade das partes. O presidente tem que reconhecer que sem o PSL, ele n�o seria presidente, e sem a popularidade do nosso presidente, o PSL n�o seria o que � hoje. N�o quero que ele saia (do partido), mas se a decis�o dele for sair, ter� o meu apoio. Mas n�o saio”, completou.
'Tempestade'
Embora os reflexos do racha nacional n�o sejam sentidos t�o de perto, na Assembleia Legislativa de Minas, a realidade n�o � diferente. Entre os seis deputados estaduais, s�o declaradamente bolsonaristas os deputados Coronel Sandro e Bruno Engler. Ontem, Engler usou o Facebook para fazer uma postagem de apoio a Bolsonaro. “N�o importa o tamanho da tempestade, estamos contigo, presidente”, dizia um card do mandato do parlamentar.
J� a Delegada Sheila, Coronel Henrique, Heli Grilo e Professor Irineu s�o do grupo ligado ao ministro do Turismo, Marcelo �lvaro Antonio, e a Bivar – ambos na mira do Minist�rio P�blico e da Pol�cia Federal sob a acusa��o de desvio de verbas p�blicas para candidaturas laranjas de mulheres do partido em Minas e em Pernambuco.
A dire��o estadual do PSL foi procurada pela reportagem, que recebeu a orienta��o de encaminhar perguntas por e-mail para o presidente em exerc�cio, Gustavo Gra�a. At� o fechamento desta edi��o ele n�o havia respondido � mensagem.
Cronologia da crise
Segunda-feira, 7/10
O presidente Jair Bolsonaro exigiu do presidente do PSL, Luciano Bivar (PE), por telefone, o comando do partido e amea�ou deixar a legenda. Bivar recusou o ultimato. O deputado controla o PSL desde 1994, quando a sigla ainda era nanica.
O PSL vem sendo alvo de disputas, com amea�a de debandada. O comando de Bivar � contestado por aliados de Bolsonaro, que tentam tomar as r�deas da sigla tendo em vista as elei��es municipais de 2020. O partido ter� a maior fatia do fundo eleitoral, dinheiro p�blico que vai financiar as campanhas de candidatos a prefeitos e vereadores.
Ter�a-feira, 8/10
Ao ser abordado por um apoiador na porta do Pal�cio da Alvorada, Bolsonaro pediu que ele “esquecesse” o PSL e afirmou que Luciano Bivar “est� queimado para caramba”. O apoiador, que gravava um v�deo com Bolsonaro, dizia ser pr�-candidato no Recife (PE) pelo PSL. "Eu, Bolsonaro e Bivar, juntos por um novo Recife", disse o apoiador. O presidente pediu que ele n�o divulgasse a grava��o. "Oh, cara, n�o divulga isso n�o. O cara (Bivar) est� queimado para caramba l�. Vai queimar o meu filme tamb�m. Esquece esse cara, esquece o partido", disse. A conversa acabou divulgada.
Quarta-feira, 9/10
Luciano Bivar disse que o v�deo demonstrava que Bolsonaro j� havia decidido deixar a sigla e que o presidente “n�o tem mais nenhuma rela��o com o PSL”.
Bolsonaro se reuniu com sua advogada Karina Kufa, o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Admar Gonzaga (que tem atuado como um conselheiro do presidente), e parlamentares que o apoiam dentro do partido. Aliados sa�ram da reuni�o dizendo que a situa��o de Bolsonaro no partido � “insustent�vel”. Perguntado sobre a declara��o do dia anterior, Bolsonaro disse que “n�o tem crise nenhuma”. “Briga de marido e mulher �s vezes acontece”, afirmou.
Ter�a-feira, 15/10
A Pol�cia Federal deflagrou uma opera��o de busca e apreens�o contra Luciano Bivar. O presidente do PSL � investigado por suspeita de montar um esquema de candidaturas femininas fict�cias (“laranjas”) nas disputas do ano passado com o fim de desviar dinheiro do fundo eleitoral – o que Bivar nega. A opera��o foi pedida em agosto pela PF, mas chegou a ser negada pela ju�za eleitoral Maria Margarida de Souza Fonseca, do Recife. Na segunda, dia 14, por�m, foi autorizada pelo Tribunal Eleitoral de Pernambuco. A ala pr�-Bivar viu a a��o como “retalia��o” do Planalto ao presidente da legenda, embora n�o tenha surgido nenhuma evid�ncia concreta.
� noite, a lideran�a do PSL na C�mara tentou obstruir a an�lise da medida provis�ria que trata da reestrutura��o administrativa da Casa Civil e da Secretaria de Governo. A manobra segurou a vota��o por duas horas e, embora a MP tenha sido aprovada, o gesto representou um recado do grupo “bivarista”.
Ap�s a manobra para obstruir a vota��o da MP sobre a reestrutura��o administrativa deputados da bancada iniciaram um movimento para destituir o l�der do PSL na C�mara, Delegado Waldir (GO) e nomear Eduardo Bolsonaro (PSL) para a fun��o.
Quarta-feira, dia 16
O presidente Jair Bolsonaro disse que n�o quer "tomar o partido de ningu�m", mas cobrou a divulga��o dos gastos do PSL. "O dinheiro � p�blico. S�o R$ 8 milh�es por m�s", disse. Perguntado se deseja a sa�da do presidente do PSL, Bolsonaro disse que n�o defende "nada". Ainda afirmou n�o ter m�goas de ningu�m e que, "por ora", tudo est� em paz.
Em nota, o PSL reafirmou que os documentos referentes � presta��o de contas do partido s�o p�blicos.
Quinta-feira, dia 17
Fracassa tentativa de colocar Eduardo Bolsonaro (PSL) como l�der do partido na C�mara. Fun��o continua com Delegado Waldir.
Em �udio vazado de uma reuni�o interna da ala do PSL ligada a Luciano Bivar, Delegado Waldir chama Jair Bolsonaro de “vagabundo” e afirma que vai "implodir" o presidente.
Bolsonaro destitui a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) da lideran�a do governo no Congresso. O lugar passa a ser ocupado pelo senador Eduardo Gomes (MDB-TO).