
Acusado pelo Minist�rio P�blico de mentir sobre quem permitiu a entrada de �lcio Queiroz no condom�nio Vivendas da Barra no dia do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), o porteiro do local pode ser convocado pelas promotoras a prestar novo depoimento. Em duas oportunidades, ele teria dito �s promotoras que, em 14 de mar�o de 2018, Queiroz teve sua entrada no condom�nio liberada pela casa 58, que pertence ao presidente Jair Bolsonaro.
A informa��o foi revelada semana passada pela TV Globo. A libera��o teria sido anotada no livro da portaria, segundo a reportagem. O porteiro teria declarado ainda que, o acesso foi liberado por "seu Jair". Na �poca deputado, Bolsonaro estava na C�mara dos Deputados, em Bras�lia, naquele dia.
O MP apresentou um �udio do sistema de comunica��o interno do condom�nio, em que Ronnie Lessa, da casa 65/66, autoriza a entrada de Queiroz. Com base nele, promotoras disseram que o porteiro mentiu. Peritos criminais questionaram a validade do �udio como prova porque ele foi analisado apenas por t�cnicos do MP e em menos de 2h30. "O material est� � disposi��o do ju�zo", informou o MP. "Caso queira, a defesa pode requerer nova per�cia."
Em depoimento dado em 4 de outubro, a que o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso, Queiroz confirmou que esteve na casa do amigo naquela noite. Lessa, que tamb�m foi interrogado, contou que os dois ficaram bebendo em sua casa, foram a um bar pr�ximo ver um jogo de futebol e beberam at� "tr�s, quatro da manh�". As promotoras n�o questionaram quem liberou a entrada de Queiroz. �lcio e Lessa negaram ter matado a vereadora e seu motorista, Anderson Gomes.
Quando lhe perguntaram se conhecia algu�m no condom�nio al�m de Lessa, Queiroz respondeu, ap�s pensar por um instante: "N�o, s� conhe�o ele (Lessa)". Em seguida, interrompeu a promotora e acrescentou, em tom de brincadeira: "E o presidente da Rep�blica, n�?" Quando Queiroz esteve no condom�nio, j� era p�blico que o ent�o presidenci�vel morava ali.
Foi a primeira vez em que os dois suspeitos confirmaram que estiveram juntos em 14 de mar�o. Isso se deu, por�m, ap�s o MP descobrir que Lessa havia recebido de sua mulher, em janeiro deste ano, pelo celular, uma foto da planilha que comprova que �lcio foi � casa do amigo por volta das 17h. Os dois estavam soltos, e Elaine, hoje tamb�m presa, pedia ao marido que falasse com o �lcio sobre o registro. S� ap�s o interrogat�rio o MP apreendeu a planilha e os �udios de comunica��o interna no condom�nio.
Pesquisas
"A gente se v� muito, mas n�o temos uma rotina. Naquele dia (14 de mar�o), com certeza nos encontramos, ele foi na minha casa. Chegou umas cinco. Ficamos bebendo e depois sa�mos porque tinha jogo do Flamengo", disse Lessa.
O MP perguntou a Queir�z por que ele fez pesquisas sobre parlamentares do PSOL na internet, como o ex-deputado Jean Wyllys e o deputado Marcelo Freixo, amigo e padrinho pol�tico de Marielle.
"Primeiro porque o Jean � deputado pelo Rio, n�…", respondeu. Ao ser questionado sobre outros parlamentares do Estado, Queiroz respondeu que havia feito v�rias buscas, mas n�o lembrava os nomes. Quanto a Freixo, disse que despertava interesse por ter sido candidato a prefeito. Ele afirmou que concorda com pautas da esquerda e que � contra a reforma da Previd�ncia.
Queiroz comentou que trabalhou na Prefeitura de Nova Igua�u, durante a gest�o de Lindbergh Farias (PT). "O melhor patr�o que tive."
Lessa, por sua vez, alegou que buscou na internet informa��es sobre lideran�as de movimentos de direitos humanos, ONGs, e endere�os que seriam frequentados por Marielle por causa de mat�rias jornal�sticas. O rastreamento das movimenta��es online de Lessa tamb�m revelou a busca por um rastreador, uma placa antirradar e uma caixa para enterrar armas. O acusado alegou que comprou o rastreador para a bicicleta do filho. Afirmou ainda que comprou a placa por curiosidade e explicou que a caixa teria sido usada para guardar uma arma.