Os dois atuais protagonistas da pol�tica brasileira, o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, acirraram a polariza��o em clima de disputa eleitoral no dia seguinte � soltura do petista da cela da Pol�cia Federal, onde esteve preso por 580 dias em cumprimento da pena por corrup��o e lavagem de dinheiro no caso do triplex no Guaruj� (SP). Ontem pela manh�, Bolsonaro fez duras cr�ticas a Lula ao deixar o Pal�cio da Alvorada. � tarde, em discurso no Sindicato dos Metal�rgicos de S�o Paulo, o ex-presidente rebateu tamb�m com ataques pesados o capit�o reformado.
Novos ataques a advers�rios
O ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva radicalizou o seu discurso e fez duras cr�ticas ao governo federal, ao presidente Jair Bolsonaro, ao ex-juiz federal S�rgio Moro e ao procurador Deltan Dallagnol, chefe da for�a-tarefa da Opera��o Lava-Jato. Em tom de campanha eleitoral, o petista discursou durante cerca de 45 minutos, ontem � tarde, em cima de um trio el�trico na sede do Sindicato dos Metal�rgicos de S�o Paulo, em S�o Bernardo do Campo, no ABC Paulista, ao lado de outras lideran�as de esquerda, como o deputado federal Marcelo Freixo (Psol-RJ), a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffman (PT-RS), e o ex-prefeito de S�o Paulo Fernando Haddad.
"O Moro � mentiroso, o Dallagnol � mentiroso. Eu tomei a decis�o de ir l� na Pol�cia Federal. Eu poderia ter ido para uma embaixada, para outro pa�s. Mas eu fui l� para provar que o juiz Moro n�o � um juiz, � um canalha. Eu tive que provar que Dallagnol n�o � um procurador que representa o Minist�rio P�blico. Ele montou uma quadrilha para roubar a Petrobras”, acusou o ex-presidente, que voltou a alegar inoc�ncia.
Apesar de afirmar que n�o apoia o impeachment do presidente Jair Bolsonaro, Lula chegou a falar em manifesta��es e disse que n�o pode aceitar um “governo de milicianos”. O discurso foi acompanhado por milhares de manifestantes. “Eu quero dizer uma coisa para voc�s. N�o tem outro jeito. N�o tem ningu�m que conserte este pa�s se voc�s n�o quiserem consertar. N�o adianta ficar com medo. Ficar preocupado com as amea�as que eles fazem na televis�o. A gente tem que ter a seguinte decis�o. Este pa�s � de 210 milh�es de habitantes e n�o podemos permitir que os milicianos acabem com este pa�s”, disse Lula.
Por diversas vezes, ele citou nominalmente Jair Bolsonaro e fez fortes cr�ticas �s pol�ticas de governo. “No discurso do Bolsonaro de ontem, ele chegou a confessar que ele devia as elei��es ao Moro (ministro Sergio Moro). Na verdade, ele deve ao Moro, aos ju�zes que me condenaram e � campanha de fake news e de mentira que fizeram eles ganharem do companheiro Fernando Haddad”, disse, se referindo � vit�ria de Bolsonaro nas elei��es do ano passado.
JUROS
“Esse cidad�o foi eleito (Jair Bolsonaro). Democraticamente, aceitamos o resultado da elei��o. Agora, ele foi eleito para governar para o povo brasileiro. E n�o para governar para os milicianos do Rio de Janeiro”, completou o ex-presidente. Ele criticou tamb�m a pol�tica econ�mica do governo federal, inclusive a queda da taxa Selic (taxa b�sica de juros), afirmando que esse indicador financeiro n�o representa al�vio nas contas das fam�lias mais pobres. “Aqui tem muitos economistas. Voc�s est�o percebendo que a taxa de juros est� caindo. Mas a taxa de juros que cai � a taxa Selic, que envolve o governo e a d�vida p�blica. Mas quero saber se os juros do cart�o de cr�dito caiu. Se os juros do cheque especial caiu. Se os juros da Casas Bahia caiu. Porque � esse juros que afeta o sal�rio do trabalhador (sic)”, disse.
O ex-presidente afirmou que se preparou porque queria provar que dorme com a consci�ncia mais tranquila do que seus "algozes". "Durmo com a consci�ncia tranquila de um homem justo e honesto. Duvido que Moro durma com a consci�ncia tranquila que eu durmo (sic). Duvido que Bolsonaro durma com a consci�ncia tranquila que eu durmo. Duvido que o ministro destruidor de empregos o [ministro da Economia, Paulo] Guedes durma com a consci�ncia tranquila que eu durmo", afirmou no discurso.
Lula lembrou ainda de revoltas populares que est�o ocorrendo em outros pa�ses da Am�rica do Sul, como o Chile, o Peru e o Equador, e convocou o povo para ir �s ruas, sem marcar uma data. “Os nossos deputados v�o ter que virar le�es naquele Congresso para n�o deixar eles aprovarem o que querem contra o povo trabalhador. Temos que seguir o exemplo do povo da Bol�via, do Chile, do Equador. N�o � s� lutar, � resistir. � atacar. Estamos muito calmos”, completou. (Com ag�ncias)
MORO RESPONDE
Depois do discurso de Lula, que o criticou, o ex-juiz S�rgio Moro escreveu em seu perfil no Twitter: “Aos que me pedem respostas a ofensas, esclare�o: n�o respondo a criminosos, presos ou soltos. Algumas pessoas s� merecem ser ignoradas”. Ele j� havia postado outra mensagem no Twitter pedindo respeito � decis�o do Supremo Tribunal Federal, que proibiu pris�o em segunda inst�ncia antes do julgamento de todos os recursos dos condenados. “Lutar pela justi�a e pela seguran�a p�blica n�o � tarefa f�cil. Previs�veis vit�rias e revezes. Preferimos a primeira e lamentamos a segunda, mas nunca desistiremos", ressaltou Moro no tweet acompanhado de um v�deo.
Milit�ncia petista critica Lava-Jato
S�o Paulo - A Opera��o Lava-Jato foi o maior alvo dos protestos das centenas de militantes petistas e simpatizantes do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva que se aglomeraram em volta do Sindicato dos Metal�rgicos, em S�o Bernardo do Campo, onde o petista discursou ontem. Dezenas de cartazes com a frase "Lava-Jato � uma fraude" disputaram espa�o com bandeiras, faixas e outros cartazes de movimentos sociais e do pr�prio PT.
A Opera��o Lava-Jato � o conjunto de investiga��es conduzidas pela Pol�cia Federal que cumpriu mais de mil mandados de busca e apreens�o, de pris�o tempor�ria, de pris�o preventiva e de condu��o coercitiva, visando apurar um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou bilh�es de reais em propina. O ex-presidente Lula foi o principal e mais importante alvo da Lava-Jato e esteve preso em uma cela da Superintend�ncia da Pol�cia Federal, em Curitiba, desde 7 de abril do ano passado, ap�s ter sido condenado pelo, � �poca, juiz de primeira inst�ncia S�rgio Moro. O petista foi condenado sob a acusa��o de receber propina da OAS por meio de reserva de um apartamento tri-plex no Guaruj� (SP) em troca de contrato com a Petrobras. Lula sempre negou.
Depois do pronunciamento em Curitiba, logo ap�s ser solto, na tarde de sexta-feira, Lula gravou v�deo e postou no Instagram, ainda na noite de anteontem, afirmando que o Brasil est� vivendo uma "loucura" e que est� livre para ajudar a tirar o pa�s dessa situa��o. "Quero dizer 'pra' voc�s que 't�' livre 'pra' ajudar a libertar o Brasil dessa loucura que est� acontecendo no nosso pa�s", diz Lula no v�deo. Leia a �ntegra da mensagem: "Queria falar com meus seguidores do Instagram. Quero dizer a voc�s que sou um senhor muito jovem. Tenho 74 anos do ponto de vista biol�gico. Mas tenho 30 anos do ponto de vista de energia e 20 anos, de tes�o. S� para voc�s ficarem com inveja desse jovem que est� falando com voc�s. Quero agradecer do fundo do cora��o toda solidariedade de voc�s (...) e dizer pra voc�s que 't�' livre para ajudar a libertar o Brasil dessa loucura que est� acontecendo no nosso pa�s. � preciso cuidar da educa��o, cuidar do emprego, do sal�rio, da cultura. � preciso cuidar do prazer e da alegria. Ali�s, a juventude n�o vive se n�o tiver prazer, motiva��o de vida. E � isso que n�s temos para oferecer 'pra' voc�s. Beijos."
JOS� DIRCEU
Assim como o ex-presidente Lula, o ex-ministro da Casa Civil Jos� Dirceu (PT) tamb�m foi solto como consequ�ncia da derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) da pris�o logo ap�s condena��o em segunda inst�ncia. Depois de ser solto, ele se reuniu com Lula e gravou v�deo no qual afirmou que, agora, a sua luta "n�o � por Lula livre". "Agora, (a luta) � para n�s voltarmos, retomarmos o governo do Brasil", diz o petista em grava��o reproduzida por Em�dio de Souza, deputado estadual do partido em S�o Paulo, em sua conta no Twitter.
"Para isso (retomar o governo), temos que deixar claro o que n�s somos: n�s somos petistas, de esquerda e socialistas. Somos tudo contr�rio (sic) ao que esse governo (do presidente Jair Bolsonaro) est� fazendo", comenta Dirceu. No fim do v�deo, Em�dio pergunta ao correligion�rio se ele estar� no Congresso Nacional do PT, de 22 a 24 de novembro, em S�o Paulo. "Estarei l�", confirma o ex-ministro.