O presidente Jair Bolsonaro vai mesmo sair do PSL e pretende patrocinar a cria��o de um novo partido, que deve ser batizado como "Alian�a pelo Brasil". Ap�s mais de um m�s de confronto com a c�pula do PSL, Bolsonaro convocou uma reuni�o para esta ter�a-feira, 12, no Pal�cio do Planalto, com um grupo de deputados da legenda, com o intuito de tra�ar os pr�ximos passos pol�ticos. Dos 53 deputados do PSL, ao menos 27 prometem acompanhar o presidente, mas a equipe jur�dica estuda alternativas para que eles n�o percam o mandato.
O pedido de cria��o de um partido precisa ser protocolado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com ao menos 419,9 mil assinaturas em nove Estados. Para que a nova sigla possa participar das disputas municipais do ano que vem, por exemplo, todos os tr�mites devem estar cumpridos at� mar�o, seis meses antes das elei��es.
Nos bastidores, governistas admitem que a corrida de 2020 � o primeiro teste para o projeto de poder de Bolsonaro, que almeja o segundo mandato, principalmente no momento em que o embate com o PT ganhou corpo com o retorno do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva � cena pol�tica.
O Planalto corre contra o tempo para a montagem de um novo partido que possa abrigar os bolsonaristas e, por isso, advogados estudam at� mesmo a cria��o de um aplicativo para coletar assinaturas de forma digital, uma modalidade que precisa do aval do TSE. "N�o est� nada certo ainda. Para depois voc�s n�o falarem que recuei", disse Bolsonaro � noite, ao chegar no Pal�cio do Alvorada, quando perguntado se o partido que pretende tirar do papel se chamar� "Alian�a pelo Brasil". "Tenho de tomar conhecimento do que est� acontecendo amanh� (hoje), para poder informar."
Em mensagem enviada ontem a deputados aliados no grupo intitulado "Time Bolsonaro", o presidente marcou o encontro para as 16 horas, mas n�o especificou o assunto. "N�o � uma ditadura, n�o. Quem quiser ficar no PSL, � vontade. A gente vai bater um papo com a maioria da bancada para ver como vai ficar essa situa��o", afirmou o deputado Eduardo Bolsonaro (SP), l�der da bancada do PSL e filho do presidente. "Se ele for para a lua, eu vou com ele."
Eduardo � um dos 18 deputados do PSL que enfrentam processo interno disciplinar, al�m de ter sido levado pela oposi��o ao Conselho de �tica ap�s defender a edi��o de "um novo AI-5" no Pa�s, caso haja uma radicaliza��o da esquerda. No PSL, por�m, ele � acusado pelo grupo ligado ao presidente do partido, deputado Luciano Bivar (PE), de agir para denegrir a imagem da sigla.
Bolsonaro deve ficar sem partido at� que esteja tudo arrumado para a nova filia��o. Desde o in�cio de sua trajet�ria pol�tica, o presidente j� passou por nove partidos, incluindo o PSL, pelo qual disputou a Presid�ncia. Mas o div�rcio, desta vez, � litigioso e enfrenta v�rios percal�os. Um deles � que parlamentares bolsonaristas �vidos por deixar a legenda correm o risco de perder o mandato se n�o esperarem a chamada "janela partid�ria" - per�odo permitido para o troca-troca de partidos, de seis meses antes da elei��o.
Para que isso n�o ocorra, eles devem migrar para uma legenda em forma��o - caso da "Alian�a pelo Brasil". Al�m disso, podem alegar "justa causa", hip�tese tamb�m avaliada por advogados de Bolsonaro que auxiliam deputados do PSL.
Na disputa interna, o presidente cobrou a abertura da "caixa preta" do PSL e depois pediu � Procuradoria-Geral da Rep�blica (PGR) o bloqueio do Fundo Partid�rio da sigla, al�m do afastamento de Bivar, sob alega��o de haver "ind�cios de ilegalidade" na movimenta��o dos recursos. "O partido n�o pode ter dono. Isso precisa acabar", disse o l�der do governo na C�mara, Major Vitor Hugo (GO), em refer�ncia a Bivar.
Na pr�tica, a queda de bra�o entre o grupo de Bivar e de Bolsonaro envolve dinheiro. O PSL, que era nanico, se tornou uma superpot�ncia ap�s eleger 52 deputados - ganhou mais um nome depois - em 2018, na onda do bolsonarismo. Apenas neste ano deve receber R$ 110 milh�es de Fundo Partid�rio. At� 2022, ano de sucess�o no Planalto, a cifra pode ultrapassar R$ 1 bilh�o em recursos p�blicos, se for computado nesse c�lculo o fundo eleitoral.
Antes de falar em �Alian�a pelo Brasil�, Bolsonaro sondou v�rias op��es como destino pol�tico. Chegou at� mesmo a enviar emiss�rios para conversar com o deputado Capit�o Augusto (PL-SP), coordenador da bancada da bala, que articula a cria��o do Partido Militar Brasileiro. Os interlocutores de Bolsonaro queriam saber o que faltava para p�r a legenda de p�.
"De fato, eu fui procurado, mas depois n�o falaram mais nada. Quero saber como v�o fazer para criar outro partido at� mar�o, pois h� uma fila no TSE, o processo � demorado e n�o tem como ningu�m pular na frente, nem mesmo o presidente da Rep�blica", disse Capit�o Augusto. Atualmente, h� 75 pedidos pendentes no TSE sobre cria��o de partidos.
"N�o h� nada que possa ser viabilizado para acomodar os parlamentares at� as elei��es, a n�o ser que haja fus�o ou que esse grupo v� para outra sigla. � um tiro no escuro, porque podem perder o mandato, mas que v�o com Deus", afirmou Coronel Tadeu (PSL-SP), do grupo bivarista.
Em uma novela que come�ou quando Bolsonaro disse que Bivar estava "queimado para caramba" e na qual houve cap�tulos inimagin�veis, como destitui��o de l�der da bancada na C�mara e "espi�es" gravando reuni�es do partido e at� conversas do pr�prio presidente, ningu�m arrisca qual ser� o pr�ximo cap�tulo.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
POL�TICA