(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas GOVERNO

Brasil est� longe da onda de crises que contaminam a Am�rica Latina

Brasil n�o foi contaminado pela turbul�ncia pol�tica nos pa�ses vizinhos, mas especialistas alertam para a import�ncia de atender �s demandas sociais e do crescimento econ�mico


postado em 17/11/2019 04:00 / atualizado em 17/11/2019 07:33

Jair Bolsonaro não mencionou crise no Chile e na Bolívia durante a reunião do Brics (foto: DREW ANGERER/AFP)
Jair Bolsonaro n�o mencionou crise no Chile e na Bol�via durante a reuni�o do Brics (foto: DREW ANGERER/AFP)

Bras�lia - Em meio a protestos inflamados, deposi��o de presidente e elei��es controversas na Am�rica do Sul, a preocupa��o do maior pa�s do continente � se descolar do cen�rio de instabilidade. A mensagem que o governo tenta passar � de que o Brasil n�o foi contaminado pelas crises nas na��es vizinhas. E, na avalia��o de especialistas, a mensagem � recebida com sucesso.

Apesar de algumas declara��es do presidente Jair Bolsonaro que foram consideradas fora do tom, como os coment�rios ir�nicos sobre a ren�ncia e o asilo pol�tico do ex-presidente boliviano Evo Morales, eles consideram que o alerta sobre um poss�vel “efeito cont�gio” tem sido bem administrado.

Sinal disso � o comunicado final da 9ª C�pula do Brics — grupo que re�ne Brasil, R�ssia, �ndia, China e �frica do Sul —, que aconteceu em Bras�lia, ter ignorado completamente a situa��o nos pa�ses latinos. O documento, elaborado na �ltima quinta-feira, n�o faz nenhuma men��o ao assunto, nem mesmo na parte que fala da conjuntura regional. Bolsonaro, anfitri�o do evento, nem sequer os mencionou no discurso.

De fato, a onda de crises ainda n�o teve efeitos diretos no Brasil, mas � natural que reflita ao menos em um clima de apreens�o, explica o cientista pol�tico Creomar de Souza, da consultoria Dharma Political Risk and Strategy. Nesse ponto, os especialistas concordam: a consequ�ncia imediata � o alerta sobre a import�ncia de  atender �s demandas da sociedade, para n�o cometer os mesmos erros dos vizinhos, e, ao mesmo tempo, avan�ar em pol�ticas econ�micas capazes de atrair investimentos.

Souza cita como exemplo de fracasso nessa din�mica o caso do Chile, “bastante emblem�tico”, na vis�o dele. A economia estava relativamente est�vel, mas as queixas quanto ao bem-estar social eram menosprezadas pelo governo. Em algum momento, a insatisfa��o transbordou e deu origem a protestos de grande propor��o, que amanh� completam um m�s. Para o especialista, n�o h� ind�cios de que o mesmo aconte�a no Brasil.

Na Bol�via, a situa��o tamb�m � diferente da brasileira. L�, a economia deve registrar, neste ano, o maior crescimento da Am�rica do Sul, de acordo com o Fundo Monet�rio Internacional (FMI). Mas h� uma crise pol�tica intensa desde o plebiscito de 2016, desrespeitado por Evo Morales, que agora atingiu o auge, com a ren�ncia for�ada do presidente. Se o governo brasileiro conseguir dar respostas positivas e n�o cair nas mesmas armadilhas, “ser� menor a chance de questionamentos mais explosivos ou de a��es que caminhem para a viol�ncia”, resume Souza.

O cientista pol�tico Cristiano Noronha, vice-presidente da consultoria Arko Advice, ressalta que as boas perspectivas econ�micas devem segurar potenciais efeitos de diverg�ncias pol�ticas no Brasil. Os indicadores come�am a melhorar – o n�vel de atividade econ�mica teve alta de 0,44% em setembro, na compara��o com agosto, acima do 0,39% esperado pelo mercado, e a infla��o ficou em 0,10% em outubro, menor taxa para o m�s desde 1998.

CONTAS P�BLICAS

Al�m disso, o governo tem tomado medidas para organizar as contas p�blicas e estimular a gera��o de empregos, o que acalma o mercado e reduz a press�o social. “Algumas dessas a��es, �s vezes, s�o impopulares � primeira vista. Mas, conforme geram resultados, a expectativa das pessoas melhora em rela��o ao futuro. Combina��o perigosa seria sinais econ�micos ruins e caos pol�tico”, afirma Noronha.

As boas perspectivas econ�micas no Brasil cont�m revoltas como as que acontecem nos arredores, mas a polariza��o pol�tica entra no debate como poss�vel fator de instabilidade no futuro, avaliam cientistas pol�ticos. Mas, mesmo com os embates entre esquerda e direita, alguns fatores tranquilizam os especialistas, como a percep��o de que a onda negativa quanto � soltura do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva foi menor do que se esperava.

Mesmo com um grupo ou outro sugerindo movimentos contra a decis�o do Supremo Tribunal Federal (STF) que veda a pris�o em segunda inst�ncia, eles avaliam que a disputa est� contida e que n�o vai ser esse o fator decisivo para desencadear uma crise no Brasil. Em um primeiro momento, Lula questionou a vit�ria de Bolsonaro nas urnas, o que gerou apreens�o, mas voltou atr�s e admitiu que ele foi eleito democraticamente e deve terminar o mandato.

O presidente tamb�m n�o tem discutido com o petista de forma intensa, apesar de rebater algumas falas. “� essencial haver responsabilidade de ambos os lados, para n�o jogar gasolina na fogueira”, diz o cientista pol�tico Cristiano Noronha, vice-presidente da consultoria Arko Advice. Para ele, esse equil�brio tem sido bem administrado.

“EFEITO CONT�GIO”

Na avalia��o do consultor em rela��es governamentais e com�rcio internacional Wagner Parente, da BMJ, � “improv�vel” que a soltura de Lula seja suficiente para levantar revoltas. “Mesmo que alguns n�o concordem e tentem atacar as institui��es, elas est�o funcionando bem”, afirma. Al�m disso, ele ressalta que os motivos dos impasses na Am�rica do Sul s�o muito variados. O que ocorreu, na vis�o dele, n�o foi um “efeito cont�gio”, mas uma s�rie de crises individuais que explodiram ao mesmo tempo.

O fator pol�tico que pode influenciar na estabilidade, segundo Noronha, da Arko Advice, � a futura vota��o, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), da suspei��o do ministro da Justi�a, Sergio Moro, na condena��o de Lula. “Pode acender uma fa�sca”, acredita o cientista pol�tico da Arko Advice. Al�m de refor�ar a polariza��o, uma decis�o que confirme a interfer�ncia do ent�o juiz da Lava-Jato no caso devolveria a elegibilidade do petista e o levaria de volta � disputa eleitoral.

O s�cio-diretor da consultoria Prospectiva, Ricardo Mendes, n�o v� muitos ind�cios de que a pol�tica gere manifesta��es por agora, no in�cio de governo. Ele acredita que o Brasil se antecipou, em 2013, �s crises que surgem agora nos pa�ses vizinhos. “Na minha leitura, faz parte da mesma onda. O timing aqui j� foi. O resultado disso foi o impeachment de uma presidente e, depois, a elei��o de presidente controverso”, lembra.
 



receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)