
Na primeira entrevista desde que saiu da pris�o, no �ltimo dia 8 de novembro, o ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo (sem partido) disse ter sido v�tima do ex-procurador-geral da Rep�blica Rodrigo Janot, a quem acusou de ser o respons�vel "sem nenhuma prova" por sua condena��o na Justi�a.
"Fui injusti�ado a partir do Janot, como todos viram a�, que tipo de pessoa ele �. Para aparecer, digamos assim, me pediu uma pena de 22 anos (conforme a senten�a, em 2ª inst�ncia, o ex-governador foi condenado a 20 anos e um m�s). Um neg�cio absurdo, sem nenhuma prova, n�o assinei nada. Fui v�tima de um psicopata, como realmente � essa figura do procurador", afirmou Azeredo em entrevista � R�dio Itatiaia na manh� desta segunda-feira.
Patroc�nio eleitoral
Azeredo admitiu, no entanto, que houve "patroc�nio", por meio de empresas p�blicas, de sua campanha � reelei��o, em 1998. A pr�tica � proibida, contudo, pela legisla��o que disciplina as elei��es no pa�s. "O pr�prio Z� Afonso ( Jos� Afonso Bicalho), que era presidente do Bemge (banco estatal privatizado na gest�o de Azeredo), reconheceu que n�o era da al�ada do governador saber que patroc�nio o banco est� fazendo", argumentou.
Governador de Minas entre 1995 e 1998 - disputou a reelei��o e perdeu para Itamar Franco (1999/2002) -, Azeredo foi denunciado pelo Minist�rio P�blico Federal, em 2007, pelo esquema conhecido como mensal�o tucano, de desvios de dinheiro p�blico. Em 2014, Janot pediu a sua condena��o. Azeredo era filiado ao PSDB e pediu neste ano a desfilia��o.
Segundo os investigadores, por meio de estatais, foram desviados R$ 3,5 milh�es ( a pre�os da �poca) para a campanha. O esquema foi considerado uma esp�cie de embri�o do mensal�o do PT, uma vez que o operador mineiro Marcos Val�rio teria participado dos dois esquemas.
Para Azeredo, a pris�o dele, ap�s ser condenado em 2ª inst�ncia, foi uma compensa��o � pris�o de Lula, preso um m�s antes, em abril de 2018.
Rotina na cadeia e livro
Durante o per�odo em que ficou preso, quase um ano e meio, em uma das sedes do Corpo de Bombeiros em Belo Horizonte, no Bairro Anchieta, na Regi�o Centro-Sul, Azeredo disse que sua rotina se resumiu a 32 cursos de ensino a dist�ncia, exerc�cios f�sicos di�rios e idas � capela local da corpora��o. "Fui muito bem tratado", disse, contando ainda que tinha permiss�o para assistir pela TV aos jogos do Am�rica-MG, clube do qual � torcedor.
Azeredo tamb�m disse que escreveu um livro na pris�o, contando sua trajet�ria na pol�tica. Ele � tamb�m ex-prefeito de Belo Horizonte, ex-senador e ex-deputado federal. O ex-tucano n�o adiantou quando ser� o lan�amento, afirmando apenas que est� em fase de "juntar fotografias" para ilustrar a publica��o.
''D� de Zema''
Azeredo tamb�m disse, durante a entrevista � R�dio Itatiaia, sentir pena do governador Romeu Zema (Novo). "Tenho d� do Zema, coitado. Est� a� passando um aperto do c�o", afirmou o ex-governador ao justificar por que n�o teve conhecimento do desvio de recursos p�blicos para, segundo ele, servir de "patroc�nio eleitoral".
"A� fiquei um pouco frustrado, porque disseram que n�o � cr�vel (se referindo a ele pr�prio) n�o soubesse ( do patroc�nio). N�o � poss�vel que algu�m n�o entenda o tamanho de Minas Gerais, a dificuldade de governar", disse.
Voltar � pris�o
Perguntado se sentia medo de voltar � pris�o, Azeredo disse que "n�o penso nisso, n�o". A soltura do ex-governador foi concedida gra�a � decis�o do Supremo Tribunal Federal em revogar pris�es em 2ª inst�ncia.
Hoje, a Constitui��o Federal determina a pris�o - salvo flagrante delito e exce��es previstas em lei-, quando do tr�nsito em julgado. Esse expediente poder� ser revisto, caso o Congresso determine por meio de vota��o de Proposta de Emenda � Constitui��o (PEC).