O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta segunda-feira, 25, que � "uma insanidade" que o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva pe�a a presen�a do povo em manifesta��es na rua e sugeriu que o pedido por "um AI-5" � uma consequ�ncia do discurso do petista. "Quando o outro lado ganha, com dez meses voc� j� chama todo mundo pra quebrar a rua? Que responsabilidade � essa? N�o se assustem ent�o se algu�m pedir o AI-5", afirmou o ministro, em visita a Washington (EUA).
Guedes falava que o presidente Jair Bolsonaro se preocupou com o "timing pol�tico" do envio das reformas administrativa e tribut�ria ao Congresso, levando em conta as manifesta��es de rua em outros pa�ses da Am�rica Latina, como o Chile. Questionado por um rep�rter se a preocupa��o era gerada por algum medo de Lula, o ministro come�ou a falar sobre o ex-presidente e criticou manifesta��es feitas ap�s sua soltura. Ao deixar a pris�o, o ex-presidente convocou a juventude a ir �s ruas e seguir o exemplo do Chile e da Bol�via.
"Chamar povo para rua � de uma irresponsabilidade... Chamar o povo para rua pra dizer que tem o poder, para tomar. Tomar como? A� o filho do presidente fala em AI-5, a� todo mundo assusta, fala 'o que que �?' (...) A� bate mais no outro. � isso o jogo? � isso o que a gente quer? Eu acho uma insanidade chamar o povo pra rua pra fazer bagun�a. Acho uma insanidade."
H� pouco menos de um m�s, o deputado Eduardo Bolsonaro, um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, defendeu medidas como "um novo AI-5" para conter manifesta��es de rua caso "a esquerda radicalizasse". O Ato Institucional nº 5 foi a mais dura medida institu�da pela ditadura militar, em 1968, ao revogar direitos fundamentais e delegar ao presidente da Rep�blica o direito de cassar mandatos de parlamentares, intervir nos munic�pios e Estados, esvaziar garantias constitucionais como o direito a habeas corpus e suspens�o de direitos civis. A fala de Eduardo Bolsonaro foi repreendida nacionalmente por lideran�as como o presidente da C�mara, Rodrigo Maia, e ministros do Supremo Tribunal Federal.
Guedes afirmou que "assim que ele (Lula) chamou para a confus�o, veio logo o outro lado e disse '�, saia para a rua, vamos botar um excludente de ilicitude, vamos botar o AI-5, vamos fazer isso, vamos fazer aquilo. Que coisa boa, n�? Que clima bom", criticou o ministro.
O ministro tamb�m sugeriu que o projeto de lei que prev� o excludente de ilicitude para militares e agentes de seguran�a p�blica em opera��es de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) � uma resposta ao discurso de Lula.
"Aparentemente digo que n�o (Bolsonaro n�o est� com medo do Lula). Ele s� pediu o excludente de ilicitude. N�o est� com medo nenhum, coloca um excludente de ilicitude. Vambora", disse o ministro. Bolsonaro disse na semana passada que enviou ao Congresso projeto de lei que beneficia militares e agentes de seguran�a p�blica para que possam agir sem ter de responder criminalmente em opera��es de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
Bolsonaro disse que agora "cabe ao Parlamento" a an�lise do projeto, que chamou de marco importante na luta contra a criminalidade no Brasil. O presidente tamb�m disse que "ladr�o de celular tem que ir pro pau", numa refer�ncia a uma fala do ex-presidente Lula. Uma semana atr�s, o petista disse que "n�o aguenta mais um jovem ser morto porque roubou um celular".
Depois de mais de 1h30 de coletiva de imprensa em Washington, Guedes tentou pedir que o conte�do de suas declara��es fossem mantidas "off the records" - pr�tica jornal�stica na qual uma fonte pede que a informa��o n�o seja divulgada pelos rep�rteres. Ele foi avisado de que ag�ncias de not�cias de transmiss�o em tempo real e televis�es acompanhavam a coletiva de imprensa, que �, por defini��o, o momento em que autoridades prestam esclarecimentos p�blicos.
Diante disso, o ministro continuou: "� irrespons�vel chamar algu�m pra rua agora pra fazer quebradeira. Pra dizer que tem que tomar o poder. Se voc� acredita numa democracia, quem acredita numa democracia espera vencer e ser eleito. N�o chama ningu�m pra quebrar nada na rua. Este � o recado para quem est� ao vivo no Brasil inteiro. Sejam respons�veis, pratiquem a democracia. Ou democracia � s� quando o seu lado ganha? Quando o outro lado ganha, com dez meses voc� j� chama todo mundo pra quebrar a rua? Que responsabilidade � essa? N�o se assustem ent�o se algu�m pedir o AI-5. J� n�o aconteceu uma vez? Ou foi diferente? Levando o povo pra rua pra quebrar tudo. Isso � est�pido, � burro, n�o est� � altura da nossa tradi��o democr�tica."
Guedes afirmava a todo momento que fazia as declara��es como "pessoa f�sica" e n�o como ministro da Economia. Segundo ele, n�o caberia ao ministro da economia discutir com Lula.
O ministro foi questionado por uma rep�rter se acredita ser conceb�vel, em qualquer circunst�ncia, ter a ado��o de uma medida como o AI-5. Guedes simulou uma voz empostada e falou: "� inconceb�vel, a democracia brasileira jamais admitiria, mesmo que a esquerda pegue as armas, invada tudo, quebre e derrube � for�a o Pal�cio do Planalto, jamais apoiaria o AI-5, isso � inconceb�vel. N�o aceitaria jamais isso. Est� satisfeita?". Ele foi questionado, ent�o, se usava de ironia na sua resposta. Com a simula��o da mesma voz, ele afirmou: "Isso � uma ironia, ministro? O senhor est� nos ironizando? De forma alguma."
Reformas
O ministro admitiu que as reformas desaceleraram com receio a manifesta��es como as vistas em outros pa�ses da regi�o. "� verdade que desacelerou. Quando come�a todo mundo a ir pra rua por 'no apparent reason', voc� n�o sabe qual � a raz�o, voc� fala: 'N�o, para tudo pra gente n�o dar nenhum pretexto, vamos ver o que est� acontecendo primeiro. Vamos entender o que est� acontecendo", disse. Segundo ele, Bolsonaro est� comprometido com as reformas, mas tem preocupa��o com o que aconteceu nos demais pa�ses da regi�o.
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