O perito Charles William, preso na Lava-Jato por emitir laudos favor�veis a empresas do transporte p�blico carioca, tinha "boas rela��es com alguns dos ju�zes" que julgavam as a��es da Federa��o das Empresas de Transportes de Passageiros do Rio de Janeiro (Fetranspor), afirma o ex-presidente da entidade e hoje delator L�lis Teixeira.
A colabora��o serviu de base para o pedido de pris�o contra William ordenado pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal do Rio de Janeiro. A reportagem teve acesso ao relato de L�lis, que est� em segredo de justi�a. S�o 25 anexos que citam pol�ticos, servidores da Receita e da Pol�cia Federal e magistrados e conselheiros do Judici�rio fluminense.
Ao citar o perito, L�lis Teixeira afirma que havia 103 a��es iniciadas pelas empresas contra o Estado do Rio de Janeiro ap�s o Tribunal de Justi�a fluminense anular a redu��o em 15% das tarifas decretadas em 1999 pelo ent�o governador Anthony Garotinho. Os processos foram apresentadas para reaver preju�zos sofridos durante a vig�ncia da passagem mais barata.
"Para o bom andamento dessas a��es a Fetranspor requereu a colabora��o do Charles, que tinha boas rela��es com alguns dos ju�zes que julgavam as a��es", afirma L�lis, que n�o cita nominalmente quais magistrados tinha rela��o com o perito. O delator diz que, segundo ouviu de Jos� Carlos Lavouras, empres�rio do setor de transportes, o perito tamb�m seria casado com uma magistrada.
Em outros anexos da dela��o, L�lis relatou suposta atua��o de magistrados do Tribunal de Justi�a do Rio de Janeiro e do Tribunal de Contas do Munic�pio do Rio de Janeiro em favor da Fetranspor. Os pagamentos eram destinados a fazer magistrados tomarem decis�es que beneficiassem as empresas em a��es sobre licita��es do transporte p�blico carioca.
Propina
Na declara��o de L�lis, constam pagamentos milion�rios ao perito para emitir laudos fraudulentos sobre os preju�zos sofridos pelas empresas de transporte. Os valores seriam provenientes do "caixa dois" da Fetranspor e estariam declarados na planilha de pagamentos do doleiro �lvaro Novis, tamb�m delator da Lava-Jato, sob o codinome "Sr. Charles".
Os pagamentos foram de R$ 1,070 milh�o em 2012, R$ 520 mil em 2013 e R$ 1,4 milh�o em 2015. Ao apresentar den�ncia, o Minist�rio P�blico Federal acusou William de ter recebido R$ 4,9 milh�es em propinas da Fetranspor.
Segundo L�lis, "n�o s� a forma, mas tamb�m o valor do pagamento" indicaria que os recursos, ou parte deles, tamb�m teriam sido "repassados a terceiros para combina��es esp�rias".
O Minist�rio P�blico identificou opera��es financeiras milion�rias nas contas do perito, sendo que algumas delas foram realizadas por empresas com s�cios "laranjas" no Panam�. An�lise da Receita tamb�m indicou que o perito possui im�veis de luxo e "poss�vel omiss�o de rendimentos".
Defesa
A reportagem busca contato com a defesa do perito Charles William. O espa�o est� aberto a manifesta��es.