
Os valores foram transferidos por treze servidores do gabinete do parlamentar e constam no relat�rio da promotoria sobre a opera��o de buscas e apreens�es conduzidas nesta quarta-feira, 18.
As informa��es foram divulgadas pela revista Cruso� e confirmadas pelo Estad�o.
O relat�rio do MP aponta que chegou ao valor ap�s analisar as movimenta��es financeiras de Queiroz ap�s afastamento do sigilo banc�rio do ex-assessor parlamentar, decretada em abril deste ano e que atingiu, inclusive, o pr�prio senador Fl�vio Bolsonaro.
Segundo a promotoria, a maior parte dos valores (69%) foi repassado por dep�sito banc�rio de dinheiro em esp�cie, mas tamb�m foram utilizados transfer�ncias e dep�sitos de cheques. Queiroz � apontado pelos promotores como o "arrecadador dos valores desviados da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro".
Al�m dos dep�sitos, o Minist�rio P�blico afirma que o ex-assessor parlamentar "executou uma intensa rotina de saques em sua pr�pria conta corrente", chegando ao total de R$ 2,9 milh�es em esp�cie.
"Essa predomin�ncia de transa��es em dinheiro vivo na conta corrente de Fabr�cio Queiroz n�o decorre de acidente, nem de mera coincid�ncia. Pelo contr�rio, essa incomum rotina de dep�sitos em esp�cie seguidos de saques tamb�m em dinheiro na mesma conta decorre de uma op��o deliberada do operador financeiro, com o prop�sito espec�fico de tentar n�o deixar rastros no sistema financeiro acerta da origem e do destino dos recursos que transitaram pela conta de sua titularidade, os quais passaram ent�o a circular por fora do sistema financeiro", aponta a promotoria.
O Minist�rio P�blico alega ainda ter identificado outros R$ 900 mil em dep�sitos em esp�cie para a conta de Queiroz "cuja proced�ncia n�o foi poss�vel precisar pelo cruzamento de valores". A promotoria afirma ainda que ocorreram "centenas de saques nas contas banc�rias de ex-assessores" de Fl�vio Bolsonaro que foram destinadas a operadores financeiros mediante entrega em m�os, sem passar pela conta de Queiroz.
Fantasmas
Al�m de arrecadar o dinheiro dos sal�rios dos servidores de Fl�vio Bolsonaro, Queiroz tamb�m tinha a fun��o de indicar familiares e pessoas de sua pr�pria confian�a para cargos no gabinete do ent�o deputado estadual.
Entre os indicados estavam a esposa de Queiroz, M�rcia Oliveira de Aguiar, que atuava como cabeleireira mas tinha cargo no gabinete de Fl�vio Bolsonaro. Ela, no entanto, jamais retirou o crach� funcional para acessar as depend�ncias da Alerj.
A filha de Queiroz, Nath�lia Melo de Queiroz tamb�m foi nomeada para cargo na Assembleia mesmo cursando educa��o f�sica na Universidade Castelo Branco, a 38,7 quil�metros da Alerj e mantinha emprego em outras tr�s academias de gin�stica. Assim como a m�e, Nath�lia tamb�m nunca pegou o seu crach� de funcion�ria de Fl�vio. A sua irm�, Evelyn Melo de Queiroz, foi nomeada enquanto exercia a profiss�o de manicure e pedicure.
A fam�lia Queiroz integra o grupo de doze servidores que teria recebido cerca de R$ 6,1 milh�es da Assembleia Legislativa do Rio e repassado ao menos R$ 1,8 milh�es para a conta de Fabr�cio Queiroz e sacado cerca de R$ 2,9 milh�es em esp�cie para entrega em m�os, aponta o MP.
N�cleos
A promotoria dividiu a investiga��o contra Queiroz em quatro n�cleos: o primeiro � voltado para as indica��es e manuten��o de assessores em cargos na Assembleia em troca de repasse de parte dos sal�rios, pr�tica conhecida como "rachadinha".
O segundo n�cleo seria composto por operadores financeiros respons�vel por recolher os recursos e garantir o cumprimento de carga de trabalho de funcion�rios fantasmas. � neste n�cleo que se encontra Fabr�cio Queiroz.
O terceiro n�cleo era formado por pessoas que concordavam em serem nomeadas como servidores fantasmas ou como assessores com o compromisso de garantir o repasse mensal do sal�rio que receberia pela fun��o na Alerj.
O quarto n�cleo � voltado � empresa Bolsotini Chocolates e Caf� Ltda, de Fl�vio Bolsonaro e sua esposa, que tinha atribui��o de "lavar parte dos recursos desviados da Alerj" por meio de dep�sitos e inseridos no patrim�nio do ent�o deputado estadual como lucros superestimados da atividade empresarial.
"Os elementos de prova dos autos permitem vislumbrar a exist�ncia de uma organiza��o criminosa com alto grau de perman�ncia e estabilidade, formada desde o ano de 2007 por dezenas de servidores da Alerj destinada � pr�tica de crimes de peculato atrav�s do desvio de verbas or�ament�rias do Poder Legislativo, bem como de lavagem de dinheiro, com clara divis�o de tarefas", afirma o MP.
Defesas
A reportagem entrou em contato com o gabinete do senador Fl�vio Bolsonaro e aguarda resposta e busca contato com a defesa de Fabr�cio Queiroz. O espa�o est� aberto a manifesta��es.