
O governo precisar� encontrar a melhor sintonia do di�logo com o Legislativo. Caso a articula��o n�o funcione, depender� muito de uma melhora da economia para tocar a ampla agenda de reformas defendida pelo ministro Paulo Guedes e manter a pauta, de um jeito ou de outro. Tradicionalmente, o presidente eleito costuma ter a seu favor o apoio popular no primeiro ano de mandato, um elemento chave para induzir o Parlamento a apoi�-lo. A aprova��o de Jair Bolsonaro, contudo, caiu de quase 50%, no in�cio do ano, para 29%, aponta o Ibope. O �ndice � o mesmo atingido pelo ex-presidente Fernando Collor, que sofreu impeachment e, em seu primeiro dia de governo, anunciou o confisco da poupan�a.
Basicamente, Bolsonaro mant�m uma taxa dos que consideram seu governo �timo ou bom em um patamar pr�ximo aos 31% do �ndice de inten��o de votos que tinha antes do primeiro turno das elei��es de 2018, de acordo com o pr�prio Ibope. Em outras palavras, o presidente n�o consegue agregar apoio de parte da sociedade al�m dos eleitores fi�is. O senador Otto Alencar (BA), l�der do PSD na C�mara, alerta para as dificuldades no relacionamento com o Executivo e associa a incapacidade em agregar �s pr�prias decis�es tomadas.
O parlamentar cita, como exemplo, as cis�es internas do governo. “O pr�prio partido que o elegeu, o PSL, se dividiu. Quem n�o pensa igual, Bolsonaro tira do caminho. Isso dificulta a rela��o, mas o Congresso est� tendo muita responsabilidade e votando a favor do equil�brio”, afirma. Alencar considera negativa a instabilidade institucional que o presidente transmite. “Ningu�m consegue decifrar o caminho que ele vai tomar, muda de opini�o de uma hora para a outra, tem descontroles verbais que constrangem os pr�prios aliados. O governo � confuso e inst�vel, tanto que, em um ano, trocou muita gente. Ele faz sempre di�spora dentro do pr�prio grupo, mantendo um estado completo de beliger�ncia”, explica.
Segundo mandato
A an�lise � endossada pelo senador Humberto Costa (PT-PE), l�der do partido na Casa. Para ele, Bolsonaro tem caracter�stica autorit�ria, e isso se reflete em dificuldades para debater opini�es diferentes. “Na cabe�a dele, o Congresso deveria ser uma extens�o do governo, dos desejos dele. Mas o Congresso � aut�nomo, independente e tem se posicionado assim. O que favorece � o fato de que a agenda econ�mica coincide com a agenda da maior parte dos congressistas, fica uma aparente imagem de que tem maioria, mas n�o tem. Uma das dificuldades � que ele ficou prisioneiro do discurso de que n�o ia ter toma l� d� c�, que n�o ia fazer jogo com o Congresso. Mas est� sendo feito o tempo todo. Nunca houve um governo que tirasse tanta verba de minist�rios e colocasse para emendas”, acusa.A jornalistas, ontem, no Pal�cio da Alvorada, Bolsonaro fez uma avalia��o de seu primeiro ano, que considera bom. Enalteceu o trabalho feito pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, a quem chamou de seu “patr�o”, e projetou um cen�rio positivo para 2020, com foco na economia. Ele bancou a aprova��o da reforma tribut�ria, mas destacou que o carro-chefe para o pr�ximo ano ser� a cria��o de empresas. “O que n�s queremos � facilitar a vida de quem empreende”, sustenta. Diz, inclusive, ter pedido ao chefe da equipe econ�mica para lan�ar o plano Minha Primeira Empresa.
A economia, na cabe�a de Bolsonaro, se confirmada a recupera��o projetada por analistas de mercado, ser� a sua grande ponte para o segundo mandato. O governo aposta que o Produto Interno Bruto (PIB) crescer� entre 2,5% e 3% em 2020, �ndice suficiente para reduzir a taxa de desemprego para pr�ximo de 10%. A seu favor, ter� ainda a infla��o sob relativo controle e os juro nos n�veis mais baixos da hist�ria. O grande desafio do presidente, em meio a esse quadro favor�vel, ser� domar o instinto de criar problemas. Bolsonaro sabe que a� mora o seu grande ponto fraco. (IS)
