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Estado de Minas POL�TICA

Militares d�o sobrevida � TV do governo federal


postado em 22/12/2019 15:00

Os militares buscam dinheiro privado para manter as atividades da TV p�blica do governo federal. Condenada pelos bolsonaristas na campanha eleitoral de 2018 e no come�o da atual gest�o, a Empresa Brasil de Comunica��o (EBC) ainda provoca disputa no Pal�cio do Planalto. A equipe do secret�rio de Comunica��o, F�bio Wajngarten, e o grupo do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) n�o desistiram de extinguir o sistema de emissoras de r�dio e TV. O presidente Jair Bolsonaro chancelou, no entanto, a proposta dos ministros generais de alavancar a EBC por meio do Programa de Parceria de Investimentos (PPI). A estrat�gia facilita a entrada de recursos externos e d� uma sobrevida � companhia.

No �ltimo dia 12, o Di�rio Oficial publicou a resolu��o que permite a integra��o da EBC ao PPI. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES) ser� o respons�vel por um estudo, com prazo de at� um ano, para avaliar a proposta. Um comit� interministerial, integrado pela Secretaria de Governo da Presid�ncia, Casa Civil e Minist�rio da Economia, ser� criado para acompanhar e opinar sobre o neg�cio.

Em maio, a ala civil do governo p�s em pr�tica o plano de acabar com a EBC. O pr�prio Bolsonaro chegou a dizer, em entrevista, que a empresa "n�o serve para nada". "Tem que extinguir aquilo l�", afirmou. Os militares, por�m, entraram em a��o com palavras que soaram como m�sica para quem foi formado na caserna. O argumento usado por eles foi o de que a empresa, embora pesada, � "estrat�gica" e ajuda na "seguran�a nacional". Mesmo assim, a tesourada no or�amento da emissora chegou a 18%: passou de R$ 614 milh�es neste ano para R$ 504 milh�es em 2020.

A extin��o da EBC une divergentes. Carlos Bolsonaro, por exemplo, � um cr�tico mordaz do trabalho de F�bio Wajngarten. Na quinta-feira passada, o vereador usou o Twitter para dizer que a comunica��o do governo � "uma bela porcaria". O secret�rio n�o respondeu.

Os militares convenceram Bolsonaro a levar um novo plano de gest�o da empresa. A ideia � que ela vire uma esp�cie de "BBC brasileira", que receberia capital privado, mas seria controlada pelo governo. Por ironia, quando Luiz In�cio Lula da Silva era presidente, os petistas tamb�m disseram que transformariam a EBC na British Broadcasting Corporation, o complexo brit�nico de r�dios, TVs e ag�ncias, fundado em 1922, em Londres, custeado por recursos p�blicos, privados e uma taxa de licen�a a todas as resid�ncias com televisores na Inglaterra.

�Joia rara�. Em novembro, o general Luiz Carlos Pereira Gomes, presidente da EBC, lan�ou uma nova identidade visual da empresa para, segundo ele, alcan�ar modernidade, efici�ncia, sustenta��o econ�mica e financeira. Mudou a logomarca azul, herdada de governos do PT, para uma verde e amarela. H� uma alus�o ao mapa do Brasil, com a uni�o de seus pontos extremos.

O ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, tamb�m indicou que a EBC - subordinada � pasta comandada por ele - n�o � mais um patinho feio para o Planalto. "Sei dessa joia rara que � a Empresa Brasil de Comunica��o, que n�s todos amamos."

O general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ent�o ministro da Secretaria de Governo, foi o primeiro integrante da equipe de Bolsonaro a fazer uma radiografia da EBC. Embora tenha prosseguido com o enxugamento iniciado na gest�o de Michel Temer, ele se posicionou contra a extin��o do grupo de comunica��o. Observou que, naquele momento - com a maioria dos funcion�rios concursados -, a empresa tinha gasto R$ 70 milh�es em equipamentos e tomava medidas de melhoria de gest�o. Santos Cruz foi demitido em junho.

A EBC come�ou a ser chamada de "TV do Lula" em 2007, quando sofreu uma reformula��o. Aposentou o nome de Radiobr�s e passou a funcionar no subsolo de um shopping, at� ent�o decadente, de Bras�lia. O valor anual do aluguel de 2019 � de R$ 7,8 milh�es. O contrato vai at� o fim do pr�ximo ano.

De 1.600 funcion�rios, a EBC pulou para 2.600 no fim do governo Dilma Rousseff. A empresa tinha despesa de R$ 200 milh�es por ano e passou a gastar mais de R$ 500 milh�es. Temer reduziu o n�mero de funcion�rios para 1980. Hoje, 1.882 trabalham na EBC, de acordo com a empresa.

O plano audacioso n�o garantiu nem mesmo que o canal da TV Brasil chegasse a meio ponto de audi�ncia e um ponto de share (porcentual de aparelhos ligados no hor�rio de exibi��o do programa). A EBC est� em s�timo lugar entre as emissoras abertas, atr�s da TV Cultura, do governo paulista.

Ditadura expandiu r�dios na Amaz�nia

Embora tenha adotado o sistema de microondas e torres da Embratel, nos anos 1970 - medida que possibilitou a expans�o do sinal da TV no Pa�s -, a ditadura militar optou por investir em r�dio na Amaz�nia. Era �poca de guerrilhas rurais, que ouviam nos rinc�es da floresta a frequ�ncia de r�dios comunistas de Havana e do Leste Europeu. Foi nesse per�odo que a ent�o Radiobr�s ganhou import�ncia, sendo considerada uma empresa estrat�gica.

Foram inauguradas 12 emissoras de r�dios, al�m de algumas TVs, em cidades da fronteira e nas capitais da Amaz�nia Legal. A principal emissora do grupo era a R�dio Nacional da Amaz�nia, que transmitia por ondas curtas e passou a entrar em cidades remotas.

A TV do "Brasil Grande" - como ficou conhecida a pol�tica desenvolvimentista instalada pelo governo militar - n�o passa, atualmente, de "TV Tra�o", segundo os cr�ticos, que apontam a baixa audi�ncia dos programas. Para um grupo pol�tico que ganhou a elei��o presidencial de 2018 erguendo uma rede na internet de propaga��o de mensagens e v�deos de Jair Bolsonaro, a estrutura da EBC � um mastodonte. Os militares, por sua vez, dizem que n�o � poss�vel manter um governo, pelo menos em boa parte do territ�rio nacional, s� com um celular na m�o e um sinal de internet.

Os generais observam que a audi�ncia dos produtos da EBC n�o � nominal, mas multiplicada pelas emissoras, portais, jornais e todos os segmentos da m�dia, que replicam o seu conte�do.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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